FENÓMENO QUE NÃO É DO ENTRONCAMENTO

MAS SERÁ UM “MILAGRE” ROSADO EM LISBOA

 

Brasilino Godinho

17 de Agosto de 2021

 

01. Na Internet se denotam duas facetas: a de bem servir o público, a de previsível utilidade da informação facultada e a de possibilitar a aquisição do conhecimento enriquecedor de matérias culturais, sociais e científicas; outra, a do mal que é instilado como veneno na mente do leitor ou ouvinte, a do supérfluo de tudo aquilo que é noticiado à balda e a do conhecimento maléfico e (ou) redutor de matérias desagregadoras da sociedade; mas que, não obstante, muitas vezes, tem a vantagem de servir de alerta da população que assim toma consciência de procedimentos ilícitos que urge evitar ou repudiar.

E é precisamente neste último aspecto que muito se evidência o alcance das chamadas redes sociais que hoje são meios mais abrangentes, livres e acessíveis de comunicação social dos que os tradicionais: jornais, rádios e televisões.

De modo que as populações dispõem da Internet como o instrumento de informação que, sem restrições e censuras prévias, lhe dá notícias sobre ocorrências que costumam ser sonegadas ao público, pelos obscuros canais de censura existentes em Portugal.

 

02. Numa rede social acabo de ler: A Câmara Municipal de Lisboa tem “disponibilidade logística e financeira para receber refugiados afegãos”. 

PASMO! Só pode ser milagre! Não do Entroncamento. Mas, sim, “milagre” rosado!

Quem diria? Ou sonharia? Uma folgada, surpreendente, situação financeira estranhamente associada ao desfecho da guerra do Afeganistão, com a tomada de posse da capital Cabul pelos talibãs.

 

03. Por hipótese, facilmente admitida por este mecanismo milagreiro, as futuras provisões monetárias dos cofres da autarquia lisbonense vão depender do eclodir de novas guerras-tipo Afeganistão. O que se lamenta por traduzir um despudorado aproveitamento das desgraças de povos estrangeiros. Desde já, onde quer que surjam os conflitos, os respectivos Estados ficam sujeitos à terrível, bastante interesseira ameaça/maldição da Câmara Municipal de Lisboa e ao empenho de ela se manter à coca para arranjar pretexto para engenhar novo “milagre” rosado.

 

04. Porém, o que ressalta de mais perverso neste “milagre” rosado é que a edilidade lisbonense, de matriz róseo/socialista, não tem tido “disponibilidade logística e financeira” para cuidar das inúmeras pessoas sem-abrigo que vagueiam e dormem ao relento sob as arcadas dos edifícios ministeriais do Terreiro do Paço e nos passeios das avenidas de Lisboa.

 

05. E não é que de-repente surge dinheiro para acudir a refugiados. Sorte destes. Maldição dos maltratados/desgraçados e muito desprezados lisboetas; que agora se desejariam ver na condição de refugiados afegãos… “Milagre” rosado!… Claro! Que nem água turva escorrendo nas valetas da Praça do Município, em Lisboa.

 

06. Interrogo-me: como é que se permite fazer figura de rico, um País, Portugal, dominado por um Estado que nem dinheiro tem para mandar cantar um cego no Rossio da capital, que tão mal cuida, despreza e maltrata milhares de milhares de seus empobrecidos cidadãos, muitos deles esfomeados, sem meios de sobrevivência; tem instrumentos e capacidade de assegurar vida digna de muitas centenas de refugiados. Será outro “milagre” rosado do colégio ministerial de setenta membros, designados por ministros? “Milagre rosado”, ele seja ou não, o certo é que a esquisita e obscena “coisa” deixa aturdida e indignada uma enorme multidão de nativos da lusa Pátria.