PRESIDENTE
CAVACO:
Discurso
de síntese, tipo salomónico...
Brasilino
Godinho
01.
O discurso do presidente Cavaco Silva, ontem pronunciado foi um
discurso de síntese, tipo salomónico.
Uma
peça oratória em que acolheu as ideias expressas pelas duas
tendências político/financeiras mais em evidência nos últimos
tempos: a que advogava a realização imediata de eleições e a que
se lhe opunha terminantemente.
Conhecidos
os argumentos esgrimidos por ambas partes, não vale a pena, aqui e
agora, explaná-los.
Importa
salientar que o presidente Cavaco Silva não optou, para já, pela
abertura do processo eleitoral, mas marcou-a para Julho do próximo
ano.
Pelo
teor do discurso se estabelece a rejeição do acordo recentemente
firmado entre Passos Coelho e Paulo Portas que previa uma nova
composição do governo.
O
que equivale a dizer que o governo foi desligado da máquina
presidencial que o vinha mantendo em estado comatoso. Nota mais clara
que sobressai é a de que no Palácio de Belém já se começou a
redigir a certidão de óbito do desinfeliz ser governamental. Oxalá
que seja concluída rapidamente...
02.
O discurso presidencial apesar de conter algumas contradições e de
não ter acentuado a tónica das terríveis consequências da má
governação para o comum dos cidadãos, valeu sobretudo por,
inequivocamente, marcar o descrédito da fórmula de recauchutagem
governamental e a condenação da monumental trapalhada que se
desenrolou na semana anterior.
Desta
vez, o presidente desceu à terra e quebrou a corrente que o ligava
ao governo chefiado por Passos Coelho e a que este, mui
despudoradamente - na invulgar e patética encenação da discursata
que, há escassos dias, fez ladeado por Paulo Portas - pretendia
mantê-lo "acorrentado".
Assim,
parece delineado, para este governo, o caminho para o cemitério...
da sucata.
O
pior governo desta terceira república. Um governo que maltrata,
agride e ofende quase toda a gente: por acções e por palavras.
Quando Gaspar, Coelho, Portas e seus seguidores, abrem a boca,
invariavelmente, é para atingir com gravidade as pessoas e denegrir
a inteligência de cada cidadão português detentor de faculdades de
alma em bom estado de conservação e operacionalidade.
Pena
que só agora lhe seja apontada a saída, por quem possui o poder
institucional para o fazer.
03.
Logo, terminado o discurso presidencial, sucederam-se os comentários
transmitidos pelas televisões. Cada televisão contemplou-se no seu
espectáculo. Todos, interessantes... Fui acompanhando-os, como se
estivesse sentado na plateia de um espaço teatral a assistir ao
desenrolar de uma comédia. Diverti-me. E bem que precisava de uns
momentos de ócio retemperador de energias...
É
que os personagens (governantes e comentadores de assinatura nos
estúdios) que em ocasiões anteriores surgiam sorridentes,
prazenteiros, exuberantes perante as câmaras, momentos após as
intervenções televisivas do presidente Cavaco, desta vez estavam
hirtos, sentados, ou vinham com cara de funeral, tensos, nervosos e
fugidios, evitando responder às perguntas dos jornalistas. Uns e
outros, bastante amuados com o presidente Cavaco Silva. Bom sinal!
Apreciei! Repito: diverti-me!
Daqui
endereço o meu agradecimento ao presidente da República por ter
dado azo a esta interessante ocorrência, de meu aproveitamento
espiritual.
Bem-haja!
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