Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

sexta-feira, janeiro 08, 2016



A PARÓDIA DA PARADA DE MARIAZINHA

Brasilino Godinho
07-12-2016

Nas últimas semanas muito escrevi sobre a PARADA DA PARÓDIA MARCELINA, que está em curso.

Hoje, no presente acto de escrita, mal parecia que me alheasse da PARÓDIA DA PARADA DE MARIAZINHA.
Este divertimento eleitoral é um misto de folclore político, de desporto eleitoral e de arte poética.
Deixo de lado as partes folclórica e desporto eleitoral, que integram a PARÓDIA DA PARADA DE MARIAZINHA, que são triviais, desinteressantes e nem despertam curiosidade, para fixar atenção sobre a componente artística que sobressai no divertimento eleitoral com que a malta indígena se vai entretendo…
Diga-se que componente artística onde assenta, como arrendada luva branca na delicada mão de Mariazinha de Belém, um mérito artístico que cabe por inteiro ao poeta Manuel; que sendo cidadão triste por suposto feitio e hirta presença, é Alegre por condição identitária.
A Mariazinha de Belém, para além de breves, brilhantes, intervenções na paródia da parada aqui focada, em que vai, com zelo e determinação invulgares, protestando a sua virgindade política no que concerne a matérias várias de presidenciais representações e noutras indeterminadas suposições e imprecisas articulações, por mais abstractas ou convencionais que hajam espaços de escrutínio nas cachimónias dos indígenas afectos às direitas e desafectos às esquerdas e vice-versa; limita-se a marcar, obstinadamente, presença e exuberância de riso, que mais realça e valoriza com habilidosos movimentos de mãos, conforme mostra a fotografia abaixo inserida.
O vate aguedense andou mutos anos a declamar a ‘TROVA DO VENTO QUE PASSA’ .
Mas há semanas o poeta Manuel terá sido apanhado em contramão nas lisboetas Avenidas Novas por fãs (termo da moda) da Mariazinha e convencido, a título de reconhecimento por antiga amizade cultivada no Largo do Rato, em Lisboa e moderna deferência de âmbito eleitoral, a ser emblemática figura tutelar da Mariazinha de Belém, enquanto esta atleta do desporto político, actualmente inscrita na modalidade de atletismo eleitoral, prosseguir em prova.
Tratou-se de investidura numa complicada função e que levou Manuel Alegre, que tão habituado estava a declamar a ‘TROVA DO VENTO QUE PASSA’, a ver-se constrangido, a recitar com aquelo seu característico vozeirão a TROVA DO VENTO QUE NÃO PASSA PELA BELÉM DA MARIAZINHA (quem diria que este desacerto da natureza naturada logo havia de acontecer com a Mariazinha…) enquanto percorre as ruelas das velhas Alfamas, Mourarias e Bairros Altos, da alfacinha cidade à beira-Tejo plantada, razoavelmente integrado na PARÓDIA DA PARADA DE MARIAZINHA. Com uma vantagem de Manuel Alegre, não despicienda: Até ao dia de hoje, ainda não suscitou qualquer reclamação por mau ou deficiente desempenho do lugar que lhe destinaram na já famosa PARÓDIA DA PARADA DE MARIAZINHA – uma façanha que o credita como um grande artista bastante representativo em sede de paródias e de paradas…
Todavia, não custa pressentir que:
- Poeta Alegre, triste (embora às vezes esboce um sorriso forçado de disfarce para o boneco fotográfico), sofre!...
- Atleta Mariazinha, risonha, festeja-se…
Na circunstância, a certeza: não faltará algum fadista que, desvairado e irrompendo de uma mal-assombrada esquina, grite para o empregado de tasca da vizinhança: Saiam umas ginjinhas, para animar a malta!
Entretanto, como se o grupo acompanhante do poeta Alegre e da atleta Mariazinha estivesse no Minho, alguém em tom imperativo lança o brado: SIGA A RUSGA!
Por certo, a rusga seguiu. Porém, foi tristíssimo abuso de linguagem e desatenção imperdoável. Devia ter gritado: Siga a paródia! Ou mais precisa e reverentemente: Siga a PARÓDIA DA PARADA DE MARIAZINHA!
Talvez até que, por feliz acaso de encontro, com imprevisto acompanhamento de Marcelo e de sua trupe alaranjada, cantando a célebre canção: 

Lá vamos, cantando e rindo (sublinhado aqui, significativamente, acrescentado ao original)
Levados, levados, sim
Pela voz de som tremendo 
(voz de Manuel Alegre)
Das tubas, clamor sem fim.

Lá vamos, que o sonho é lindo!
Torres e torres erguendo.
Rasgões, clareiras, abrindo!

Tronco em flor estende os ramos
Ao Marcelo e à Mariazinha
Que passam curtindo…

Nestes dois últimos versos o regente de coro trocou Mocidade por Marcelo e Mariazinha e acrescentou curtindo.
Visto, lido e respigado: fez, faz e fará sentido…

Meu registo:
Facto insólito e indício de iliteracia cultural, o de ninguém se ter apercebido que Marcelo e seu grupo cantavam o hino da Mocidade Portuguesa, dos tempos do jovem Marcelo… do Estado Novo de António Oliveira Salazar e do Estado velho e carunchoso herdado por Marcelo Alves Caetano.