UM TEXTO SEM TABUS…
Brasilino Godinho
13/Dezembro/2020
AS DECISÕES E INDECISÕES
QUE NOS DEIXAM ATÓNITOS
As decisões são de âmbito governamental e incidem sobre três instituições: TAP, NOVO BANCO E SEF (incluindo a ex-directora).
A TAP é agora protagonista de uma narrativa sem fim à vista. Todas as semanas o ministro da tutela e outras entidades apontam, em crescendo, verbas de milhões de euros como necessárias para a recuperação do saneamento financeiro da empresa. Ninguém se entende quanto a dado concreto da provisão monetária necessária. Tão pouco se perspectivam as medidas adequadas para a imprescindível reestruturação.
Fala-se no despedimento de milhares de trabalhadores e na redução de salários. Mas não há a menor referência quanto à demissão e redução do número de administradores; ou a cortes nos vencimentos e regalias de quem tão mal tem gerido a TAP. É a barafunda total! A inequívoca irresponsabilidade existente e acalentada em dupla sede empresarial/governamental.
Atendendo aos usos e costumes prevalecentes em Portugal, uma previsão tenho como certa: mesmo que a TAP seja extinta por falência, nenhum administrador sairá em situação de penúria. Pelo contrário: acabe a empresa, mas permita-se que a bolsa de cada administrador seja muito recheada de grandes maquias de euros, quando eles forem despedidos.
O que se passa com o Novo Banco parece ser um perene escândalo de má gestão recompensada com milhares de euros anualmente distribuídos pelos administradores. O governo, ano após ano, remete para os cofres do banco grandes quantias de dinheiros dos contribuintes.
Cofres que mais parecem poços sem fundo. A trama urdida no contrato de transferência de propriedade e gestão para organização financeira norte-americana foi tão maliciosamente concebida que não há maneira de haver entidade que ponha travão a tamanha exploração do Erário.
O SEF incorporou no seu interior agentes que praticaram o horrendo homicídio do cidadão ucraniano que buscava trabalho em Portugal; o que aconteceu no Aeroporto de Lisboa. O caso obrigava a que, rapidamente, se procedesse judicialmente e que ministro da Administração Interna e directora do SEF fossem demitidos. Nem uma coisa, nem outra, aconteceram. Houve, sim a preocupação de iludir a realidade do acontecimento trágico.
Para mais agravar a imagem do País e realçar que nele não funciona um estado de Direito, tem sido dada referência de que a demitida directora-geral do SEF irá ser premiada com a nomeação para desempenhar um alto cargo na Embaixada de Portugal em Londres, propositadamente criado para ela; com a particularidade de vir a ser altamente remunerada.
O ministro que perdeu credibilidade perante o povo continua a gozar da “total confiança do grão-chefe da (des)governação de Portugal.
Estes três casos e outros mais que se vão sucedendo, numa dramática continuidade, demonstram uma faceta comum: lhes subjaz a crónica indecisão da alta hierarquia do Estado em introduzir ordem na estrutura da governação do País e prioridade na recuperação do Pais em proveito do povo e no alcance da sua boa imagem externa.
Daí, me permito dar testemunho de que por tantos desconchavos e malefícios, acintosamente impunes, está este País mergulhado num lamaçal putrefacto e num deplorável pântano de descrédito, corrupção, descalabro e desgraça.
Face a este tenebroso quadro, aqui sucintamente descrito, e volvendo ao título no qual se alude a INDECISÕES QUE NOS DEIXAM ATÓNITOS (articulista e cidadãos nativos), devo anotar que, num primeiro impulso, estive tentado a escrever que não teria palavras para o mesmo verberar com a severidade que se impõe como dever cívico.
Porém, logo considerei que, afinal, até disponho de um numeroso conjunto de adjectivos ajustados para com intensidade classificar apropriadamente tanta indecência, imensa desgraça, muita incompetência, incrível desgovernação, avassaladora imoralidade, despudorada exploração dos contribuintes, poderosa e ameaçadora mafia da corrupção e generalizada hipocrisia.
Ponderadas as minhas duas enunciadas atitudes atinentes às indecisões que nos afligem (colocadas num plano hipotético) que, parecendo díspares, bastante se conectam entre si e por que dando realce ao meu posicionamento crítico, prescindo de mais acrescentar relativamente ao repúdio que nutro pelo atual estádio do sistema sociopolítico de Portugal. Outrossim, visto que a cartilha fica suficientemente preenchida para fácil apreensão de cidadão, livre de preconceitos e fanatismos, bom entendedor, atento e amigo da sua Pátria.
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