Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quarta-feira, fevereiro 03, 2021

 

A ANÁLISE QUE FALTOU NA

TELEVISIVA NOITE ELEITORAL

 

 

UM TEXTO SEM TABUS…

Brasilino Godinho

30/Janeiro/2021

 

ELEIÇÃO PRESIDENCIAL DE 24/JANEIRO/2021

Parte III

(Continuação)

 

05. A AFORTUNADA VOTAÇÃO

DE 24 DE JANEIRO P.P. DE QUE

BENEFICIOU ANDRÉ VENTURA

 

Os políticos arregimentados, os avençados comentadores, indiferenciados membros das tribos partidárias, porfiaram na noite eleitoral do p.p. dia 24 de Janeiro no mal-ajambrado exercício de fazer crer aos telespectadores que dos resultados da eleição presidencial se poderiam extrair indicações sobre o futuro das várias correntes políticas que integram a Partidocracia vigente em Portugal.

Aqui, neste escrito, me importa realçar que, apesar da ousadia e despudor evidenciados pelos diversos intervenientes naquele espectáculo televisivo, eles não acertaram convincentemente nos pressupostos a que lançaram mão, em arremesso compressor das mentes de quantos cidadãos conscientes se sujeitaram pacientemente ao massacre, sem abdicarem de sentido crítico.

Também indico que contraponho a tais ligeiras e algo abusivas considerações dos participantes nas transmissões dos canais televisivos, a serena, isenta, objectiva apreciação que formulo neste texto, atendo-me, simplesmente, à essência da questão em apreço.

Os resultados das votações não me suscitaram surpresa. É que na eleição estava assente e determinada por consenso geral que seria a oportunidade de, através do voto, os portugueses expressarem o repúdio pela desastrosa governação do Regimento de Infantaria Governamental – corpo operacional que congrega 70 oficiais de várias patentes e que na gíria oficial é designado por governo.

Afinal, repúdio a traduzir a indignação que se manifesta em vários sectores da população, nomeadamente, bastante acentuada nos últimos meses e provocada pelas terríveis consequências da inconsistente política sanitária face à pandemia Covid-19, que vem sendo prosseguida sob orientação de amorfo ser Temido.

Também indignação latente relativa a censuráveis intervenções do ministro da Administração Interna e, ultimamente, atingindo grande repercussão devido à revelação da falsidade das referências curriculares do nomeado procurador europeu, Guerra; as quais indiciam caber responsabilidades à ministra da Justiça; a qual, não se demitiu, nem foi demitida.

Com tanta indignação acumulada na sociedade portuguesa era previsível que as votações a expressassem e se dispersassem pelos candidatos desafectos ao Regimento de Infantaria Governamental; exceptuando o vencedor Marcelo Rebelo de Sousa cujo triunfo eram favas há muito contadas – e que ele foi acumulando paulatinamente, com mestria, no Palácio de Belém…

Daí que tenham sido os candidatos Ana Gomes e André Ventura que recolheram o benefício da recolha de votos. Neste contexto, há que apontar a utilidade da candidatura de Ana Gomes, porque a não existir maior teria sido a votação no candidato André Ventura, conotado com a extrema-direita.

Aliás, no que concerne aos votos concentrados em André Ventura é manifesta a peculiar conotação dos respectivos eleitores: profunda aversão ao grémio governamental e seu chefe António Costa.

Todavia, tais circunstâncias eleitorais em situações de anormalidade governativa que provocam um mal-estar e clima de hostilidade ao governo, não representam nada de inédito.

Estou lembrando o caso de Adolf Hitler, em 1933, que ascendeu ao Poder, através do ganho em eleições, e por consequência da Alemanha estar enfrentando uma degradante situação sociopolítica. 

Insistindo no caso de André Ventura considero que nele vislumbro precedente na pessoa do político francês Pierre Poujade, presidente de um movimento de comerciantes contestatários que, em França, no ano de 1956, surgiu na cena política com inesperado e retumbante êxito nas eleições legislativas. Mas que a partir de 1958 iniciou um percurso de irreversível declínio político.

Porque Ventura e Poujade com aspectos semelhantes de envolvência e afirmação nas sociedades portuguesa e francesa, admito que ao português sucederá, no futuro próximo, o mesmo que aconteceu ao seu homólogo francês: o continuado apagamento da carreira política.

Porém, tal não sucederá a André Ventura se o seu improvisado aliado e promotor circunstancial, Partido Socialista, e o corrosivo Regimento de Infantaria Governamental, encetarem, de imediato, um processo de regeneração e facultarem: um rumo mais substancial e consistente às actividades governativas; e a imprescindível transparência associada a maior seriedade na acção política quotidiana.

No entanto, acentuo a impressão de que é inegável que a André Ventura haverá hipótese de prosseguir no activo da política se o Regimento de Infantaria Governamental continuar a alimentar o fulgor e a promoção venturosa, por via do descontentamento que suscita na população e que decorre das desastradas campanhas operacionais que, obstinadamente, desenvolve, acumulando imensos prejuízos e consequências extremamente destrutivas – o que é manifesto em vários sectores da sociedade portuguesa.

Claro que André Ventura vai mostrando algumas habilidades de manipulação das massas. A mais recente é o pedido de demissão de chefe do partido Chega. Um expediente que visa obter confirmação no comando das hostes e impressionar as fanatizadas gentes analfabetas. Mas não tem nada de novo. Faz-me lembrar o coronel Gamal Abdel Nasser, ex-presidente da República do Egipto que, em dada altura, para reforçar o seu poderio, apresentou demissão do cargo e assim suscitar maciça manifestação popular de apoio. A estudada manobra teve pleno êxito. Também ninguém duvida que Ventura vai ser reconduzido com festejada aclamação comicieira, ampla transmissão de TV amiga de fresca data e profusa divulgação empreendida por alguns jornais compinchas. 

Se André Ventura mostra algumas habilidades, e conserva pequena tribo de apoiantes ricaços, elas e estes nem serão suficientes para encobrir a verdade que carreia per se: não mostra envergadura de político credível. Hoje, Rui Rio considerou que André Ventura usa linguagem de bazófias.

Mais de referenciar: André Ventura, chefe-supremo/promotor-mor/secretário único/administrador exclusivo/incontestável proprietário, do partido Chega; este, configurado como peculiar tribo de aconchego funcional de um homem (Ventura de apelido e de alcance de afortunada colecção de boletins eleitorais no p.p. dia 24 de Janeiro) que se assume como espalhafatoso caudilho, só terá algum futuro de vivência política se beneficiar e aproveitar oportunisticamente do clima de deriva política e de inoperância administrativa da actual governança e de persistente mantença de fraqueza, inaptidão e descrédito das tribos partidárias representadas no Palácio de S. Bento.

(Continua na Parte IV)