Ao
compasso do tempo…
DESVENDADO UM SEGREDO
PROFUNDO…
RELVAS, O IGNOTO ARCANJO
MIGUEL!...
Brasilino Godinho
01. Breve introdução
Este mundo português, de múltiplas
complicações existenciais, que nos envolve e nos sufoca no viver quotidiano, já
nos habituou às rituais, malfazejas, indecorosas e, ocasionalmente, imprevistas
e variadas ocorrências, que dão negra imagem ao tecido urbano e, pior do que
isso, condicionam e adulteram as rotinas comportamentais dos indígenas e as
funcionalidades da comunidade nacional.
Mas, por vezes, acontecem coisas que nos
surpreendem, que merecem referência e suscitam a imperiosa necessidade da
formulação de pertinentes juízos valorativos ou depreciativos, como é o caso
aqui mencionado.
Tal antecedente enunciado não invalida
que se insista na importante anotação de que os comportamentos e as actividades
de carácter político-administrativo desenvolvidas pelos agentes mais influentes
da classe política, têm a indissociável componente de facultar aos cidadãos os
melhores e os piores exemplos; os quais, assumem um peso enorme e determinante
na evolução ou regressão do país e no patamar das condições de vida das
populações, na estabilidade social e na criação e existência de um estado
anímico ou clima retemperador, que leve as pessoas a possuírem-se de serenidade,
de confiança no futuro e de um inequívoco sentido de dignidade, por todos
assumido em plenitude. O que se pressupõe existir inculcado no modus faciendi de estar e agir em
sociedade do ser político e abranger não só o pleno acatamento da Ética, da
respeitabilidade própria e da direccionada aos cidadãos, como, também, a soberana
prevalência da Política; esta, entendida no sentido mais nobre e objectivo –
afinal, o verdadeiro! Único! Imutável! Outrossim: Insubstituível! E ela, ciência
política, necessariamente aplicada como um valioso instrumento de actuação, é um
factor imprescindível ao regular exercício competente da governação em prol do
bem comum.
02. O estádio da fama de Miguel Relvas até 15/12/2012
O que se explanou no precedente ponto 01
foi inserido, em letra de forma, para servir de moldura à presente anotação de
que o cidadão Miguel Relvas, sendo um credenciado
actor/prestidigitador muito em foco no circo político, tem sido alvo de bastantes
críticas pelos seus famigerados desempenhos académicos e pelas desastradas
intervenções tidas na esfera pública e no campo governamental.
Por certo que, tratando-se de figura
muito conhecida e exposta ao escrutínio dos cidadãos, tudo o que consta do seu
pessoal património cultural e profissional, negativo e desconforme,
constituiu-se como factor desprestigiante da política nacional, perturbador da
estabilidade social e desagregador do sentimento aglutinador da Nação.
Este era, até anteontem e em síntese, o
estádio da fama, algo comprometedora, do irrequieto e inconsequente político Miguel Relvas, de sua insegura graça e
sitiada figura
arrelvada.
03. A declaração angélica,
decorrente da autodescoberta de Relvas como anjo imaculado…
Desde anteontem e segundo um descuido(?)
de linguagem da própria criatura, que surpreendeu o patético mundo lisboeta,
ficámos conhecendo um segredo que tem sido guardado (talvez por motivações de
incrível modéstia…) por Relvas. A
acreditar na declaração feita perante as câmaras das televisões, ele encontra-se
regenerado, retemperado, mui animado e, por demais, excessivamente aliviado das
tensões, liberto das pressões, desobrigado das obrigações, indiferente a
algumas conveniências, distante de aqueloutras exigências, fugidio das
embaraçosas incongruências e, suprema virtuosidade de grande artista e fraterno
irmão: dispensando os perdões da raia miúda. Mas, sobretudo, beneficiando das
transcendentes absolvições e, portanto, feliz contemplado das atenções divinas
ou das bênçãos dos presumidos representantes da Altíssima Divindade, plasmados
nos altares de alguns templos situados em Lisboa e nas áreas circundantes.
Igualmente, enredado, em apropriados cúmulos operacionais, factuais e
institucionais, concernentes à amizade benfazeja e ao patrocínio tutelar da coelhal figura, queda-se por aí, algures no
Terreiro do Paço, (à beira de Tejo implantado, na cidade de Lisboa), em
sofisticada pose de IMACULADO. Mais: agrega a atractiva condição de tranquilo anjo;
por distinto sinal, putativamente livre - que nem um passarinho da floresta
amazónica - das várias sujeições, das múltiplas suspeições e das inúmeras
condenações do tribunal da opinião pública, de que tem sido alvo.
04. Livre
como um passarinho? Perguntar-se-á: Como, assim?
A resposta é linear, simples, directa: Relvas, é o Arcanjo
Miguel.!
Exactamente: foi Miguel Relvas que, com a imagem da sua marca pessoal, tornada
inalterável, composta do largo sorriso maroto estampado no rosado fácies,
mostrando a maior descontracção associada a grande animação gesticular e no seu
melhor estilo de sempre, disse aos estupefactos jornalistas:
- “O processo de privatização da RTP está imaculado”.“O processo Por estranho e lamentável que pareça,
ninguém exclamou: Ámen!... da
Como diria o falecido actor cómico
brasileiro, radicado em Portugal, Badaró: “Toma e embrulha!”. Claro que os
jornalistas tomaram e embrulharam, conforme os usos e os costumes…
Do Zé-Povinho, ainda não é conhecida a
reacção…
05. Todavia…
Há uma conclusão lógica a extrair da
fala de Relvas. Que, aliás, foi aqui já
aludida e que, ostensivamente, lhe está subjacente.
O raciocínio conclusivo, que está
implícito nas palavras de Miguel Relvas,
é o seguinte:
“O
processo de privatização da RTP está imaculado”,
Logo: está bem amanhado…
E, assim, por elementar inerência e sem margem para
dúvidas: imaculado,
é o amanhador…
Quem será o amanhador? Obviamente, Relvas, o IMACULADO!
Daí, está localizado, identificado,
sublimado, festejado, consagrado, um ser de eleição; por feliz acaso, pessoal e
intransmissível: o
Arcanjo Miguel…
06. Nota conclusiva
Pois vamos acolher e recomendar às
pessoas mais crédulas e empobrecidas de espírito redentor, esta fantástica
notícia da interessante, paradigmática e excitante, transmutação da
personalidade do singular indivíduo, de partidária formatação de cor laranja e
de humana configuração, Miguel Relvas,
em o transcendente (que excede os limites ordinários) e bem-aventurado Arcanjo Miguel.
Claro que para levar o ora citado propósito
a bom termo e mesmo ultrapassando a determinante condição divina de IMACULADO do arrelvado personagem,
estaremos apetrechados com o tremendo, avassalador, insuperável, altíssimo grau
de credibilidade(…), que subjaze ou advém do invulgar e multifacetado currículo
do ilustre cidadão Miguel Relvas – o
qual, merecidamente, ostenta a pomposa e utilitária condição (ou estandarte?) de posse e usufruto de uma inédita licenciatura
arrelvada.
07. Explicação complementar
Licenciatura arrelvada é uma licenciatura lisboeta, de promissora apanha temporã,
com duração certamente diferida ou espaçada no tempo e bem adaptada à vigência
da actual legislatura alaranjada; também,
simbólica e figural de Relvas, conhecido
actor do circo político, sito na praça das obscenas cantigas alfacinhas,
algures em Lisboa; outrossim, de modelo único, concebida e moldada conforme ao
figurino de uma criatura
que há nome baptismal de Miguel Relvas
e que, agora, já confortavelmente IMACULADA, exibe a suprema dignidade de ARCANJO MIGUEL.
08. Mas convenhamos: era só o que nos faltava no quadro da desgraça
nacional
Para completar o quadro da desgraça
nacional só faltava uma anomalia confessional.
Pois, “não há fome que não dei em fartura”…
De facto, que não de direito ou de
subentendida recomendação cívica, aí a temos, à dispensável fartadela, exemplarmente
corporizada no ser evangélico que, obstinadamente, se apresenta em todo o seu
esplendor: o GRANDE ARCANJO
MIGUEL!...
Caso para dizermos: com tamanha coisa de
farta-velhaco, estamos… lixados!
PS.
Este texto foi escrito ao desabrigo do Acordo Ortográfico, recentemente
aprovado pelo governo português.
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