A FALSIDADE DAS RELAÇÕES OFICIAIS ENTRE PORTUGAL
E A MONARQUIA ESPANHOLA, DESDE 1817 E EM TEMPOS
DE FRANCISCO FRANCO, JUAN CARLOS E FELIPE VI
Brasilino Godinho
10/Agosto/2021
As relações entre o Estado de Portugal e a Monarquia de Espanha são pautadas num repugnante clima de abjecta subserviência, supinamente assumido pelos governantes portugueses.
O que é agravado pela insistência com que, tão desnaturados nativos de Portugal, desavergonhadamente, proclamam que os políticos espanhóis são afeiçoados “hermanos” que muito amigos são dos portugueses. E, por vezes, chegam ao descaro de apontarem o ditador espanhol, general Francisco Franco, como tendo sido um alto dirigente que teve para com os portugueses uma relação de amizade. O que é redondamente falso.
Facto é que desde a juventude que Francisco Franco, galego de nascimento em Ferrol, devotava um ódio de estimação a Portugal. Logo na prova final do Curso de Cadetes, na Academia Militar de Toledo, ele deu demonstração dessa obsessiva aversão. Apresentou a tese designada: “Como ocupar Portugal em 28 dias” que foi muito elogiada pela hierarquia militar espanhola.
Aliás, se durante a Segunda Grande Guerra, de 1939/1945, o Caudilho Franco não invadiu Portugal como sempre ambicionou, terá sido porque no encontro de Hendaye não terá obtido a aprovação de Adolf Hitler e por em Portugal estar vigente o regime ditatorial, de matriz fascista, chefiado por Oliveira Salazar, que lhe era favorável. O qual teve a precaução de ser para ambos ditadores um colaborante atencioso em diversos aspectos e até com o fornecimento do precioso e imprescindível volfrâmio à Alemanha (dele muito carente para o funcionamento da sua indústria de guerra) e o envio para as frentes da guerra civil de Espanha de uma milícia, “Viriatos”, comandada pelo major Jorge Botelho Moniz que, com a sua Rádio Club Português, fazia intensa propaganda pró-franquista.
Não concretizar a ocupação de Portugal terá sido a grande frustração de Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco Bahamonde Salgado-Araujo y Pardo de Lama que, após a guerra civil, a si próprio se atribuiu o título de Generalíssimo.
Tal desígnio, anti-Portugal, do general Francisco Franco até se intui da circunstância de que, no seu leito de moribundo e num contexto de troca de impressões sobre a revolução portuguesa de 25 de Abril de 1974, teve forças e verrina suficientes para afirmar que os portugueses são cobardes.
Sempre que falo ou escrevo sobre esta fala do ditador espanhol, julgo que ele estaria a lembrar-se da forma como os governantes portugueses têm procedido quanto à ocupação da alentejana Olivença por parte da Monarquia de Espanha.
Importa assinalar que no dia 10 de Junho de 1817 a Espanha subscreveu o Tratado de Viena, de 1815, que lhe impunha (e continua a impor) a devolução da soberania de Olivença a Portugal.
Forçoso é reconhecer a cobardia dos governantes de Portugal de se acomodarem face à indecente e criminosa atitude da Monarquia de Espanha. De referir que a Constituição da República Portuguesa anota a integridade do território nacional comportando Olivença e que a delimitação de fronteiras ainda não está processada naquela zona alentejana, precisamente por causa da abusiva ocupação de Olivença (imposta em termos de intensiva colonização espanhola) pela opressiva Monarquia de Espanha. Manter-se esta situação representa uma clara e gritante violação da Constituição da República Portuguesa.
Urge proceder judicialmente contra os violadores que são os actuais detentores do Poder e dos supremos órgãos de SOBERANIA. Não se admitem contemplações para com traidores à Pátria. Embora se saiba que Portugal nem é um Estado de Direito. E o caso aqui em apreço, de persistente violação da Constituição, é disso prova concludente e insofismável.
Outrossim, trata-se de uma questão que governantes portugueses e espanhóis têm ocultado à maioria das suas populações, com o despudorado propósito de não se levantarem ondas que prejudiquem o clima de tácito conluio entre o subserviente e cobarde governo português e a arrogante monarquia espanhola.
Pelo que não haja dúvidas: há que sentir vergonha e reconhecer que o general Francisco Franco tinha razão; não quanto à generalidade dos portugueses, mas sim em referência aos governantes de Portugal.
E se desde 1817 têm sido cobardes, acresce agora o facto de se mostrarem bajuladores e incitarem a violência da repressão monárquica sobre a maioria da população da Catalunha.
Catalunha, à qual - de alguma forma - devemos a consolidação da vitória da revolta de 1 de Dezembro de 1640; dado que o exército espanhol estava mais mobilizado na confrontação com os revoltosos catalães que se batiam denodadamente pela independência da Catalunha, do que concentrar esforços durante os vinte e oito anos (1640/1668) da Guerra da Restauração em que foi acometendo militarmente contra Portugal.
Enfim: a que ponto extremo de degradação moral se chegou neste País!
O que entristece! Irrita! Revolta! Envergonha! E fere a nossa dignidade de naturais de um País que teve um importantíssimo papel na História da Humanidade!
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