A GOVERNAÇÃO PORTUGUESA
NUMA MOSTRA DE DESNUDEZ
Brasilino Godinho
11/08/2022
Brasilino Godinho, cidadão português que sou e fui criado e vivendo até aos 43 anos (1974) sob regime fascista, me hei dado conta de que então as leis, malgrado meu, bastantes delas iníquas eram, sob o ponto de vista formal, redigidas em português correcto e não necessitavam de ulteriores correcções ou instrumentos regulamentares por serem bem explícitas e de aplicação imediata. E tal acontecia pelo facto de serem elaboradas nos departamentos ministeriais, de que se encarregavam os directores-gerais, os chefes de repartições e pessoal qualificado dos serviços jurídicos.
O regime ora vigente, nos primeiros tempos a seguir a 25 de Abril de 1974, gerou um conjunto de energúmenos políticos que se permitiu desencadear uma orgia irresponsável de destruição ou remoção de tudo que admitia ter uma qualquer conotação ou origem fascista. Assim acabaram serviços e funcionalidades de comprovada valia nacional. Tal sucedeu com os ministérios e deu azo a que as leis passassem a ser elaboradas por gabinetes de advogados que as moldam interesseiramente preenchidas de alçapões que, à-posteriori, são aproveitados para concretizar ilegalidades e satisfazer interesses particulares, sujeitando o Erário a suportar pesados encargos financeiros que muito contribuem para o agravamento da dívida pública.
Outra particularidade da actual governação é a de criação de numerosas falanges de assessores e especialistas de 1.ª classe, recém-formados nas universidades conectadas com as Jotas partidárias, dispondo da esplêndida credencial de especialistas de coisa nenhuma. Outrossim, no que se refere aos consultores das mais diversas e inverosímeis matérias como aquela agora engendrada de consultor de políticas públicas (sublinho), a atribuir ao cidadão televisionado Sérgio de Figueiredo por ajuste directo; o qual, confortavelmente sentado à Mesa do Orçamento, vai receber mais de € 5 833 mensais para prestar companhia e apoio ao titular do Ministério das Finanças, Fernando Medina – o qual, ministro, tem um perfil eminentemente político, a acreditar no que li em sítio da Internet.
Caso para os contribuintes se regozijarem por esse predicado do ministro Fernando Medina. Pois se tal atributo não fosse possuído por ele, mais dois, três ou quatro consultores de políticas públicas seriam nomeados e maiores seriam os rombos no Orçamento do Estado e nos bolsos dos contribuintes.
Não obstante, não fique tranquilo o sacrificado contribuinte; visto que a qualquer momento pode ser nomeado um consultor de políticas particulares. Políticas que nem serão ocasionais em sedes governamental e da assembleia instalada no espaço palaciano de São Bento.
Uma realidade que urge reconhecer e dela extrair as devidas e necessárias conclusões, de aplicação imediata, é a pobreza franciscana de conhecimentos e a falta de capacidade para bem exercer a função ministerial por parte de muitos incapazes que se sentam nas poltronas ministeriais. Depreende-se que por isso asilam nos gabinetes dos ministérios dezenas de pessoas, na maioria jovens a quem facultam um primeiro emprego para o qual não estarão dotados e providos de experiência. Acresce que os funcionários dos quadros são alvo de discriminação funcional e inaproveitados em trabalhos que dantes faziam com proficiência, a reflectir-se no acolhimento e aplicação regulares; exactamente como acontecia com a elaboração das leis, das normas, dos regulamentos que mantinham a funcionar em pleno e com eficácia todos os sectores da Administração Pública. Tudo isso se há perdido na voragem do tempo e da vacuidade imposta por gente incapaz e de mentalidade sectária, geralmente em posição de mando, poder e fazendo obsceno alarde de sobranceria bacoca e insólita.
Outro aspecto de não menos importância, porque muito significativo, tem a ver com um pormenor: o de recrutamento dos colaboradores das várias excelências. É que nessa escolha se reconhece a competência e a isenção de um governante, chefe e empresário. Qualquer que seja o detentor de um Poder de Chefia e de gestão política, administrativa, empresarial ou comercial, a sua capacidade para bem exercer a função em que está investido se reconhece e se afirma pela capacidade que revela em bem escolher os melhores colaboradores.
Aqui neste ponto e domínio de actuação das ministeriais figuras a população atenta tem conhecimento dos desoladores quadros operacionais patentes nas galerias e gabinetes dos ministérios e por tudo que é sítio que ostenta bênção de ministro ou de secretário de Estado.
Tal e qual como indica o ditado: “Quem não tem vergonha, todo o mundo é seu”.
Visto e respigado fica exposta, sem reticências, a desnudez da governação nacional. A imagem infunde tristeza e repulsa. Infelizmente…
A condizer em termos negativos com aqueloutra do amargurado Zé-Povinho, de tanga … e famélico – precisamente ao contrário dos janotas bem aperaltados, melhor alimentados e com as carteiras a abarrotar de quantias enormes de euros que, sem pudor, sôfregos, oportunisticamente, recolhem abancados à mesa carunchosa, prestes a desconjuntar-se, do ORÇAMENTO.
Mesa que, por enquanto, ainda permanece amparada pelo grande capital internacional e pelo Banco Central Europeu.
Mas cumpre-me dever de perguntar: até quando vai persistir esse amparo? E que contas estão o Governo e a assembleia dos presumidos repúblicos e de alguns ressabiados monárquicos, a dar à vida futura da Nação Portuguesa?
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