Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quinta-feira, dezembro 10, 2020

 

UM TEXTO SEM TABUS…

Brasilino Godinho

10/Dezembro/2020

 

O ABUSO E O USO DOS TÍTULOS ACADÉMICOS

E OS PRURIDOS E EQUÍVOCOS QUE SUSCITAM

(Continuação da INTRODUÇÃO, de 05/Dezembro/2020)

 

CONSIDERAÇÕES DE MÚLTIPLA GENERALIZAÇÃO

Parte I

 

Em continuidade do texto introdutório do tema inscrito em título, vou expor o que se me afigura ser uma pertinente e apropriada minha intervenção face à observação feita pela Dr.ª Manuela Eanes (me desculpará por não a tratar simplesmente por Manuela, pela elementar razão de que prezo ser cultor do respeito e das normas de delicadeza que nos devemos uns aos outros), no decurso da entrevista que concedeu ao canal de televisão SIC, no dia 26 de Novembro p.p., programa de D. Júlia Pinheiro, que foi do seguinte teor: “Minha cara amiga, este país é um país de doutores e engenheiros. Eu não aceito isso no meu país. Trate-me por Manuela”.

Alguém, no Facebook, num repente, comentou: “QUE GRANDE EXEMPLO!!!”

 

Eu, Brasilino Godinho, comento: QUE GRANDE MAU EXEMPLO!

 

Explico-me:

 

- Tomando interpretação em sentido literal:

 

Desse logo, em Televisão não se aceitam tratamentos familiares entre entrevistada e entrevistadora. Obviamente!

Iniciando referência objectiva: Que pena Portugal não ser um país de doutores e engenheiros, desde que cultores dos princípios morais, éticos e dos valores que dão consistência à harmonização da vida colectiva.

Se o fosse, provavelmente e pelo que representaria em termos civilizacionais e de desenvolvimento social e cultural da população, o País não se encontraria na actual situação degradante e de pobreza generalizada em vários sectores da sociedade.

 

Ainda bem que a Dr. Manuela Eanes não tem poder para impossibilitar essa potencial riqueza da nação portuguesa.

 Outrossim, lamentável a correlativa associação de desvalor dos doutores e engenheiros que, eventualmente, pode ocorrer por parte de gente sugestionável, carecida de instrução e incapaz de contextualizar e melhor interpretar tudo aquilo que ouve da boca de pessoa ilustrada.

O que não é factor despiciendo num Portugal ainda mergulhado nas trevas de um deprimente e profundo analfabetismo das três vertentes: primária, funcional e cultural.

 

- Tomando interpretação da linguagem da Dr.ª Manuela Eanes, algo metafórica e em sentido subjectivo:

 

Subentende-se que a Dr.ª Manuela Eanes pretendia aludir à propensão de muitas pessoas se arvorarem possuidoras de habilitação que não têm ou que, a tendo, se obstinam em fazer alarde de tais habilitações universitárias.

 

Como anotei na primeira linha da INTRODUÇÃO reconheço que “Em Portugal existe uma tradição de doutorice aguda”.

Tal reconhecimento não obsta que formule algumas reticências e manifeste desacordo sobre o exagero que se nota nalgumas atitudes e procedimentos censórios sobre o uso do qualificativo de doutor e de engenheiro por parte de quem, com legitimidade, é detentor de tais graus universitários.

 

É frequente que, de forma elementar, descuidada e, sobremodo, falha de objectividade e coerência, se diga ou escreva que a pessoa tem nome próprio e até será abusivo acrescentar-lhe dr. (licenciado) ou doutor (por extenso, se doutorado).

Ouso perguntar se a Dr.ª Manuela Eanes e tantos outros indivíduos recusam o tratamento de senhora e de senhor, dado que a palavra também não integra a identidade da pessoa?

Quem imagina haver qualquer cidadão anónimo chegar junto do general Ramalho Eanes e lançar-lhe em rosto: Bom dia Ramalho, como vais passando? Nem sequer, tratando-o por senhor.

 

Isto escrito, para anotar que o tratamento por dr, ou por doutor tem sentido idêntico ao de senhor e exprimindo cortesia, delicadeza, alguma reverência e até respeito pela dignidade do cidadão, que a ele é devido com pleno direito de aplicação e usufruto quotidiano. Igualmente, de apreço e reconhecimento por todo um laborioso e exigente percurso académico; inteiramente singularizado no seio da comunidade.

 

Claro que todos quantos se contemplam vaidosa e arrogantemente ostentando licenciaturas arrelvadas e socráticas não devem ser tratados por “doutores” e nem sequer por senhores – pois que são seres que cultivam a hipocrisia, a desfaçatez e muito desmerecem qualquer benévola e pequena que seja consideração pública.

 

Concluindo:

Certamente que a distinta cara-metade do general Ramalho Eanes, ao longo da sua existência, foi sendo tratada devidamente por Dr.ª Manuela Eanes e, provavelmente, nunca se opôs a tal tratamento. Agora, dando evidência de um absurdo, despropositado e gratuito expediente populista, teve na SIC aquela afirmação de todo lamentável: pelo teor, circunstância e notória inoportunidade, numa audição mediática. E com reflexos negativos de abrangência sociográfica e sociopata.

 

Pelo sim, pelo não, exaro uma anotação pessoal: apresento desculpas à Dr.ª Manuela Eanes pelo atrevimento de não a tratar por tu cá, tu lá, como deu a entender na SIC ser do seu agrado…

 

Mais informo a Dr.ª Manuela Eanes e garanto ao público: se alguma vez me cruzar com o marido da senhora, vou tratá-lo por Senhor General Ramalho Eanes ou Senhor Doutor Ramalho Eanes, dado que é doutorado (escrito por extenso, como deve ser sempre) pela Universidade de Navarra. Dele, espero que, à semelhança da esposa, não me peça para tratá-lo simplesmente por Ramalho…

 

Por último, permito-me deixar aos leitores e à ilustre senhora, aqui em foco, uma apropriada advertência: TUDO NA VIDA SE QUER COMO O SAL NA COMIDA; NEM DE MAIS, NEM DE MENOS. MAS NA ADEQUADA MEDIDA.