PORTUGAL NO ABISMO
É refém do teatro/circo político,
das irrevogáveis universidades,
do fantasioso discurso do Chefe,
da pobreza da Nação,
da falta de liberdade.
Foto: dn.pt
Passos Coelho: Não entrou mosca! Saiu
asneira! Entrou cisco no olho esquerdo que me alterou a visão das coisas… e me
leva a fixar-me em tudo aquilo que, providencialmente, está à minha direita.
Brasilino
Godinho
(30
de Agosto de 2015)
01. A primeira transmissão de uma peça de teatro, que se efectuou em
Portugal, aconteceu em Fevereiro de 1930 através da Rádio.
O
teatro radiofónico em Portugal teve o seu apogeu nos anos quarenta do século
passado. Que o digam actores ainda vivos como Carmen Dolores, Ruy de Carvalho e
Camilo de Oliveira.
Veio
a seguir, nos anos sessenta, o teatro televisivo que tinha grandes audiências,
certamente devidas a grande qualidade: quer das peças; quer dos actores
intervenientes.
Na
época actual teve início e grande desenvolvimento o teatro/circo político -
agora, prevalecendo o obsceno figurino coligativo - que está em contínuo funcionamento
em Lisboa e arredores e que tem excessiva projecção mediática que lhe é
facultada pelas televisões.
Por
vezes, as sessões de tão incrível espectacularidade ocorrem em várias
localidades, além capital saloia: Lisboa.
Trata-se
de um teatro burlesco, melodramático que se caracteriza por ser composição de
má qualidade: não só quanto aos temas das peças; como no que concerne á
confrangedora qualidade artística dos actores que nelas participam.
Poderá
dizer-se que os espectáculos desta nova modalidade teatral têm sempre um
público tipificado nas claques de apoio e nos indígenas que, habitualmente,
parecem afectados por problemas de Alzheimer, visto que perdem a memória dos
elementos reais que estão associados à temática fictícia em que, geralmente,
assentam as peças representadas.
02. Isto anotado para aludir à
impressão que me deixou a teatral cena da discursata de Pedro Passos Coelho,
hoje efectuada em Castelo de Vide, à hora de almoço, transmitida pela SIC
Notícias.
Antes
de mais considerações há que fixar atenção à designação do ridículo teatro de experimental
tom e som alaranjados: Universidade de Verão, do PSD.
Uma
nota de referência também a reter: a rapaziada da JOTA do PSD tem uma especial
apetência pelas universidades. Já não lhe basta as universidades modernas que tão prestimosas e compinchas se mostram
em fornecer licenciaturas arrelvadas.
Outro
aspecto a focar: Há anos que o aparelho do PSD criou a Universidade de Verão. Aguarda-se, com curiosidade, o surgimento das
licenciaturas concedidas por esta universidade
sazonal. Provavelmente, estão na calha as criações da soturna Universidade de
Inverno, da amorfa Universidade de Outono e da brejeira Universidade da
Primavera. Sem se esquecerem que também falta criar a fantástica Universidade
Social-Democrática Pedro Passos Coelho em Lisboa e a extraordinária
Universidade Cavaco Silva em terras algarvias.
Enquanto
isso não sucede as meninas e os meninos das jotas do PSD e do CDS/PP,
contentam-se com as magníficas credenciais das presenças no repetitivo espectáculo
de Castelo de Vide que os habilitam a integrar, a breves prazos, altos postos
especializados nos ministérios e nos quadros dos respectivos partidos.
De
pequenino se torce o pepino e se preparam os altos voos para quem,
comprovadamente, tem vocação de pára-quedista e inequívoca devoção
clubista/partidária aos partidos da famigerada coligação do sector mais
conservador da sociedade portuguesa.
Diga-se
que apropriadamente, o espectáculo de Castelo de Vide incentiva o surgimento de
tão auspiciosas vocações artísticas do teatro/circo político de Portugal. - o
que lhes é sobejamente facilitado pelos exemplos e contribuições dos seleccionados,
grandes artistas/professores que vão palestrando ao longo das sucessivas
sessões do patético teatro que naquela terra alentejana é exibido anualmente na
época estival.
Particularidade
nem menos interessante é a presumida circunstância da camada jovem que acorre
ao acontecimento de Castelo de Vide estar ciente de ser viçosa; por que na enternecedora
condição de inexperiente… - o que, convenhamos, é indício de que bastantes proveitos individuais serão
facilmente acolhidos no seu desocupado seio. Está bem visto! E do melhor espalhafato
concretizado…
03. Pois enquanto almoçava frente ao aparelho da televisão fui
acompanhando a transmissão da longa e fastidiosa discursata, de nulo valor
assertivo, de Pedro Passos Coelho. E nulo por ser da autoria de tão desacreditado
personagem político.
Tive
de socorrer-me de todas as minhas reservas de paciência para assistir a todo
aquele rosário de apreciações desajustadas da realidade do país e de vãs promessas
de um próspero e idílico futuro para a atormentada população portuguesa que
tanto tem sofrido por força das políticas destrutivas do governante Pedro
Passos Coelho.
Há
muito que Passos Coelho vem fazendo uso da mentira como forma de exercer o
Poder. Em tal domínio, possui a enorme potencialidade adstrita à credencial de
mentiroso que lhe é generosamente concedida.
Com
pesar interrogo-me: como é possível
que, em Portugal, haja alguém que não fazendo parte do núcleo dos amigos e
confrades de Passos Coelho e que possua uma razoável capacidade de
discernimento, acredite nas patacoadas que ele vai lançando às plateias que,
fanaticamente, o aplaudem?
Claro
que sabemos que as mentiras à força de serem repetidas acabam por ser aceites
como verdades, pela maioria dos indivíduos desatentos ou algo deficitários de
entendimento.
Registe-se
que Passos Coelho e seus apaniguados jogam com os analfabetismos primário e
funcional e a iliteracia cultural do povo português.
Quem
durante os últimos quatro anos inúmeras promessas fez e não as cumpriu
(geralmente, fazendo o contrário); quem tanto tem mentido; quem tanto maltratou
inúmeros portugueses; quem tanto tem destruído o tecido socioeconómico; quem
tanto desprezou e achincalhou funcionários públicos, idosos, e reformados
(estes últimos classificados como peste grisalha); como pode, agora, ter a lata
de vir intrujá-los prometendo outro melhor mundo de atenções e de benefícios? O
que, indecentemente, faz em vésperas de eleições, para captar votos.
Mais:
Pedro Passos Coelho andou quatro anos a provocar as maiores desigualdades
sociais e na actual época eleitoral vem dizer que as vai combater, se ganhar as
eleições do p.f. 4 de Outubro.
Pergunto: Como podem os portugueses depositar
confiança num chefe de Governo, Passos Coelho, que a toda a hora e nos mais
diversos lugares, mente sem desfalecimento e com notória falta de pudor.
Caso
para se dizer: com passas e bolos se
enganam os tolos.
Ficou,
assim delineada, por parte de Pedro Passos Coelho, a propaganda eleitoral da
coligação: acentuar a hipotética
vertente de preocupação com a reabilitação do tecido social, ocultando os
aspectos mais escabrosos e destrutivos das políticas que vem implantando na
vigência do seu muito detestado mandato. Ele confiando na perda de memória dos
milhões de portugueses maltratados e espoliados.
Aliás,
igualmente configurado se situa o quadro que envolve a dramática situação do
país e as condicionantes das eleições.
04. A situação se evidencia na generalizada pobreza que, tendo sido
anunciada por Passos Coelho, foi, por ele, persistentemente, promovida com a
maior desumanidade.
E a
correlativa política - como temos apontado nas nossas crónicas, ao longo dos
tenebrosos quatro anos de governo Passos Coelho - não foi aplicada por mero
acaso ou impulso ocasional. Mas, sim, consequente de caso pensado.
É
que quanto mais pobre, inculto e sofrido estiver o povo mais vulnerável se
encontra face à tirania do opressor.
«A pobreza é o maior de todos os males» proclamou Salomão.
«A pobreza é a maior inimiga da
liberdade» escreveu Almeida Garrett.
Logo,
se conclui que estando a maioria da população num estado de elevado grau de
pobreza e noutro acentuado estádio de iliteracia, inúmeros portugueses não
reúnem as imprescindíveis condições de efectiva liberdade para apreenderem o
sentido da gravidade da situação que os aflige e de, conscientemente, optarem
por uma alternativa sociopolítica que, no plano eleitoral, transcenda a
parolice e a desonestidade de um discurso patético, fantasioso e ameaçador da
regular vivência da comunidade lusa.
Concluo, decerto em comunhão com o
pensamento de Almeida Garrett:
Os portugueses têm de se
consciencializar que neste entristecido Portugal, trajando fatiota da
social-democracia à moda de Passos e Portas - formatizado com repúdio do
Direito; em permanente conflito com a Constituição da República Portuguesa; e
em conjunção com os desígnios de Pedro Passos Coelho; decadente e de
generalizada pobreza; em estado de constante violação dos preceitos
humanitários e das normas democráticas - não há liberdade.
E não havendo liberdade o país sucumbe
às mãos dos opressores.
A isso estamos assistindo. Com tristeza,
muita amargura e bastante preocupação.
Nota
final:
Ainda
um reparo sobre o final da transmissão em causa: a locutora do serviço de noticiário SIC estava radiante com a conversa de Passos Coelho e o comentador
nem disfarçava a ligeireza com que, ostensivamente, dava o melhor acolhimento à
charla de Passos Coelho. Por de mais, uma e outro, se esquecendo da nula
credibilidade que suscitam as repetitivas conversas de Pedro Passos Coelho –
creditado como irrevogável mentiroso…
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