Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

sábado, agosto 09, 2014


POR ESCABROSO ABUSO DE POLÍTICOS E JORNALISTAS
UM GRANDE ESTRAGO JÁ CHEGOU AO VOCABULÁRIO:
UM SUBSTANTIVO E VERBO ORA TORNADOS MALDITOS.

Por Brasilino Godinho

No Portugal de hoje, mal configurado numa “Quinta Lusitana” intensamente dominada e explorada por uma minoria de “senhores cinzentos” de que falava o falecido Professor de Direito, Doutor António de Sousa Franco e pior inserido no pântano antevisto pelo famoso engenheiro electrotécnico António Oliveira Guterres de nebulosa memória; pegou moda de governantes associados ao grande-chefe Pedro Passos Coelho, de jornalistas tipo de gente despachada e (quem diria?) até do actual governador do Banco de Portugal, a utilização descabida e inapropriada do substantivo 'garantia' e do verbo ''garantir' conjugado nas pessoas, nos tempos e nos modos das suas especiais apetências de muito confundir e bastante iludir os cidadãos deste país. E não só os portugueses. O conhecimento do requinte de intrujar por parte de certa gente do mau Estado que temos, já transpôs fronteiras. Ainda há dias entidades estrangeiras, como o presidente do Crédit Agricole de France, se lamentaram na praça pública internacional e com todas as letras proclamaram 'urbi et orbi' que tinham sido enganados pelo banco BES e pelo regulador bancário que seria suposto ser o Banco de Portugal.
Outrossim, anteontem o conhecido, respeitado, economista belga, Professor Doutor Paul De Grauwe, declarava - em tom de alta sonoridade - que o governo português está a enganar os portugueses quando diz que os encargos com o resgate do BES/NOVO BANCO não são nem serão suportados pelos contribuintes portugueses.
Facto incontestável: de algum modo e pela chamada porta do cavalo, isso está sucedendo. Negar esta evidência que não escapa a observadores atentos e bem intencionados é uma indecorosa falácia.
Pois os governantes e seus (bem pagos) agentes publicitários actuantes nos jornais e televisões, persistam nas tentativas de enganar os portugueses mais propensos a aceitar a conversa da treta e a acreditar nos efeitos curativos da banha de cobra. Mas em todos nós, que não vamos em cantigas de “amigos da onça” e nos contos do vigário, prevaleçam duas certezas, entretanto adquiridas: uma, a do embuste em sede governamental que está sendo prosseguido a todo o vapor; outra, a de que as excelências da equipa governamental não iludem os mercados internacionais (sigam-se os desenvolvimentos das cotações nas bolsas: de Lisboa e internacionais).
Desde há três anos que, progressivamente, se vem acentuando o abuso, por parte de governantes e de jornalistas, de se atribuirem às declarações de Cavaco Silva, Passos Coelho, Paulo Portas, Victor Gaspar, Maria Luís Albuqurque, ministros e secretários de Estado, o selo da 'garantia de coisa nenhuma' como se vem constatando com o decorrer do tempo.
É frequente ouvir-se ou ler-se: umas vezes, sua excelência 'deu a garantia'; noutras ocasiões sua excelência 'garante' - quer assim extrapolado das declarações dos próprios, quer por a 'garantia' ser atribuída pelos jornalistas quando dão as notícias das mesmas ou quando os comentadores avençados das televisões lançam os seus, por vezes, delirantes ou desconexos palpites sobre os factos.
Inolvidáveis artífices das 'garantias/promessas' (falsas, como tem sido demonstrado à medida que o tempo passa) foram e continuam sendo Passos Coelho, Miguel Relvas, Paulo Portas, Victor Gaspar, Maria Luís Albuquerque e Cavaco Silva.
Convenhamos: no que toca a governante 'dar garantias' trata-se de uma prática indecente e que já causa nauseas. Pior: tem provocado enormes danos em vários sectores da sociedade portuguesa. Por exemplo, atente-se nos últimos episódios relacionados com o BES: as convulsões nos mercados bolsistas, a devastação financeira e o correlativo descalabro na economia portuguesa, gerados com a faléncia do BES – um banco que beneficiava de todas as 'garantias' de Passos Coelho (grande presidente do Conselho de Ministros, de Maria Luís Albuquerque (ministra de Estado e das Finanças), de Carlos Costa (presidente do Conselho de Administração do Banco de Portugal) e, ainda, do presidente da República, Cavaco Silva.
Ocorre indagar: Que 'garantias' - tantas e de altas proveniências - foram essas que, num ápice, se evolaram como o fumo? Afinal, a existirem, ficou provada a total vacuidade das mesmas. Mas, se não existentes, ficaram expostos o engano aos contribuintes e a facilidade com que se recorre a expedientes de todo condenáveis e lesivos da reputação da Administração como entidade credível, séria e transparente no relacionamento com os cidadãos.
O que se tem passado nos últimos tempos com as 'garantias' atribuídas às declarações de Cavaco Silva, Passos Coelho, Paulo Portas, Vicor Gaspar, Maria Luís Albuquerque, ministros e de outras entidades ditas responsáveis, ultrapassa todos as limites, demasiado condescendentes da indecência e da insensatez. De um imenso rol de 'garantias' sugeridas à opinião pública, não se aproveitou nenhuma - falharam todas! Excepto, uma. Só a garantia de Passos Coelho, referente à pobreza generalizada que prometeu, após ter tomado posse do cargo que exerce, foi cumprida com obscena persistência, grande desaforo e enorme agressividade. Este deplorável sucesso é a verdadeira coroa de Pedro Passos Coelho, traduzível numa bacoca, deslustrante e efémera glória.
O que tudo isto induz é que a deprimente trindade de floridas espécies alaranjadas de emblemática produção da “Quinta Lusitana”: um presidente da República (venerando chefe de Estado, Cavaco Silva), um governo (sob o comando do grande-chefe Passos Coelho) e uma maioria (de deputados alinhados que nem cordeiros e ovelhas de rebanho, desfrutados no redil do governo PSD e CDS/PP) vem funcionando com surpreendente esplendor de muito má eficácia; esta, apontada à destruição de Portugal e ao aniquilamento do seu tecido social.
Infelizmente, há portugueses que, distraídos, resignados, temerosos, crédulos ou fanáticos, se deixam iludir pelas famigeradas 'garantias' que o são de coisa nenhuma.
Formulo uma advertência aos meus concidadãos: sempre que leiam ou ouçam os propagandistas do governo e dos interesses soberanamente instalados neste maltratado país, referirem que fulano e sicrano da governança 'deu garantia' (ou prometeu) seja lá do que for, procedam como se os mandassem “dar uma volta ao bilhar grande” e, depois, sem lhes dar cavaco, interroguem-se: Que garantias foram efectivamente apresentadas? Quais as suas reais concretizações? Como se apresentaram? Que formas e conteúdos nelas são efectivos? Onde se expuseram ao público?
Consequência da persistente nulidade que se foi verificando nas 'garantias' (fantasiosas) dos detentores do Poder que têm sido publicitadas pelos jornalistas que nelas se contemplam embevecidos e subservientes, hemos chegados a um estádio em que já não se suportam tamanhas blasfémias– entendam-se como graves ofensas à inteligência do desprevenido cidadão. Também, (garantia) agora palavra de mau agoiro, significativa de praga, sempre que pronunciada por qualquer membro do clã governamental ou por indivíduo que a este grémio cooperativo seja afim.
Doravante, uma coisa podemos ter como certa: Quando um governante do grupo de Passos Coelho e Paulo Portas vier dizer que garante isto ou aquilo, ficamos - desde logo – alertados para o reverso da medalha que é proposta e prevenidos de que vêm aí desgraças para os indígenas portugueses e benefícios/lucros para os poderosos, bancos, governantes e deputados.
Enfim, substantivo garantia e verbo garantir que por obra e (des)ggraça de governantes e de alguns jornalistas se tornaram vocábulos malditos a suscitarem repulsa sempre que utilizadas por tais grandes malabaristas do dramático circo político/social que está instalado em Portugal.

Nota pessoal - Uma coisa vos digo, prezadas leitoras e caros leitores: se fosse chefe de redacção de qualquer órgão de comunicação social estaria atento às intervenções orais e escritas dos jornalistas, membros do corpo redactorial, no sentido de, enquanto prevalecente este tempo de descalabro políticosocial, impedir o uso do verbo garantir nos textos e nas reportagens referentes a declarações dos membros do governo. Até por uma profiláctica medida de higiene mental.
Também como instrumento de saneamento do meio ambiente que de dia para dia se torna cada vez mais nojento...

Atenção é devida à higiene mental – precisamente uma prática que urge incentivar e adoptar por todos os cidadãos compenetrados dos deveres e direitos inerentes à fruição da cidadania.
Fim