UM TEXTO SEM TABUS…

Brasilino Godinho

11/Dezembro/2020

 

DECLARAÇÃO, ACINTOSAMENTE, REPUGNANTE!

 

01. Uma das coisas mais repugnantes que acontecem num Estado fingidamente configurado como de Direito, como é o caso de Portugal, é a impunidade atribuída a quantos governantes prepotentes, incapazes, desonestos, prevaricadores e atrevidamente desrespeitadores dos princípios e normas que devem orientar a acção política e a prática da governação. Eles podem ser incompetentes, desastrados, aproveitadores oportunistas e envolvidos em falcatruas e corrupções; mas nada os desaloja dos ministérios. Em contraposição, é-lhes facultado o prosseguimento das perniciosas actividades, pelo menos condenáveis pelo senso comum. Claro que contam com o beneplácito, a protecção e, nalguns casos, conivência do grão- chefe do governalho. Estão confortavelmente pousados no cadeirão ministerial como a lapa à rocha.

Salve-se o ministro! Mesmo que em sistemático e arrasador prejuízo da Nação.

 

02. Em Portugal, não recuando muito no tempo, a Nação viu-se confrontada com actuações de extrema gravidade por parte de ministros dos governos chefiados por Cavaco Silva, Santana Lopes, José Sócrates, Passos Coelho e, actualmente, por António Costa.

E a atitude comum patenteada pelos mencionados chefes dos executivos - sempre que são conhecidos os demasiado irregulares procedimentos dos ministros - tem sido de a estes, com pesporrência e obscena exposição pública, se lhes atribuir o merecimento da confiança absoluta do grande titular da governação; a qual, melhor se diria ser de desgovernação.

03. Um caso recente ilustra o precedente trecho desta oportuna crónica.

Há nove meses, no aeroporto de Lisboa, foi assassinado por agentes do SEF um cidadão ucraniano que entrava em Portugal como imigrante em busca de trabalho. Os três agentes do SEF, já reconhecidos como assassinos, estão detidos, com todo conforto, em prisão domiciliária. Depois de tentativas de encobrimento veio a público a informação sobre o que realmente tinha acontecido no aeroporto de Lisboa ao imigrante de nacionalidade ucraniana. A directora do SEF só ontem foi demitida. Também, tardiamente, decidida pelo governo a indemnização à família enlutada. O SEF é tutelado pelo Ministro da Administração Interna. Em qualquer país civilizado o ministro ter-se-ia demitido de imediato ou sido exonerado por imposição do chefe do governo.

Em Bruxelas, o que acaba de fazer o chefe António Costa?  Uma declaração deplorável! Disse que “mantém total confiança no ministro Eduardo Cabrita!”

Comento: Declaração, acintosamente, repugnante!

Digo: Chefe António Costa tem total confiança no ministro da Administração Interna, versus maioria dos portugueses que, certamente, não têm a mínima confiança no ministro Eduardo Cabrita.

Este o tenebroso quadro do Estado que temos, indecentemente desajustado aos superiores interesses da Nação!