Apelo
Brasilino Godinho
04-01-2016
A
quem de direito solicita-se que encerre o processo eleitoral em curso.
Marcelo
Rebelo de Sousa no recente debate com Henrique Neto deu uma informação que
alterou por completo o quadro eleitoral; visto que a concretizou com aquele
engenho e arte muito subtis que são a sua coroa de glória mundana e lhe facilitam
a exposição política do profundo agrado das hostes do PSD e CDS. E, com uma
importante consequência: de uma simples penada, transfigurou a competição
eleitoral num concurso de currículos profissionais.
Não
obstante tanta eficácia de repentinos efeitos, desta vez Marcelo foi
desinfeliz. Pois que o tiro lhe saiu pela culatra. Azar de Marcel!
A
coisa passou-se assim:
Decorria
o debate e às tantas Marcelo dispara o altissonante tiro (dir-se-ia de pólvora
seca): “Eu leccionei 25000 alunos”.
Silêncio
e estupefacção no estúdio. Neto, espantado, até arregalou os olhos. Foram
momentos impressionantes.
Ao
lado, alguém não contendo o entusiasmo, gritou:
Ena!
Temos presidente, Marcelo!
Apesar
de quedado no meu cantinho, de imediato, como que impelido por uma invisível
mas potente mola, ergui-me e para quem me acompanhava, contrapus: Olhe que não!
Olhe que não! (Sem me aperceber que estava plagiando alguém (Álvaro Cunhal no
frente-a-frente televisivo de 1975 com Mário Soares).
Aqui
e agora chegada a oportunidade para expor o fundamento da minha negativa à
aceitação do crédito da docência do professor Marcelo Rebelo de Sousa.
É
que há a presunção que anda por aí ignorado, sem se pavonear e remetido a uma
invulgar condição de humildade, um distinto estomatologista que já deu mais de
25000 consultas da sua especialidade e efectuou milhentas extracções de dentes;
o qual, com tão prestimosas actuações terá contribuído para a melhoria da
qualidade de vida de cada cliente beneficiário da sua proficiência e destreza
profissional.
Com
tão preenchido e mui válido currículo esse médico será o justo vencedor do
concurso profissional que, segundo indução de Marcelo, será de habilitação ao
alto cargo de presidente da República.
Portanto,
não há outra alternativa que não seja empossar o anónimo e competente dentista,
como insuperável sucessor de Cavaco Silva.
Daí
- encontrado o homem certo para o exercício do alto cargo presidencial - o
apelo para se encerrar o processo eleitoral e anular o correlativo acto de 24
deste mês, poupando-se o Erário, do pelintra Estado, que tão desfalcado se
encontra no tempo presente.
Certamente,
que este desfecho da narrativa eleitoral de Janeiro de 2016 será uma desilusão
para Marcelo. Só que ele deveria saber que ‘quem
semeia ventos, colhe tempestades’.
E
se está chegando a decisiva hora de resolução de toda esta trapalhada eleitoral,
pensemos no adeus a Marcelo Rebelo de Sousa.
Então,
concretizada a tomada de posse do novo Presidente da República, cantemos
vibrantemente e com muita alegria até a garganta nos doer e como se estivéssemos
festejando na cidade-mater da cultura lusitana:
Na hora de despedida, Marcelo tem mais
encanto…
E
acenando-lhe com lenços de cor laranja e pintas azuis:
Au revoir, Marcelo!
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