A RESERVA MORAL DA NAÇÃO LUSA,
JÁ PERDIDA NA VORAGEM DO TEMPO
Brasilino Godinho
30/Abril/2021
Durante séculos o sector mais conservador de Portugal alimentou a ideia de que era na Igreja Católica que se concentrava a Reserva Moral do País; embora, com cinismo e enorme hipocrisia, abstraísse a dramática realidade da existência da Inquisição e dos seus hediondos crimes e ferozes perseguições a milhares de pessoas.
Na era do Estado Novo, sob a direcção do católico/maçon António de Oliveira Salazar, era declarado, com alguma ênfase, que a reserva moral da Nação tinha expressão e valia nas Forças Armadas.
Por ironia do Destino foi contra a ditadura do Estado Novo que a reserva moral, concentrada nas Forças Armadas, deu gritante evidência dessa específica qualidade/condição ao desencadear a revolução do 25 de Abril de 1974.
Porém, sucedeu que após esse ano de 1974, nunca mais se ouviu falar da Reserva Moral da Nação, estivesse ela em sede militar ou noutra qualquer instituição ou entidade creditada como distinta e idónea.
Por livre determinação pessoal houve tempo, posterior à data da abrilada de 1974, em que admiti estar tal reserva moral circunscrita à Justiça (Suprema Magistratura Judicial).
A sucessão de acontecimentos deploráveis e o irregular funcionamento de várias instâncias judiciais têm sido mostra de que, afinal, a Reserva Moral da Nação não tem seguro refúgio no campo da Justiça.
Por estes dados cheguei à conclusão de que Portugal, actualmente enfermando de muitas crises de variadas naturezas, dispersas por múltiplos sectores da sociedade e suportando dolorosamente incríveis e muito trágicas desgraças e desmandos da medíocre classe política; afinal, nem sequer dispõe de uma Reserva Moral da Nação que lhe servisse de arrimo e de incentivo de revigoramento do tecido social e de arranque de um novo rumo de engrandecimento da Pátria.
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