Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

sábado, agosto 13, 2022

 

SERIA GIRO SE NÃO FORA DESASTROSO,

INCONVENIENTE, PATÉTICO E ABUSIVO

 

Brasilino Godinho

 

01. Chefe do Governo, António Costa, interrogado sobre a recente contratação do televisionado Sérgio Figueiredo, como “consultor de políticas públicas”, feita pelo ministro das Finanças Fernando Medina, disse: “Compete-me gerir o meu gabinete, não giro os gabinetes dos outros membros do governo.” (Se assim é a prática da criatura residente em São Bento, Chefe Costa, mal dirige o Gabinete – o Governo, conjunto de ministros que constituem o Governo).

Por algo descontrolada associação de ideias ficaram-me na retina as palavras gerir, giro e a imagem de chefe Costa a cantar o giroflé, giroflá, no Jardim da Celeste, de braço dado com o amigo Medina.

Com entusiasmo transbordante, cantava Chefe Costa:

Fui ao jardim da Celeste,
giroflé, giroflá,
fui ao jardim da Celeste,
giroflé, flé, flá.

O que foste lá fazer?
giroflé, giroflá,
O que foste lá fazer?
giroflé, flé, flá.

Fui lá buscar uma rosa,
giroflé, giroflá,
Fui lá buscar uma rosa,
giroflé, flé, flá.

Para quem é essa rosa,
giroflé, giroflá,
Para quem é essa rosa,
giroflé, flé, flá.

É para o amigo Medina,
giroflé, giroflá,
É para o amigo Medina,
giroflé, flé, flá.

02. De certo modo a afirmação do Chefe Costa se representou como uma rosa oferecida, em jeito de brinde, a ministro Medina pela contratação do novo conselheiro recrutado na Televisão, absolutamente fora do tríplice contexto da transparência, da ética e da inequívoca objectividade, exigíveis a um governante. Diga-se também ela concretizada e, pelo visto, aceite pelo governante-mor, com activa ofensa à inteligência do vulgar cidadão – o que tem de ser veementemente repudiado pelos portugueses conscientes e praticantes dos deveres cívicos e usufruindo dos direitos consignados na Constituição da República Portuguesa. Nesse sentido, o articulista Brasilino Godinho sentindo incómodo e indignação, lavra o seu protesto; que pretende endereçado directamente ao Chefe do Governo e ao Ministro das Finanças.

03. Como no antecedente se evidencia quanto ao meu real estado de espírito, anoto que, neste instante, foi ultrapassado o breve período de retenção da imagem de chefe Costa a exibir seus dotes de cantor, pelo que retomo o fio à meada; ou escrito por outras palavras: à embrulhada em que estará envolvida a contratação do “consultor de políticas públicas” do ministro Fernando Medina.

Trata-se de um caso de explícita, elucidativa e emblemática configuração: o lugar de “consultor de políticas públicas” terá sido criado para preencher o televisionado Sérgio Figueiredo. Quem tenha a veleidade de pensar que é Sérgio de Figueiredo que vai preencher o aludido lugar de “consultor” perca tal ilusão deturpadora da realidade. Esta minha advertência expressa uma previdência cautelar, eventualmente, assumida pelo cidadão leitor com o propósito de se prevenir quanto a outras surpresas advindas do ministro das Finanças; pois pelo andar da carruagem qualquer dia o contribuinte será presenteado com a criação de uma nova espécie de asilados em sede das Finanças: os consultores de políticas particulares.

04. Mas, desde já, ocorre perguntar: a um ministro das Finanças não lhe cabe o lançamento de políticas, forçosamente públicas? Para esse regular procedimento não conta com a colaboração dos secretários e subsecretários de Estado e dos directores de serviços? O actual ministro das Finanças é tão destituído de aptidão que necessita de consultor oriundo das televisões?

Ainda para o ministro Medina mais surpreender: ter facultado entrada no ministério pela porta do cavalo, a um televisionado cidadão sem currículos nos domínios das Finanças e da política, mesmo a rasteira que se pratica em Portugal; sem concurso público e com avultada remuneração, de milhares de euros, em escandaloso contraste com a miséria das remunerações do funcionalismo público e das pensões dos reformados dos serviços do Estado e das autarquias.

05. Têm passado pelo Ministério das Finanças muitos ministros; nenhum recrutou “consultor de políticas públicas” – o que até é pleonasmo. Pela razão de que qualquer política de matriz governamental é sempre pública e destinada ao povo na sua grande configuração pública.

Que confrangedora confusão e ignorância da semântica demonstram os governantes que, afinal, muito mal se exibem na capital alfacinha!

Urge reconhecer e extrair consequências atinentes ao Bem Comum: algo está podre no reino da bicharada peçonhenta em que há sido convertido Portugal.

O que é observado de ilícito, irregular, corrupto e criminoso, nos domínios da governação, administração pública, justiça, igreja católica, maçonaria, empresas e instituições várias, demonstra a expressão avassaladora do vigente regime peçonhento e… “mal-amanhado” como se diz nas terras açorianas.

06. O chefe António Costa meteu o pé na poça fedorenta ao dizer que se limita a gerir o seu gabinete e que não gere os gabinetes de outros membros de governo, Só que o Chefe Costa é mesmo o chefe do governo; dispõe desse estatuto que implica, necessariamente, a obrigação de acompanhar tudo o que se passa em todos os ministérios com vista a zelar a boa reputação do colégio governamental e o seu regular e impoluto funcionamento.

E a contratação do televisionado “consultor” Figueiredo, por escandaloso ajuste directo, envolvendo avultado encargo financeiro (muitos milhares de euros) para o Erário, não se reveste acto de simples rotina de gerir o gabinete por parte do ministro Fernando Medina.

07. De jeito nenhum o Chefe António Costa se pode permitir assobiar para o lado, como se toda a embrulhada agora engendrada pelo ministro das Finanças, que consta ser seu amigo de pessoal estimação, não se revestisse de gravidade e de sérias implicações comprometedoras, no domínio do funcionamento corrente do ministério de que é titular desde recente data. Ou a si, Chefe António Costa, não lhe coubesse a responsabilidade maior por tudo que de irregular acontece em todos os ministérios; cujas escolhas de titulares lhe coube inteiramente – o que muito acrescenta de sua pessoal e institucional responsabilidade decorrente da implícita tutela que, legalmente, lhe compete exercer com atenção permanente, rigor e eficácia. 

08. Assinalo que impressiona muito desfavoravelmente a ligeireza e sobranceria com que os governantes exercem as funções que lhes foram confiadas por uma minoria da população portuguesa.

Outrossim, lamento o alheamento do Presidente da República face à podridão que vai alastrando em Portugal e dele não haja manifestação de inequívoca, vigorosa, reprovação.  

P.S. Acabo de ler no Facebook que a nomeação de Sérgio Figueiredo teria sido precedida de negociata de favores trocados entre ministro e o nomeado “consultor”. A ser verdade, mais avoluma a responsabilidade do Chefe Costa em manter-se indiferente a tão estranha, sobremodo irregular questão.