O JORNAL ‘SOL’ INFORMOU
SOBRE O ENFRAQUECIDO
ESTADO DO GOVERNO.
Via Internet, chegou-nos a crónica do ‘SOL’
que transcrevemos a seguir. Nela, os autores informam o público, com explícitos
apontamentos de reportagem, sobre o soturno ambiente que existe na meandrosa
coligação; a qual, de forma desastrada e ofensiva da dignidade do povo
lusitano, concentra o Poder em Portugal.
Brasilino Godinho
Desalento no Governo
24 de Março, 2013 por
David Dinis e Helena Pereira
São cada vez menos
os que acreditam que o rumo leva a bom porto, mesmo na bancada do PSD.
Ex-colaboradores de Passos na campanha também não poupam críticas. Até Eduardo
Catroga.
«Então?
Isto está a acabar, não é?». A pergunta retórica, lançada por um membro da
maioria num corredor da Assembleia, é a imagem da descrença que se instalou no
próprio governo depois da sétima avaliação da troika.
As
dúvidas que se ouviam esta semana em vários gabinetes do Governo espelham-se
numa listagem simples: desemprego provavelmente acima dos 20% já ao dobrar do ano,
ausência de ferramentas (ou dinheiro) para estimular a economia e nenhuma
margem para baixar a carga fiscal até ao final da legislatura. E, pior, uma
total incerteza sobre a evolução da crise do euro, começando pelo descalabro da
evolução no Chipre e o que isso pode significar para o ambicionado regresso de
Portugal aos mercados.
Mesmo descontando os efeitos imprevisíveis da decisão do Tribunal Constitucional, já outros dizem acreditar numa luz ao fundo do túnel – ou seja, em chegar-se ao final da legislatura com um mínimo de hipóteses de vitória.
Mesmo descontando os efeitos imprevisíveis da decisão do Tribunal Constitucional, já outros dizem acreditar numa luz ao fundo do túnel – ou seja, em chegar-se ao final da legislatura com um mínimo de hipóteses de vitória.
No
CDS, o estado de espírito é conhecido: se Vítor Gaspar for Deus, os centristas
são agnósticos. A novidade agora é que estão acompanhados por boa parte do PSD.
Na audição parlamentar de terça-feira, o deputado social-democrata Miguel
Frasquilho nem hesitou na pergunta a Gaspar: «Era importante que se começasse a
libertar a asfixia fiscal que recai sobre a sociedade portuguesa. Será possível
avançar nesse caminho?». Ficou sem resposta.
«Expliquem
aos vossos eleitores, pediu Gaspar».
Horas
depois, na reunião à porta fechada com os deputados da maioria, o ministro
fez-lhes uma sugestão: expliquem «aos vossos eleitores» a situação do país. Foi
o suficiente para que dois deputados sociais-democratas, incluindo o líder da
JSD, disparassem: Nossos? Também são os vossos.
Nessa
reunião, segundo depoimentos cruzados pelo SOL, Vítor Gaspar reconheceu que a
divulgação dos resultados da negociação com a troika foi mal recebida.
Justificação: «O PS foi bem sucedido ao passar a sua mensagem de que o Governo
tinha falhado os objectivos». À saída, um deputado sintetizava o espírito do
encontro: «Antes, dizia-se que o Gaspar tinha uma obsessão, agora é uma questão
de fé».
Será um exagero dizer que Gaspar e Passos Coelho já não têm seguidores na bancada do PSD. Mas é correcto dizer-se que esse núcleo é cada vez mais pequeno. «O grande problema é este crescimento do desemprego. É de tal forma drástico que tudo o resto fica suplantado, mesmo as coisas muito boas e difíceis que o Governo conseguiu», diz Teresa Leal Coelho, vice do grupo parlamentar.
Será um exagero dizer que Gaspar e Passos Coelho já não têm seguidores na bancada do PSD. Mas é correcto dizer-se que esse núcleo é cada vez mais pequeno. «O grande problema é este crescimento do desemprego. É de tal forma drástico que tudo o resto fica suplantado, mesmo as coisas muito boas e difíceis que o Governo conseguiu», diz Teresa Leal Coelho, vice do grupo parlamentar.
Fora
do hemiciclo, também escasseiam os defensores. Esta semana Miguel Beleza foi
excepção, oferecendo-se na TSF para ajudar Gaspar no que quisesse. Sobram ainda
vozes como António Borges, João César das Neves ou Braga de Macedo (que não
respondeu às perguntas do SOL esta semana).
Daniel
Bessa, que colaborou com Passos na campanha eleitoral, diz agora que o país
está a tentar, tão-somente e de forma desesperada, «evitar declarar a falência».
Loureiro dos Santos, que também esteve no início do caminho de Passos, pediu já
a Cavaco (no Público, na segunda-feira) que demita o Governo.
Quanto
a Eduardo Catroga, que coordenou o programa eleitoral, mostra-se céptico, em
declarações ao SOL: «O Governo, mal se tornou bom aluno, devia ter-se tornado
um bom aluno refilão». Ou seja: ao fim de três avaliações da troika, devia ter
pedido uma mudança do memorando, corrigindo o ritmo do ajustamento e abrindo
espaço a incentivos ao crescimento. «O barco ainda não está a salvo», avisa.
Quanto ao novo argumento usado, de criticar o memorando inicial, há no Governo quem ache que é «tarde» para o usar. «Agora, é muito difícil», diz uma fonte.
Quanto ao novo argumento usado, de criticar o memorando inicial, há no Governo quem ache que é «tarde» para o usar. «Agora, é muito difícil», diz uma fonte.
Este
artigo foi publicado na edição impressa do SOL de sexta-feira, 22 de Março.
david.dinis@sol.pt
e helena.pereira@sol.pt
0 Comentários:
Enviar um comentário
<< Página Principal