CRENÇA E ILUSÃO DO CHEFE
DO GOVERNO
ELE CONTA COM O OVO
NO CU DA GALINHA
TODAVIA OS JOVENS NÃO
CONTAM
COM O CU DA GALINHA NO
OVO…
Brasilino Godinho
É impressão generalizada que o
chefe do governo anda bastante preocupado com a gravidez do Orçamento, sendo de admitir que esteja confuso e com as
ideias em turbilhão na sua mente assaz sobressaltada.
Talvez por isso, o governante deu
informação pública da sua crença de um ovo no cu da ignota galinha que associou
às suas faculdades de alma. Ou seja: como se fossem favas contadas, disse - em data recente - que havia condições para
os jovens emigrantes poderem regressar. E até lhes acenou que, magnânimo, o
Fisco lhes concederia desconto de 50% no IRS.
Mas acontece que a galinha anda
perdida por aí. E o ovo, que seria o imprescindível emprego, não estaria ao
alcance do emigrante que se aventurasse a regressar à Pátria; a qual, continua
sendo sua madrasta e reino de desemprego, de fome e de miséria, para jovens, adultos
e idosos. Enquanto isso, é território aprazível de malfeitores e corruptos, de
gente egoísta e exploradora, poderosa e riquíssima, auferindo mensalmente e
anualmente fabulosas fortunas. O que é inconcebível numa nação que é das mais
pobres da Europa. Verdade que em Portugal sucumbiram a decência, a vergonha e a
seriedade no seio da sociedade mais enriquecida de meios materiais.
O que quer dizer que os nossos
jovens não contam com o hipotético ovo (emprego e bem-estar) em Portugal. Daí,
eles, desde logo, não considerarem realista a ideia do cu da galinha
aconchegado no ovo. Até porque para existir ovo terá que haver galinha.
Ora, sabe-se que as galinhas
desapareceram do mercado; nem já se encontram as de aviário.
Não obstante, por paradoxal que
pareça, existem em locais de especial configuração territorial, algumas
galinhas poedeiras de ovos de ouro: os quais são recolhidos por gente
privilegiada que, enquanto o Diabo esfrega um olho, agrega milhões de euros por
ano (como cantava o Zeca Afonso: eles comem tudo e não deixam nada).
Porém, esses ovos de ouro são
sempre guardados em cofre-forte e não se antevê que sejam repartidos por tantos
jovens à procura de emprego. Pelo que, sem condições de remuneração justa, sem
emprego assegurado de antemão, sem confiança na hipótese de depararem em
Portugal com o ovo no cu da galinha ou com o cu da galinha no ansiado ovo, bem
pode o chefe do governo arranjar alternativa, verdadeiramente aliciante e consistente
para cativar as juventudes residente e aquela que foi forçada a emigrar como
condição de sobrevivência e para viver com dignidade e qualidade de vida.
Entretanto, esforce-se o governo
para que a malta possa dar-se conhecimento de que o cu da sua galinha adoptiva
e de soberana estimação assente no famigerado ovo que, por muito desejável,
deve ser dourado…
Visto que de ouro não será nunca;
uma vez que o ouro é prerrogativa de indivíduos altamente especializados em
sacar o máximo do Estado e das maiores empresas…
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