Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

sábado, agosto 18, 2007

Um texto sem tabus…

A “NOVELA” DO BCP

E OS GRANDES ARTISTAS…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana,blogspot.com

Em crónica anterior escrevemos sobre a crise no BCP-Millennium. Focámos a sua origem próxima e os aspectos que a definem. Hoje, atemo-nos ao conteúdo e desenvolvimento do enredo da “novela” – assim classificado o estranho processo da crise que atinge aquela importante instituição bancária.

Já nos referimos ao equívoco da escolha de Paulo Teixeira Pinto para presidente do Conselho de Administração do BCP-Millennium, por parte de Jardim Gonçalves - o todo-poderoso fundador e ex-presidente do banco. Recordamos que o equívoco assentou num erro de avaliação da personalidade do “delfim” eleito e de, atempadamente, Jardim Gonçalves não se ter apercebido que estava a colocar na presidência uma singular e ambiciosa dupla de operacionais que, previsivelmente, não iriam ser instrumentos dóceis e permeáveis às orientações do antigo chefe supremo. Ou seja: o duo Paulo e Paula, marido e esposa – ele, activo, na frente de combate; ela, agente de cobertura, actuando na retaguarda em missão de apoio e incentivo - transmitem a sensação de formarem um conjunto que funciona em sintonia de interesses, com objectivos bem definidos. Paulo, jovem e talentoso, apoiando-se no regaço amigo da cara-metade, empenhado em marcar posição e… emancipação relativamente ao seu mentor (Gonçalves) – como tal, considerado no meio. Paula, jovem, determinada, impetuosa, possuída de ambição sem limites, tendo em mira alcançar a chefia do partido em que milita (PSD). Tanto ele como ela, atingidas as posições que ocupam na sociedade e alcançada a convergência de propósitos individuais, em curto tempo reuniram condições que lhes alimentam os egos e permitem descortinar a concretização, a médio prazo, de todos os seus desejos de afirmação pessoal.

E não só a nível familiar se articulam os elementos em causa. Também interligados e envolvendo as duas criaturas, estão os vectores financeiro e político. Os quais se evidenciam no facto de Paulo Teixeira Pinto ser um elemento destacado da frente social-democrata. E a ladina esposa, Paula Teixeira da Cruz, presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, como já referimos, igualmente ser filiada no PSD. Esperta e para não perder o balanço, opôs-se terminantemente à dissolução daquele órgão autárquico, a quando da queda de Carmona Rodrigues da presidência da câmara lisboeta. Logo, na circunstância, deu prova daquilo que pretende na área da política nacional. Ambos jogam o futuro. De algum modo, na corda bamba, outrossim o porvir do PSD.

Porém, a crise do BCP-Millennium não se cinge às quezílias pessoais e à componente político-finaceira do casal Paulo Teixeira & Paula Teixeira. Nela radica, em simultâneo, uma desavença no núcleo português da família Opus Dei e a dura luta que se trava nos subterrâneos da nossa sociedade entre a Maçonaria e a Prelatura fundada por Josemaria Escrivá de Balaguer y Albás. A qual, se estendeu com grande ímpeto ao interior do BCP. Neste contexto, nem serão despiciendas as malquerenças instaladas nos vários clãs maçónicos; certamente influenciando as complexas jogadas por trás da cortinano interior do BCP.

A Opus Dei tem dominado a estrutura administrativa do banco, através do volume de capital que nele introduziu e da quantidade de grandes accionistas conotados com a seita católica.

Mas nos últimos tempos entraram novos accionistas que, por iniciativa própria ou em obediência a directivas da Maçonaria, foram adquirindo posições que põem em perigo a supremacia da Opus Dei. Disso decorreu o grande alvoroço. E quando estão em jogo altíssimos interesses é de contar que estale o verniz e vale tudoPor isso verificam-se estranhas alianças de personalidades nos dois grupos litigantes. Nalguns casos, estão juntas pessoas que dir-se-iam incompatíveis por que situadas em quadrantes políticos, campos religiosos e lugares esotéricos, opostos. Só que quando se frequentam certos ambientes soturnos estabelecem-se solidariedades esquisitas e há convergências tácitas e pragmatismos indecifráveis, que sobrelevam todas as considerações inspiradas nas manifestações exteriorizadas na praça pública. As quais bem iludem mentes profanas e ingénuas. Além disso, não se perca a noção que há espelhos que deformam as imagens que neles se reflectem

A título de curiosidade e com base na divulgação feita na edição do JN de 17 de Agosto p.p., dá-se nota que membros da família de Mário Soares são accionistas do BCP. Particularidade interessante: quer Mário Soares, maçon, do Grande Oriente Lusitano, quer a esposa D. Maria Barroso, cristã nova, muito ligada à Igreja, acompanham Jardim Gonçalves. Também de realçar que há entidades nacionais e internacionais que alinham simultaneamente nos dois campos Claro! Nunca serão perdedores. Gente esperta. Sábia. Quais novos discípulos de Salomão

As movimentações que têm sido feitas e os desempenhos das cenas chocantes pouco abonatórias para uma grande instituição bancária, mais parecem episódios de medíocre novela. Esta, caracterizada pela distorção dos factos, pelo exagero dos procedimentos, pela incongruência das atitudes e pelo carácter insólito das ocorrências – como foi o caso do falhanço de funcionamento do sistema informático no decorrer da última assembleia-geral.

Estes dias que precedem a data da próxima assembleia-geral de 27 de Agosto corrente, têm sido e vão continuar sendo, férteis em expedientes de última hora, desencadeados nos bastidores, com a finalidade de cada grupo, dos dois em disputa, obter o poder institucional.

Uma coisa parece certa: se Jardim Gonçalves “cantar” vitória no dia 27 ou em data posterior, isso significará que a Opus Dei e seus aliados de circunstância, mantém o vigor da sua influência no seio do BCP. Se, pelo contrário, for Paulo Teixeira Pinto o vencedor a Maçonaria terá corrido com a Opus Dei. Além de a Paulinha ficar radiantee mais afoita a prosseguir a grande jornada da sua vida

No entanto, qualquer que seja a corrente agora triunfante, terá pela frente até ao mês de Março de 2008, intenso trabalho de consolidação de posições. Porquê? Porque é nessa data que será eleito novo Conselho de Administração e, com ele, verdadeiramente se esclarecerá ou confirmará a situação e o rumo do BCP-Millennium.

Quanto aos “artistas”, os protagonistas e os actores secundários, da “novela” importa notar que são bastantes com posições destacadas no mundo abrangente da política e da finança. Uns mais que outros, envolvidos em intricadas manobras. No âmbito desta crónica e no quadro da actual situação, consideramos sem interesse citar-lhes os nomes. Até porque alguns dos que têm mais importância na cotação do mercado da comunicação social se expuseram ao público com demasiada exuberância.

Fim