Em tempo do compasso…
ESPEREM PELA PANCADA…
A CIP VAI DAR A VOLTA…
Brasilino Godinho
http://quintaluusitana.blogspot.com
Comecemos por uma observação elementar: mais do que prosseguirmos ao compasso do tempo nós, em Portugal, vivemos atribulados momentos em que sobre todas as coisas visíveis e invisíveis, incluindo as cabeças dos indígenas (que somos todos, os desalinhados que se identificam com o Zé-Povinho), está apontada a célebre espada de Dâmocles que, modernamente, se configura no forma do compasso, no desenho do esquadro e nas grandes, deselegantes, agressivas, pranchadas que, à sorrelfa, são lançadas sobre as criaturas mais desafectas a certas e peculiares liturgias; os quais, símbolos e meios, por serem muito “discretos” nem são divulgados pelos órgãos nacionais de comunicação social - também eles muito ciosos das suas prerrogativas em matéria de sigilos. Aliás, elas impostas pelas respectivas tutelas.
É no contexto aqui sucintamente descrito, que hemos de enquadrar a distinta intervenção dos altos dirigentes da Confederação das Indústrias Portuguesas (CIP) sobre o anúncio do chefe do Governo de, a breve prazo, ser decretado o aumento do Salário Mínimo Nacional.
Convém notar que a CIP é uma respeitável associação dirigida por bons rapazes, oriundos de conceituadas famílias e com provectas idades, que dispõe das gentis colaborações de excelentes moças que se situam nas faixas etárias escalonadas entre os 25 e os 60 anos de idade. Este valioso grupo manda na indústria nacional e exerce enorme influência noutros atraentes territórios. E está empenhado em fazer de Portugal um país próspero. Só que o país desses cidadãos não é o nosso: o dos indígenas. Já repararam que essa gente tão bem formada e melhor apaparicada, nunca se refere à Nação? Claro que não o fazem porque têm a consciência de a Nação ser um conjunto de indivíduos que formam uma sociedade unida por interesses, necessidades e aspirações comuns e de nela prevalecer o sentimento de comunhão e partilha dos valores culturais, religiosos e tradicionais que, afinal, dão corpo e alma a um povo, a uma pátria. O Portugal a que a CIP aspira manter domínio e usufruto é um domínio privado, concebido à sua imagem e explorado em proveito próprio e de quantos se abrigam nele como se tratasse da sua quinta privativa.
Assim, sem esforços de exaustivas lucubrações e de quejandas, profundas, vigílias que levassem a conclusões surpreendentes, se admite ser a CIP uma sociedade exterior à Nação, que não se revê nos princípios democráticos e na mística republicana.
Certo que a CIP é uma instituição emanante de uma sociedade que se rege por outros valores e princípios imbuídos de um espírito mercantilista; no qual prevalecem os sentimentos mais negativos da natureza humana: o egoísmo, a riqueza sem conta e medida, os grandes lucros, as desenfreadas explorações, as faltas de solidariedade com o próximo e, algumas vezes, as falhas éticas, ou as ausências e violações da moral. No seio da sociedade que sustenta a CIP e por esta é excelentemente representada, não se procure aquilo que lá não existe. Se há comunhão de interesses, ela ocorre no pequeno núcleo envolvente da CIP e não extravasa para o exterior. Perguntar-se-á: Nesta organização, está radicado o imperativo de partilhar com a Nação os valores culturais, religiosos e tradicionais, os conceitos da liberdade, da igualdade e da fraternidade? Não, nunca. Por isso, assentemos num ponto essencial: a sociedade que a CIP representa é um minúsculo (mas muito poderoso) país que não se pode confundir com a nação portuguesa. Esta, a realidade que devemos encarar de frente.
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