Registo
de um jornalista,
tal
qual como membro
da
subfamília coelhal...
Por Brasilino
Godinho
"EM
FEVEREIRO
VOU
A
ANGOLA"
"Como nunca
consigo visto -
tal como os meus
colegas do
Expresso - em
fevereiro entro
na comitiva de
Passos e vou
a Luanda. Como
sempre, serei
muito bem tratado.
Como
sempre, tudo ficará
na mesma".
(Expresso,
edição de 19 de Outubro de 2013, 1.º Caderno, p. 03.)
01.
Caracterização do escrito
Escrito
elaborado como da maior transparência...
Escrito exibido
como se estivesse fixado na portada da coutada de caça ao manhoso e
fugidio coelho, sita na região saloia de Lisboa...
Escrito lido
como ornamento circunstancial da fachada de uma construção de
desencanto...
Escrito
indiciador de sombria malformação arquitectónica...
Escrito a
suscitar a ideia de inconfidência com origem na subfamilia
representada ao mais alto nível do governo pelo grande Coelho
(desorientado, sem rumo certo, em apuros) e pelo pequenote Paulo
(Portas a dentro, irrevogavelmente desacreditado e consumido).
Escrito aqui
respigado por causa das repelentes moscas que, como se sabe, poluem o
ambiente, são transmissoras de penosas infecções e, por vezes,
abusando da nossa tolerância, nos irritam e chagam a paciência...
(Caso para nos lembrarmos da célebre "mosca da televisão"
que parece ter dado às de vila-diogo para parte incerta...).
02.
Daí que:
-
Lei-se e pasma-se!
(Quem
apresenta o escrito é Ricardo Costa, director do Expresso).
03.
Ricardo Costa, à semelhança de Cavaco Silva, sabe tudo e, com
inusitada segurança, faz previsões infalíveis.
Resoluto
(leia-se: firme e despachado q. b.), peremptório, terminante,
decisivo, categórico, Ricardo Costa afirma que Passos Coelho vai em
Fevereiro a Luanda; apesar de, para os indígenas, não ser claro
como vai evoluir o clima tempestuoso existente no arco atlântico
abrangido entre Lisboa e Luanda.
Depois,
impressiona a certeza de Costa de entrar na comitiva de Passos, sem
vislumbrar qualquer impedimento por parte dos gorilas da coelhal
figura. Aliás, denotando facilidades de intromissão que, à
distância de 4 meses, lhe asseguram, infalivelmente, um lugar na
comitiva do famoso mamífero roedor da governança nacional.
E como se isso
fosse pouco Ricardo Costa reconforta os leitores com a intrigante
declaração de que será muito bem tratado. Embora sem elucidar se
por Coelho (o de Passos, de Pedro) se pela comitiva e gorilas deste,
se pelas forças vivas de Luanda ou por quem quer que seja. Também,
se melhor instalado num hotel de luzídias estrelas, se opiparamente
alimentado a caldos de galinha, faisão, caviar, a carne assada à
cafreal, lagosta, camarão-tigre, tudo bem regado com cerveja Sagres?
champagne francês Chandon? espumoso italiano Franciacorta? vinho
espanhol Benjamin Contador? tintol português Esporão Reserva? Claro
que Costa sabe como vai ser mimoseado, mas em matérias hoteleiras,
gastronómicas e de libações, faz caixinha...
Só não se
percebe bem a enigmática observação de que "Como sempre, tudo
ficará na mesma".
Que "tudo"?
E que "mesma"?
04.
Mistérios: uns, das inabaláveis certezas de Ricardo Costa.
Mistérios: outros, das expressões "tudo" e "mesma".
Pela nossa
parte, somos tentados a considerar que - turista oferecido, folgazão
e, eventualmente, obsequioso - perdido por lá, na baixa luandense,
certamente não ficará o director do Expresso; visto que, à
distância e à partida, conta com as prestimosas atenções da
subfamília coelhal...
Fim
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