UM TEXTO SEM TABUS…
Brasilino Godinho
21 de Setembro de 2020
SUPRA-SUMO DA JUSTIÇA PORTUGUESA
No século passado (XX) os chamados “Fenómenos do Entroncamento” sucediam-se com certa regularidade. Mas a verdade é que depois de 25 de Abril de 1974, foi um ar que lhes deu. Ou então perdeu-se-lhes o rasto.
Nestes tempos do século XXI, entre as modas que se tornaram corriqueiras, avultam os acontecimentos insólitos que o povoléu designa de escândalos ou a que os jornais e televisões dão realce ou transcendência.
Aqui e agora eu faço transcendência. Como se estivesse praticando a moral da transcendência. Afoito-me resolutamente. Cinjo-me à notícia de uma peripécia do âmbito da Justiça que temos em Portugal.
Ela causou grande alarme e já li que se teria caído no abismo mais tenebroso da Justiça Portuguesa.
Começo por dizer que a minha opinião difere um pouco. Tenho até alguma autoridade moral para assumir tal estado de espírito; visto que tenho criticado o funcionamento da Justiça em Portugal, chegando mesmo a escrever, preto no branco, que os serviços da Justiça continuamente se arrastam pelas ruas das nossas maiores amarguras e não menores desaires ou sofrimentos.
Face ao conhecimento do caso vertente tenho de confessar que fiquei deslumbrado. E dessa condição devo trazer informe aos meus leitores. Até me permitindo insinuar que me apetece (imagine-se…) dar meia mão direita à palmatória; uma daquelas que ficaram sobrando da Escola Primária, da época do ditador António Oliveira Salazar.
É que embora contrariado por, de restrito modo, me sentir posto em cheque perante os meus leitores, porventura desacreditando minha escrita, cumpre-me reconhecer - sem reticências - que o noticiado facto terá sido de extraordinária relevância social e se credita como importante e altaneiro factor de aprimoramento do exercício e aplicação dos expedientes da Justiça, em Portugal.
Claro que o leitor já se apercebeu que não alinho em cantigas. Pondo de parte o coro entoado por muitos indígenas e acolhido por tudo que é comunicação social, de que se trata de corrupção e de indecentes expedientes em sede de Tribunal da Relação de Lisboa, hei por bem descontrair, recuperar a serenidade e a lucidez que conservo em reserva intelectual de estimação, para anotar o seguinte:
Pela primeira vez, nos anais da Justiça Portuguesa, se terá atingido o grau sublime de se fazerem acórdãos impregnados de ternura – o que aconteceu com 15 acórdãos feitos pela advogada estagiária Bruna Amaral para o ex-juiz Rui Rangel.
Deveras impressionante e comovente os termos carinhosos da entrega dos acórdãos ao ex-juiz Rui Rangel.
Repare-se, no enternecedor endereço: ao “Amorzinho”.
A seguir, a expressão:
“Olha, os acórdãos que fiz estão todos seguidinhos”
Que cativante diminutivo. Como não houveram de estar bem juntinhos. Até para ele, juiz Rangel, bem os olhar. Que meiguice… não sobressai na interrogação “está bem?” Fácil é intuir que a resposta do ex-juiz, Rui Rangel, a condizer, terá sido: Está benzinho!... AMORZINHO!
Enfim, por uma inédita vez, em sede de JUSTIÇA, moldada em Português, o AMOR foi elevado às culminâncias da JUSTIÇA. Ou a JUSTIÇA revendo-se nas culminâncias do AMOR.
Bruna Amaral e Rui Rangel, a Pátria vos contempla… Bem-hajam!
Com a devida vénia à TVI, transcrevo a composição gráfica elucidativa do caso focado.
0 Comentários:
Enviar um comentário
<< Página Principal