22.
APONTAMENTO DE
BRASILINO
GODINHO
13 de
Novembro de 2017
ESTA É A DESDITOSA PÁTRIA
PLANTADA À BEIRA OCEANO
DA DESGRAÇEIRA NACIONAL
O jornal Público, edição de hoje, em notícia de primeira página, informa os
leitores que a polícia judiciária apurou que havia uma rede que há 8 anos vinha
roubando nas messes da força aérea e que nela estavam envolvidas altas
patentes, incluindo um general. Pormenor importante é a referência de que os
roubos eram do conhecimento da hierarquia militar.
Se infelizmente já nada nos
surpreende neste país, muito menos, neste específico caso, terei ficado de cara
à banda.
É que os roubos nas messes têm
uma grande tradição que já remonta à outra senhora
de que Salazar era mentor.
Quem não se lembra do capitão que
na Guiné foi um valentão explorador dos fornecimentos e desvios de produtos
alimentares das messes e que, posteriormente, na era democrática, ascendeu à
patente de major, por extraordinários méritos negociais revertidos em proveito
próprio.
Recordo-me de que nos anos
sessenta do século XX, não sendo militar, mas por aquilo que ia observando,
radicou-se no meu espírito a convicção de que a prática dos roubos nas messes
era coisa assente e próspera, que até dava um pouco nas vistas, mas com
indiferença admitida como coisa normal.
A juntar a isto que é algo
escabroso, temos de trazer à colação a história muitíssimo mal contada dos
submarinos do tempo de Paulo Portas, os desvios monetários de Salgado do BES;
os quais o Mafarrico encaminhou para as profundezas daquele Inferno que se terá
perdido no espaço interstelar de longínquas galáxias. Por tão longínquo destino
e malvadeza bancária, marca BES, os espoliados nem já podem esperar um piedoso
responso de clérigo da nossa melhor ou mais conceituada clerezia, compadecido
das suas desgraças.
Outrossim, das desgraças
nacionais, agora esquecidas, deve merecer realce: precisamente, aquele feito
inolvidável dos deputados que, destravados, intrépidos, obsessivos e
inconseguidos (como diria a sorridente, literata conseguida da alta escola
arrelvada, Assunção Esteves, do alto trono presidencial da Assembleia da
República), deram várias e arriscadas incursões e viagens turísticas a vários
países em diversos continentes, a desembaraçadas expensas do Erário, cobrando
ajudas de custo e subsídios de marcha sem saírem de Lisboa – o que se creditou
como feitos notáveis marcados a letras de oiro nos anais do Palácio de S.
Bento.
Observação final: Sendo tamanhos
os gastos e os desvios das massas a flutuarem no oceano das corrupções, dos
roubos e dos despesismos, percam-se as veleidades de erguer Portugal a um lugar
cimeiro do mundo civilizado. Lugar decorrente e em conjunção, da dignidade, da
grandeza moral, do desenvolvimento social do povo e do engrandecimento da
Pátria.
Por enquanto, haja consciência de
que esta é a desditosa Pátria em que prevalece a desonra do País, o infortúnio
do Povo, a inoperância da Justiça, a incapacidade dos políticos, os desvarios e
incompetências dos governantes, a libertinagem de certa padralhada e o submundo
de exploradores, ladrões de colarinho branco, traficantes e criminosos de delito
comum; malfeitores, uns e outros, por vezes protegidos pelo tribunais.
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