A CRIATURA
GOVERNO ESTÁ GRÁVIDA
E VAI PARIR UM
ORÇAMENTO AMORFO
Brasilino Godinho
Tal como ocasionalmente acontece com uma fêmea,
também a pessoa colectiva designada com nome macho - Governo – engravidou recentemente.
E o ente que detém no seu bojudo ventre, obviamente que se encontra em fase de gestação.
E está programado que daqui a mês e meio a criatura governamental vá parir na
Maternidade Assembleia da República o ser, que não cristalino na sua estrutura,
já está baptizado com o fatídico nome de Orçamento (do Estado de desgraça em
que Portugal se encontra). Fazem-se as últimas análises, observam-se a olho nu
as imagens do feto e começaram os preparativos do antevisto complicado parto.
Consta que tais esforçados trabalhos ocorrem na ampla sala palaciana onde o ser
materno dará à luz o pequenote. É plausível que tal esteja a acontecer,
porquanto se antevê um difícil parto. Até porque, segundo o que transparece
para o público, o ser concebido apresenta alguns vícios de conformação anatómica
que inquietam a família da progenitora. Pior é que, para os rostos pálidos que
anseiam por contemplarem o recém-nascido e nele verem configurados um bom
relacionamento e amizade com ele já crescido e em fase de adulto atencioso,
amigo leal, e de válidos préstimos, há a desesperança que isto não aconteça,
por nele serem já denotadas certas anomalias de natureza congénita, de mau
presságio. Chega a admitir-se no seio da sociedade indígena que coisas tão
esquisitas sejam um prenúncio de que daqui a semanas sucumba de coma diabético.
Assim se frustrando quantos nele viam como que uma tábua de salvação ou
indicação redentora de ligeiríssima penitência cívica.
Quando afirmo que feita a ecografia ao ser gerado na
barriga da governamental figura, já baptizado com o nome de Orçamento, se
apercebe a sua má conformação genética; quero dizer que não tem forma
determinada e que terá as características de ser apático face ao meio ambiente
e se apresentará como pateta alegre, indiferente, quiçá mesmo hostil, para com
o tecido social do mundo português.
Portanto, todos ficaremos cientes de que a mãe de
família, denominada Governo da República, usando e abusando do novel filho
Orçamento, irá portar-se como madrasta dos cidadãos idosos; dado que ele não
vem possuído das instruções atinentes ao cumprimento das medidas impostas pela
Declaração de Lisboa, de 22 de Setembro de 2017. Importa realçar que declaração
elaborada sob a égide e inspiração da ONU.
A madre governo português comprometeu-se a cumprir
as seguintes determinações:
- “VALORIZAR A EXPERIÊNCIA DAS PESSOAS MAIS VELHAS E A PROMOVER
ESQUEMAS FLEXÍVEIS DE REFORMA QUE LHES PERMITAM PERMANECER MAIS TEMPO NO
MERCADO DE TRABALHO”.
- “ RECONHECER QUE HÁ UMA RELAÇÃO ENTRE O ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO
E O DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO, SOCIAL E AMBIENTAL”.
- “ASSUMIR O COMPROMISSO DE RECONHECER O POTENCIAL DAS PESSOAS MAIS
VELHAS”.
- “INCENTIVAR A PARTICIPAÇÃO DOS IDOSOS NO MERCADO DE TRABALHO”.
- “PROVIDENCIAR MEDIDAS TENDENTES A ASSEGURAR O ENVELHECIMENTO COM
DIGNIDADE”.
- CONSIDERAR QUE A “INTEGRAÇÃO
DAS PESSOAS MENOS JOVENS DEIXOU DE SER APENAS UM OBJECTIVO POLÍTICO OU UM
IMPERATIVO DE REALIZAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS, PASSOU A SER UMA NECESSIDADE DA
NOSSA ECONOMIA”.
- “TORNAR MAIS ATRACTIVO QUE REFORMADOS POSSAM DAR FORMAÇÃO”.
O não cumprimento de uma
directiva internacional, redigida e aprovada em Lisboa, é uma incrível atitude
do governo, lesiva do bom nome da nação portuguesa e da dignidade de Portugal.
Ela constitui uma vergonha para todos os portugueses que prezam valores básicos
e estruturantes da cidadania e um descrédito para o País.
Pelo que concluo que o Orçamento não sendo ainda
nascido, já carrega a maldição de milhões de adultos e reformados de Portugal.
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