Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

domingo, dezembro 06, 2020

 

Crónica escrita a 29/Julho/2018

 

NÃO HÁ PACHORRA E ESGOTOU-SE-ME

A ADJECTIVAÇÃO PARA CONTEMPLAR

TANTA MALDADE E TORPE EXPLORAÇÃO

 

Brasilino Godinho

 

01. A Língua Portuguesa é muito rica. O seu léxico é imenso. Tem-se a sensação de ser um conjunto ilimitado de palavras. Atendendo, por um lado, a essa grandiosa envergadura lexical; e, por outro prisma, à moda do exagerado aferro à facilidade, ao imediatismo e à superficialidade; é restrito o uso que no dia-a-dia se faz da Língua Pátria. A que acresce a aberrante, condenável, prática de gente de alta cotação social em desvalorizar, achincalhar e desprezar a língua nacional. E subalternizá-la relativamente à língua inglesa.

Na nova vaga do jornalismo até se faz a apologia dos textos curtos e de sintéticas, inexpressivas, formalizações. Também por isso aí temos exposta, na sua fria nudez, a triste amostragem do que é hoje alguma imprensa de vão de escada… ou de sombria cave de arrumos. A que se junta a confrangedora derrocada de vários jornais de longas tradições e de agradáveis leituras.

No entanto, existem palavras que fazem corrente parte da comunicação falada e escrita entre os cidadãos nativos.

 

02. Pelo que me diz respeito há oitenta e seis anos que neste vale de lágrimas de lusa caracterização desenvolvida pela impressiva e autoritária orientação de Oliveira Salazar aplicada pelos seus feitores da Quinta Lusitana; a qual administrou com mão de ferro; e nele, qual purgatório, nestes últimos quarenta e quatro anos, sob a desgovernação das apregoadas elites democráticas que prossegue intramuros da mesma Herdade - me tenho socorrido de algum vocabulário esquecido ou ignorado pelo gentio, que considero adequado para analisar, criticar e verberar o malfadado estado de desvario e degradação a que tem sido conduzida a nação portuguesa. Até por que, sobremodo, me agrada desfrutar dessa imensa riqueza que jamais deve ser inaproveitada ou ignorada. É um tesouro ao nosso alcance. Dele, cumpre-nos o dever cívico e a obrigação patriótica de, em plenitude, o acolher, valorizar, fazer bom uso e o melhor aproveitamento. 

Mas a situação actual é tão desvalida, sobremaneira indecente e ofensiva da dignidade do país e das suas gentes, que me vejo compelido a confessar que esgotei o meu cerebral arquivo dos termos que melhor se aplicam em sede de avaliação, classificação e condenação, de tão maltratada vivência comunitária.

Já não tenho reserva de vocábulos apropriados para zurzir forte (sem rusticidade) tanta malvadeza cívica - como é o caso que me suscitou a reacção da presente peça escrita.

 

03. Os órgãos de comunicação social ao longo deste dia (29.7.2018) e como se estivessem anunciando a vinda dum messias, têm vindo a incitar a população a abastecer os carros com gasolina até à meia-noite, porque amanhã os combustíveis passarão a ser mais caros.

De imediato, sente-se impulso para a perda da compostura. Há que mantê-la! Mas fica-se possuído de espírito de revolta. Face a mais este desmando governativo dou-me conta que a condenação de tal ocorrência que, por dever cívico, me caberia fazer vigorosamente, por agora, está inviável; exactamente, pelo esgotamento de tal reserva acima anotada.

 

04. Deixo exposto o seguinte: Os preços do crude, nos últimos meses, têm vindo a baixar na produção. Na Europa (Espanha, aqui ao lado, incluída) os preços dos combustíveis são apreciavelmente baixos, sem comparação com os altíssimos que são praticados em Portugal.

Aumentar os preços dos combustíveis repercute-se imediatamente no insuportável agravamento do custo de vida e, indirectamente, na elevação das taxas de desemprego. Outrossim, agravamento nos custos de produção industrial que provoca a diminuição das exportações e o continuado desequilíbrio da balança de pagamentos do comércio externo, o crescente endividamento de Portugal, os aumentos nos transportes e nos mais variados produtos, a intolerável elevação da insegurança e mal-estar das populações, a continuada e agravada situação de pobreza e miséria de inúmeras famílias.

E como se está em maré de alta de preços, inevitavelmente é aproveitada a onda e alteados são os milionários vencimentos, mordomias e reformas dos administradores das empresas petrolíferas e de outras mais que, de vez em quando, vão à falência, visto que o dinheiro não é elástico e as notas não se multiplicam quando as receitas entram nas caixas das respectivas tesourarias. Poucas empresas que gastam fortunas mensais nos pagamentos de vencimentos e pensões dos administradores se aguentam em actividade. Os jornais quase diariamente trazem relatos elucidativos. Neste aspecto o vento também corre de feição a essa gente exploradora.

 

05. Nunca a Justiça pareceu tão esquiva! Nunca se fizeram tantas fortunas! Nunca se pagaram tão milionárias remunerações aos administradores das empresas públicas e dos bancos. Nunca houve tantos corruptos! Nunca houve tanta falta de vergonha!

Resultado a curto prazo: O País cada vez mais se afundando na corrupção e no abismo em que se situa.

Neste momento, vem-me a lembrança de saudar os nossos mais badalados políticos de meia-tigela e (des)governantes: Podem limpar as mãos às paredes dos vossos gabinetes pelo emblemático serviço global que estão prestando a Portugal e ao povo; igualmente, pelo rumo que estão dando à nação portuguesa!