A MODA DOS PASSADIÇOS
E DAS PONTES PEDONAIS
Brasilino Godinho
03 de Maio de 2021
Inicio esta crónica por uma declaração: não sou pessoa de seguir modas, nem de as apreciar. Com uma agradável excepção: desde que surgiram as vistosas minissaias, os atraentes biquínis e os extraordinários monoquínis, apreciei umas e outros devidamente como, para mim, é de bom-tom e de imperativa obrigação celebrar tudo o que orna e é deslumbrante expressão do belo e eterno feminino; do qual sou confesso, persistente, venerador.
Com tal estado de espírito, naturalmente que a minha posição sobre as modas é bastante reticente.
Pelo que assinalo, com sentido crítico, a propensão de muita gente e entidades várias que, em Portugal, estão permanentemente a copiar tudo o que acontece na estranja ou em território nacional, quanto a acontecimentos de diversas naturezas, espectáculos culturais, artísticos, desportivos, e as realizações várias com seu quê de novidade estética, de funcionalidade invulgar, ou de espalhafato mediático.
É confrangedor a tendência que em Portugal se verifica constantemente em gente sem o dom de criação, para copiar ou mesmo plagiar as produções alheias.
De maneira que não me causou estranheza a moda que está sendo seguida em várias localidades portuguesas das construções dos passadiços e das pontes pedonais. Aliás, dir-se-ia que, em Portugal, se está desenvolvendo uma luta à compita para apuramento de qual a autarquia que implanta nos seus domínios o maior e mais bonito passadiço ou a mais deslumbrante ponte pedonal; mesmo que, pelo menos, suspensa sobre o vale das muitas ambições e devaneios de esquisitas criaturas autarcas, de maior ou menor aceitação pública…
Se bem actualizado me julgo no que concerne ao conhecimento de origem da construção de pontes pedonais e passagens estreitas de peões para encurtar distâncias, direi que ela terá sido localizada na China.
Construções chinesas que provocaram admiração à escala mundial.
Entretanto, portuguesas entidades públicas antevendo os passadiços e os viadutos pedonais como chamarizes turísticos para as suas terras, não perderam tempo e logo promoveram as construções de tais infra-estruturas urbanísticas.
Actualmente, nas praias, nas vilas e cidades tais equipamentos destinados aos peões existem em quantidade tão elevada que já vão atingindo a banalização e o desinteresse pelo seu uso continuado, a que acrescerá a depreciação paisagística. As pessoas cansam-se de mais do mesmo.
Vaticino que, também em breve prazo, a desilusão das autarquias acontecerá face aos débeis rendimentos das respectivas explorações e à inevitável correlação a estabelecer com o elevado dispêndio de milhares de euros com a construção e manutenção de tais meios materiais de funcionalidade turística; precipitadamente tidos como proporcionando grandes rendimentos de exploração da indústria/comércio associado ao Turismo da terra ou da região.
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