António Costa meteu
o pé na... inundação.
Ficou encharcado e
transtornado!
Brasilino Godinho
Hoje, madrugada do dia 15,
transcrevo notícia (de ontem) do Facebook:
«O presidente da
Câmara de Lisboa, António Costa, disse hoje que "não existe
solução" para as cheias na cidade, refutando as críticas dos
partidos da oposição que pedem a execução do plano de drenagem.
"O plano de
drenagem não faz desaparecer estas situações. A solução não
existe", afirmou hoje o autarca, à entrada para a assembleia
municipal, quando questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade
de ocorrência de inundações como as que se registaram na
segunda-feira e o impacto que poderá ter o plano.
Segundo o
socialista, "não haverá nenhum sistema de drenagem que
permitirá evitar situações deste género", podendo apenas
"minimizar" o problema.
António Costa
reforçou ainda que a situação verificada na segunda-feira nada
teve a ver com a falta de limpeza das sarjetas e dos sumidouros.»
Estas
declarações do presidente da Câmara Muinicipal de Lisboa
suscitam-me uma interrogação:
Quais
são os conhecimentos do Dr. António Costa, licenciado em Direito,
sobre as disciplinas de Engenharia, de Hidráulica e de Saneamento
Básico?
“A
solução não existe”? Como
assim? Com que autoridade técnica se permite o Dr. António Costa
fazer uma afirmação de tal gravidade? Espanta os cidadãos
conscientes e responsáveis a ligeireza dos políticos em darem
palpites sobre assuntos tão delicados que não dominam e que, pela
sua natureza, exigem o maior rigor e sabedoria nas respectivas
abordagens.
Considere-se
como hipótese admissível que - atendendo ao estado de negligência
na construção e conservação de redes de esgotos de águas
pluviais a que se chegou em Lisboa e na maioria dos municípios do
País - as resoluções dos problemas que existem quanto ao mau
funcionamento das redes de saneamento básico venham a ser muito
onerosas para o Erário.
Mas
importa referir que, na maioria dos casos, o problema tem a ver,
principalmente, com a elaboração do projecto de construção da
rede. Isto é: projecto é mal elaborado e os cálculos dos calibres
dos colectores são feitos deficientemente porque pouco se atendeu às
eventuais ocorrências das chuvadas críticas,
como a recente em Lisboa.
Já
no século passado se iniciou o correlativo expediente de encurtar os
diâmetros dos colectores por evocadas razões de economia e de
poupança dos dinheiros públicos. E ao ter-se procediido assim
diminuiram-se as secções de vazão dos canos com o consequente
resultado de não comportarem os caudais nas situações das
repentinas e volumosas quedas de água. Acresce ainda que, por
vezes, na construção das redes não é respeitado o projecto e não
há efectiva fiscalização que acompanhe o desenrolar da obra.
Outro
factor desfavorável é que os traçados das redes nem sempre são os
mais adequados a um regular funcionamento do sistema de drenagem.
Pior,
ainda, não se conservarem limpos as sarjetas e os sumidouros e os
próprios colectores, desprezando-se, radicalmente, a utilização
funcional das câmaras de visita. Sobretudo, nas redes de águas
residuais domésticas e industriais é incrível como às câmaras de
corrente de varrer não se lhes dá a necessária aplicação à sua
específica funcionalidade.
Os
meus leitores que têm a rotina da leitura e da assistência aos
telejornais já se terão dado conta de que sempre que chove mais
intensamente, em cidade ou vila, há grande inundação. E observado,
muitas vezes, pessoas que, em situações de ruas transformadas em
canais de correntes caudalosas, se afadigam na vã tentativa de
desentupir as sarjetas e sumidouros.
Há
que anotar que as excessivas impermeabilizações dos solos nos
grandes centros urbanos também são um factor de grande risco
associado ao fenómeno das inundações citadinas. Lisboa está nessa
condição de vulnerabilidade.
Numa
cidade como Lisboa e quando há um presidente que assobia para o lado
e acrescenta que não há solução para a drenagem da capital, pois
vão os lisboetas pondo as barbas de molho
porque qualquer dia não serão só as vias rodoviárias (avenidas e
ruas) transformadas em rios caudalosos. Também serão os túneis do
Metro que, de repente, se tornarão canais de grandes correntes de
água. Imaginem a calamidade.
Mais uma vez não consegui ficar indiferente a uma
confrangedora assobiadela para o lado de um governante. O tema das
inundações tem sido recorrente na minha prática de escrita para o
público.
0 Comentários:
Enviar um comentário
<< Página Principal