REFLEXÕES BRASILIANAS
Parte I
HOJE, CELEBRAR O QUÊ?
DATA? OU O PESADÊLO?
Brasilino Godinho
25 de Abril de 2021
Hoje, 25 de Abril de 2021 comemora-se, com significativa parcimónia, o aniversário da Revolução de 25 de Abril de 1974.
Importa sublinhar que se entrou, oficialmente, em activar um esquema de ritual evocativo a ter celebração anualmente. Ela, cada vez mais obscurecida pelo agravamento da situação sociopolítica do País, a que vem dando azo a vigência da malfada Partidocracia que desgoverna a Nação e muito maltrata a indígena população empobrecida, agredida na sua dignidade e persistentemente vilipendiada.
No aconchego do meu lar celebro o acontecimento reflectindo sobre a sua natureza específica de libertação do domínio de uma ditadura fascista e de ter propiciado algumas esperanças de facultar a criação de um Estado que proporcionasse: garantias de Liberdade, Fraternidade e Igualdade; o pleno exercício de direitos de cidadania; e que a toda a gente fosse permitido ter acesso a melhores condições de vida; e, sobretudo a ter usufruto de vivência num Estado de Direito.
Uma reflexão que, inequivocamente, me leva a dar-me conta de que, em muitos domínios, o revolucionário movimento militar abrilino, foi uma revolução frustrada; acintosamente atraiçoada por quantos políticos desonestos, impreparados, quais sucessores das hostes fascistas, dela se aproveitaram indecorosamente. O povo sofreu – e continua sofrendo dolorosamente com a gravosa situação que vem prosseguindo inexoravelmente um percurso de destruição de Portugal.
De modo que em tal dramático quadro negro não faz sentido celebrar festivamente a data de 25 de Abril de 1974. As marchas da Avenida da Liberdade, de Lisboa, mais me parecem tristes romagens ao cemitério do Alto de São João, da capital alfacinha, onde se efectuariam preces para sufragar a alma da revolução perdida na voragem do tempo e sucumbida pela ganância e maldade dos Donos Disto Tudo e de numerosos políticos ambiciosos, corruptos e desavergonhados.
Sendo a existente Partidocracia sucedânea da Ditadura do Estado Novo, tenha-se presente que ela é, intrinsecamente, uma nova formulação ditatorial, convenientemente - para uso próprio - disfarçada de democracia.
Conceitos de autoritário poder, prepotente domínio, exploração desenfreada, exercícios censórios, práticas de manipulação, abusos de toda a ordem e de generalizada corrupção; prevalecem e se avantajaram relativamente aos usos e costumes da precedente Ditadura. Aliás, se poderá dizer com objetividade e séria avaliação que esta preponderante nova rapaziada da terceira república é hoje “democrática” como teria sido ontem fascista e, eventualmente, amanhã, em situações propícias, será neofascista. A deseducação e fraca mentalidade de que se adornam lhes permite toda a libertária versatilidade política.
Infelizmente, por assim ser a realidade do nosso quotidiano, é que as comemorações do 25 de Abril de 1974, são hoje realizadas com grande alheamento das populações, quase cingidas à participação de muitos que atraiçoaram os desígnios da Revolução dos Cravos – o que vem a ser uma dramática ironia do Destino.
(Continua na Parte II)
0 Comentários:
Enviar um comentário
<< Página Principal