497. Apontamento
Brasilino Godinho
05/Setembro/2020
A CONTROVÉRSIA SOBRE A FESTA DO AVANTE
A controvérsia sobre a realização da Festa do Avante veio realçar três das facetas mais negativas da actual sociedade portuguesa: a hipocrisia, a obsessão clubista/ideológica e o desleixo.
A hipocrisia de quantas entidades e indivíduos vociferaram contra a realização da Festa evocando os riscos de agravamento da pandemia da Covid-19 face à grande aglomeração de pessoas na Quinta da Atalaia.
Porém, não esboçaram reclamações quanto aos ajuntamentos de centenas de pessoas em casamentos, festivais e espetáculos realizados em vários locais do país, promovidos pelas televisões e transmitidos em directo, numa obscena divulgação que decerto incentivava os espectadores a negligenciar os cuidados de prevenção recomendados pela DGS.
Nesses casos os protestantes permitiram-se um silêncio ensurdecedor que feriu os tímpanos de quantas pessoas cultivam e prezam a coerência e não pactuam com o cinismo e a desonestidade intelectual.
Tal procedimento relevou de grande hipocrisia com que pretenderam encobrir o seu exacerbado fanatismo político.
O qual extremismo de baixa política de direita teve a contraposição na desmesurada obsessão ideológica do PCP ao desvalorizar o real perigo de disseminação dos coronavírus, prevalecendo-se do factor partidário de afirmação e influência no sector do eleitorado que lhe é fiel.
Pior terá sucedido com a teimosia de prosseguir no intento de realização da festa e assim haver proporcionado condições propícias a uma generalizada infecção na população, sempre de admitir por não ser possível evitar de todo os contágios.
Creio que ao PCP o tiro vai sair pela culatra. Se isso se confirmar, daqui a dias ou semanas, a sua imagem ficará denegrida mesmo junto dos seus seguidores e os resultados das eleições que se avizinham, dela darão transparência/confirmação.
No que concerne ao desleixo das gentes em acatar as recomendações das entidades sanitárias, vai sendo exibida essa faceta de displicente descuido e de persistente transgressão das normas regulamentares que é defeito perene de alguns sectores da sociedade portuguesa com destaque para a libertinagem de algumas faixas da juventude, muito carecida de elementares noções de educação cívica, sempre associada à irresponsabilidades dos pais e famílias que se demitem da qualidade de educadores.
A propósito, destaco um aspecto importante e que está passando despercebido. Quantos de nós se interrogam sobre a circunstância de serem os países latinos: Itália, Espanha, França e Portugal, onde se registam grandes propagações da pandemia e mais difícil se está tornando debelar a calamidade que diariamente aumenta e atinge milhares de pessoas?
Julgo que tal circunstancialismo radica na maneira de ser e de estar dos latinos: desleixados e avessos a cumprir normas e regulamentos.
Talvez, também, encarando tais comportamentos anticívicos como meio de manifestarem repulsa pelas desastrosas políticas de agravamento das condições de vida prosseguidas pelos governos desses países.
Enfim, encare-se a grave problemática que está suscitada. Proceda-se ao seu estudo e análise. Concebam-se soluções.
Tomem-se medidas apropriadas para superar a grande crise em que o país está mergulhado.
Após que se actue com prontidão, seriedade, determinação e competência!
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