NO POUPAR É QUE ESTÁ
O GANHO DO BENFICA...
Brasilino Godinho
10/Maio/2021
01. Agora, em hora de sossego, pós jantar, depois de ler a notícia da declaração de Jorge Jesus, treinador da equipa de futebol do Benfica sobre o estranho fenómeno de «O Seferovic não vai ter penáltis porque o Benfica não tem penáltis» e sentado de frente ao computador eis que me surge a ideia, conjugada com a pachorra, para escrever sobre o futebol.
Provavelmente os leitores que mais atenção dispensam às minhas crónicas estranharão esta repentina atitude. Têm razão!
Começo por afirmar que não tenho filiação clubista. O futebol se na minha adolescência me concitava gozo da respectiva prática, por sinal muito desastrada, com o decorrer do tempo, para mim veio paulatinamente perdendo interesse como praticante. Também não despertando vontade de assistência aos jogos dos campeonatos nacionais. Com excepção dos desafios disputados pelas selecções nacionais que, às vezes, são vistos através das transmissões televisivas. Dito de outra forma: nem sequer sou adepto de bancada.
Claro que retratando-me de tal maneira fico muito mal visto pelas legiões que afluem aos estádios em marchas forçadas como se fossem milícias armadas que se aproximam do campo de batalha.
Designação (campo de batalha) bastante apropriada; porquanto não é só no exterior dos estádios que ocorrem os combates. Garantida está a luta e previsto o acérrimo combate que se desenrolará no quadrilateral relvado do estádio.
Sendo assim extremamente guerreira a natureza do espectáculo dito e publicitado como sendo de futebol, haveria conveniência e real objectividade em o designar conforme com a semântica inerente à batalha campal que nele ocorre.
02. Actualmente, nos estádios não se joga futebol. A bola que rola entre os jogadores e que de quando-em-quando é pontapeada e alvo de cabeçadas, é um colorido adorno que dá azo às corridas frenéticas do senhor de apito apertado na cavidade bocal; o qual, parece empenhado em apanhar bonés lançados por espectadores desvairados. Também, ela (a redondinha peça) pretexto para as agressões entre as 22 criaturas que se perseguem umas às outras. Haja consciência de que isso não é futebol.
Assiste-se, sim, a uma luta em que as grandes armas são as pisadelas, os pontapés nas pernas do adversário, as fortes cabeçadas e as altas cotoveladas distribuídas em profusão e com violência. O que se apresenta como todo um arsenal bélico que os contendores usam para reduzir cada adversário à impotência do seu exercício guerreiro.
03. Focando apreciação ao título desta crónica, assinalo que poupado estando o Benfica de não ter penaltis, estará o jogador Seferovic e seus companheiros dispensados de treinar as marcações dos ditos. Assim fica a equipa benfiquista mais disponível para ensaiar outras várias modalidades de luta e o treinador mais liberto e com maior disponibilidade de tempo para ocupar seu precioso trabalho de concepção, orientação e de supervisão dos ensaios de boa execução artilheira; esta, consubstanciada em artificiosos tiros aos alvos móveis que são os lutadores adversários…
04. Enfim, nem sempre o que parece infortúnio de uma equipa de guerra futebolística é prejudicial para ela… pois há males que até são bem-vindos… como parece ter sido no caso aqui em apreço.
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