22 de Setembro de 2017 – 22 de Setembro
de 2018
NESTA DATA: TUDO COMO DANTES,
QUARTEL-GENERAL EM ABRANTES.
(Brasilino Godinho
recorda o seu texto de Setembro de 2017)
ENVELHECIMENTO
No imediato devo realçar as
conclusões do encontro que ocorreu a 21 e 22 de Setembro de 2017, em Lisboa,
promovido por um organismo da ONU e organizado sob a orientação do ministro
Vieira da Silva. Elas suscitam a minha plena concordância. Resta conhecer a
forma, os instrumentos e a temporalidade, como serão aplicadas a partir de
agora.
Transcrevo:
“Os países da Comissão Económica
das Nações Unidas para a Europa (UNECE) comprometem-se a desenvolver
estratégias que valorizem a experiência das pessoas mais velhas e a
promover esquemas flexíveis de reforma que lhes permitam permanecer mais tempo
no mercado de trabalho. Este é um dos objectivos assumidos na Declaração de
Lisboa adoptada a 22 de Setembro de 2017, durante a conferência da UNECE para
discutir o envelhecimento activo.
O documento adoptado em Lisboa
por mais de 50 países estabelece as prioridades que devem ser tidas em conta ao
longo dos próximos cinco anos (…)”.
“Um dos pontos inovadores do
documento passa por reconhecer que há uma relação entre o envelhecimento da
população e o desenvolvimento económico, social e ambiental. E é com base
nesse pressuposto que se desdobram os compromissos assumidos em três áreas
fundamentais: reconhecer o potencial das pessoas mais velhas, incentivar a
sua permanência no mercado de trabalho e assegurar o envelhecimento com dignidade”.
De destacar a afirmação do
ministro português Vieira da Silva: “A integração das pessoas menos jovens
deixou de ser apenas um objectivo político ou um imperativo de realização dos
direitos humanos, passou a ser uma necessidade da nossa economia”.
“Olga Algayerova, secretária
executiva da UNECE, destacou a importância da Declaração de Lisboa, que «reforça
o incentivo de ter todas as gerações a contribuir activamente na sociedade e
para a sociedade».
Além disso, acrescentou, o
documento «afirma a necessidade de salvaguardar os direitos da pessoa
idosa”.
Comentário de Brasilino Godinho:
Apesar de os idosos não terem,
nessa condição, participado no evento, congratulo-me com as conclusões expostas
na Declaração de Lisboa, aqui focada.
Quem tem lido regularmente e com
atenção as minhas crónicas, ao longo dos anos, aperceber-se-á que tais
proposições finais do encontro da UNECE correspondem inteiramente a tudo aquilo
que venho defendendo em prol da causa dos idosos e em que evidencio a suprema
conveniência e grande utilidade pública das suas experiências de vida, das suas
competências e, por vezes, dos seus invulgares saberes e em se admitir e
valorizar as suas participações no normal fluir e regular desenvolvimento da
sociedade.
Hoje, 22 de
Setembro de 2018, a um ano da DECLARAÇÃO
DE LISBOA, sobre os direitos dos idosos, importa destacar as medidas que o
Governo terá estabelecido em consonância e com acatamento dos termos de tal DECLARAÇÃO
efectuada sob a égide da ONU. Quais?
De facto, segundo as inexistentes
crónicas, não terá tomado nenhuma iniciativa. Todavia, o Governo, pouco tempo
após a data da assinatura (a 22 de Setembro de 2017) do referido documento, teve
um expediente oportunista e inconsequente, que implicou o percurso de um
extenso distanciamento geográfico entre dois continentes e a utilização de uma
aeronave na ida e no retorno, por parte de um governante mandatado para fazer
um qualquer brilharete na ONU. À custa do Zé-Povinho o ministro Vieira da Silva
deslocou-se a Nova Iorque, onde terá visitado a sede da ONU. O leitor, curioso,
perguntará: o que o ministro Vieira da Silva foi lá fazer? Mistério, ainda por
desvendar. Talvez cumprimentar o correligionário António Guterres, oferecer-lhe
uns pastéis de Belém e dar-lhe umas palmadinhas nas costas com jeito e meiguice
para não o magoar… Todavia, fará sentido que uma delegação de contribuintes
portugueses, agastados com tantos despesismos, em viagens pela estranja, das
criaturas políticas contagiadas pelo vírus turístico, se disponha a ir ao
encontro do senhor ministro e formando um conjunto afinado e harmonioso lhe cante:
«Foste ao jardim da Celeste, giró-flé, giró-flá..
O que foste lá fazer? giró-flé, giró-flá.
O que foste lá fazer? giro-flé-flé-flá.
Fui lá buscar uma rosa, giró-flé, giró-flá.
Fui lá buscar uma rosa, giró-flé-flé-flá.
Para quem é essa rosa? giró-flé, giró-flá.
Para quem é essa rosa? giró-flé-flé-flá.»
Nesta altura, não se faz ideia para quem foi a rosa que o ministro terá trazido da viagem ao Jardim da Celeste, à beira-ONU plantado…
O que foste lá fazer? giró-flé, giró-flá.
O que foste lá fazer? giro-flé-flé-flá.
Fui lá buscar uma rosa, giró-flé, giró-flá.
Fui lá buscar uma rosa, giró-flé-flé-flá.
Para quem é essa rosa? giró-flé, giró-flá.
Para quem é essa rosa? giró-flé-flé-flá.»
Nesta altura, não se faz ideia para quem foi a rosa que o ministro terá trazido da viagem ao Jardim da Celeste, à beira-ONU plantado…
É de prever que o senhor ministro
fique encantado com esta cantoria muito em voga no século XX; visto que os
políticos que temos abancados à mesa do Orçamento, muito se divertem com o
cancioneiro infantil, o folclore saloio da alfacinha capital portuguesa e se
regalam a ver as magníficas panorâmicas quando, repimpadamente, sentados junto
às janelas dos aviões de carreiras internacionais. Nalguns casos (tipo Paulo Portas),
exibicionistas compulsivos, dando a impressão de que desejam tornarem-se
milionários do ar…
Uma certeza é de reter: em
Portugal e da Declaração de Lisboa, sobre o envelhecimento activo, dir-se-á que
é uma mão-cheia de coisa nenhuma. Por obra e (des)graça dos governantes e dos
políticos abrigados no Palácio de S. Bento, em Lisboa.
Outrossim, a fixar é que “o imperativo da realização dos direitos
humanos” de que falava o ministro Vieira da Silva, no dia 22 de Setembro de
2017, terá sido apanhado à má-fé por uma corrente de ar que o arrastou para as assustadoras
profundezas da Boca do Inferno, em Cascais. Os resultados apercebem-se: de mau
agoiro para os idosos, professores, médicos, enfermeiros, taxistas,
indiferenciados indígenas, pessoas sem abrigo; de indisfarçável aprazimento do
pessoal político que, em Lisboa bem trata da vida – boa cama, melhor comida, participação
em excitantes espectáculos no plateau
de palaciana arquitectura e figuração divertida nas frequentes paradas de
múltiplas paródias que ocorrem em redor do circo político…
Fim
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