DOS
GRANDES PASSOS DE UMA VERTIGEM FERROVIÁRIA
DADOS
NO MUI SOMBRIO TÚNEL DA COELHAL FIGURA.
Brasilino
Godinho
Palmas
para o personagem principal do actual drama político português,
Coelho Passos de Pedro. Precisamente aquela criatura multiforme que,
superiormente e a título nominal, comanda os destinos da "Quinta
Lusitana".
Diga-se,
que aplausos a Passos de Coelho pela sua invulgar visão ferroviária
concernente ao traçado do túnel que, de sua engenhosa e desconforme
concepção, é a nossa desgraça colectiva; e, também, realce pela
previsível aceleração a alta velocidade que, a partir de agora, se
antevê ser utilizada na já alucinante condução do comboio que,
tristemente, com grande desconforto e um enorme sofrimento, nos
transporta rumo ao imenso abismo da destruição de Portugal.
E
no momento em que se apagou a rutilante chama gasparina, com origem e
mantença nas "fananças" de Gaspar Victor (este, o
grande especialista financeiro, reputado agente macro-económico de
fina estirpe e magnífico ideólogo da severa austeridade) e se
julgava surgir uma ténue luz a meio da referida, tenebrosa,
obra-de-arte, veio a notícia de que, se "tudo como dantes,
quartel-general em Abrantes", pior do que isso é o facto de
o ente roedor da variada fauna política/partidária localizada em
Lisboa, ter escolhido para a pasta das Finanças uma pessoa do género
feminino que está comprometida em duas acesas, esquisitas, polémicas
e com excepcional posse e sofisticado usufruto de uma visão
ferroviária catastrófica do rumo a prosseguir na sonolenta terra
lusa.
Claro
que tal facto se enquadra na rotina de comportamentos do pretensioso
chefe da (des)governação nacional.
Daí,
podermos assinalar que, por parte de Passos de Pedro Coelho, até
está bem vista e melhor considerada, a corrida ferroviária ao longo
do túnel da nossa desgraça colectiva.
É
que, se todos estamos mui lembrados, a Senhora Dr.ª Maria Luís
Albuquerque, anunciada como a futura ministra das Finanças, há uns
largos meses instalou, no gabinete da sua secretaria de Estado
do Orçamento, com todos os requisitos de boa acomodação e regalo
financeiro, um engenheiro especializado em comunicações
ferroviárias.
Facilmente
se induz que, para a semana, após a tomada de posse do lugar, a
ministra das Finanças se fará acompanhar ao Terreiro do Paço do
referido técnico e que este cavalheiro se apresente vergado ao peso
dos projectos atinentes ao desenvolvimento da circulação
ferroviária adstrita à política financeira adoptada pela nova
titular do ministério.
Tudo
isso significando que, previsivelmente, grandes acidentes
ferroviários irão suceder nos próximos tempos. O que dará azo a
profundos estragos no tecido social deste país.
E,
outrossim, à criação da terrível imagem pífia de Portugal como
um território sem seguro; com portas, qual invulgar
estandarte propiciador de cataclismos político-sociais; com falta de
um genuíno índio Jerónimo, qual impetuoso guerreiro
envolvido em encarniçadas lutas reivindicativas da liberdade e
honorabilidade do povo indígena; e com a eventual e embaraçosa
quebra de ardor combativo de um distinto João Se(m)medo, devida a
inoportuno, arreliador, cansaço doutoral decorrente dos compulsivos
diagnósticos e atribulados prognósticos dos males da sociedade
portuguesa, com os quais ele é confrontado no seu operacional
dia-a-dia.
E,
ainda, suprema desgraça nacional: a de uma nação que limitada a um
decorativo cavaco presidencial (de singular e alaranjado espectro),
postado em trono do Palácio de Belém, nele viu, em fugidio sonho,
configurado o activo instrumento de bloqueio à circulação do
incrível, devastador, comboio do desgoverno que vai poluindo a
atmosfera, desfigurando a paisagem, exterminando o tecido social e
prosseguindo o colapso de Portugal.
O
que, convenhamos, sendo uma tremenda desilusão da grei portuguesa,
é uma profunda calamidade, com obscena representação dramática no
reles teatro-circo da política à portuguesa.
Nota importante - Ao
mesmo tempo que em muitos países civilizados os governantes acusados
de irregularidades são exonerados, ou se demitem, ou suspendem as
funções enquanto não são ilibados; em Portugal, pela mão do
chefe Passos Coelho, os políticos a contas com a Justiça ou sob
suspeita de irregularidades ou de ilícitos, sobremodo contemplados
nessas credenciais, são preferencialmente, nomeados ministros,
promovidos e catapultados para altos cargos da governação.
Esta indecente prática
de prostituição governativa ou (se quisermos, por mais ajustável
terminologia), de podridão política, já poucas vezes se regista
nos países do terceiro mundo.
Mas, infelizmente, tal
prática é, no Portugal de hoje, a emblemática negação de um
Estado de Direito.
Ademais, pelo que se
vai passando todos os dias na área da "Quinta
Lusitana" - território privilegiado de um
grupo de habilidosos de equívocas intenções, onde se situa
o autoritário Poder e se exercitam os obscuros expedientes de
explorar a terra, de esbanjar o património, de iludir os indígenas,
de ignorar as normas democráticas e de atentar contra as mínimas
condições de vida digna dos cidadãos - cada vez mais se acentua
essa evidência em Portugal.
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