UM TEXTO SEM TABUS…
Brasilino Godinho
24 de Setembro de 2020
MEMBRO
DO REGIMENTO GOVERNAMENTAL
FALOU!
SÓ QUE NÃO PERCEBI PATAVINA…
O
cidadão português, ministro dos Estrangeiros Negócios, ontem, com a
desenvoltura e irrelevância habituais, teve a lembrança de fazer a ambígua
declaração seguinte:
“Portugal e Guiné-Bissau levam
cooperação para novo patamar.”
Como nela estão envolvidos dois países integrantes da CPLP-Comunidade de
Países de Língua Portuguesa, convém destrinçar o que pode significar a
expressão usada pelo conhecido membro do Primeiro Batalhão do REGIMENTO DE
INFANTARIA GOVERNAMENTAL.
Mas
também conveniência de elucidação que é determinada pelo elevado grau de
analfabetismo de milhões de portugueses que, certamente, ficaram a ver navios,
sem atingirem o sentido e alcance da fala do invulgar senhor arregimentado.
Aliás, eu
mesmo, não me considerando um vulgar ignorante, não percebi patavina do
fraseado enunciado pela referida criatura…
De pronto,
me interroguei sobre o que se poderá entender sobre “cooperação”: Qual?
Natureza? Formato? Abrangência? Colaboração político/administrativa? Ajudas:
Diplomática? Militar? Comercial? Industrial? Apoios a: Ensino? Educação? Saúde?
Infra-estruturas rodoviárias e portuárias?
Depois, a
imperativa curiosidade de saber: onde ela, “cooperação”, se localiza ou estará
recolhida em banho-maria ou num estado de hibernação? Em Portugal? Na
Guiné-Bissau?
E
referência intrigante? Levá-la? A necessidade de levá-la? Porquê? Porventura,
talvez ao colo de gentil dama? Para “novo patamar”? Por que não colocá-la no
velho patamar? O velho patamar “terá dado o berro”? Transportada por avião? Em
barco de contentores, embrulhada em papel celofane? Num paquete, metida na mala
de passageiro, anónimo diplomata? Embarcada como mercadoria? Transportada de
país para país, como que viajando em roteiro turístico?
Insisto:
A “cooperação” precisa mesmo que a mudem de lugar? Será que a ministerial
figura a quer resguardar da Covid-19? E no “novo patamar” estará livre do
contágio? Estarão mobilizados os serviços sanitários para a protegerem
preventivamente dos efeitos maléficos do coronavírus?
Curiosidade
maior: o que será o “patamar”? Embarcação de origem indiana que navegará num
vai-e-vem entre Lisboa e Bissau, com a “cooperação” instalada no porão e em
risco de ser corroída por ratos? Espaço no topo da escada do Palácio das
Necessidades ou no alto andar do Palácio Presidencial de Bissau? Ou será um
simples painel de inclinação nula e sem visibilidade dos nativos de Portugal e
da Guiné-Bissau? Ou, simplistamente, uma fase de evolutiva inoperância de
descondizente papelejo?
Minha
derradeira dúvida: A “cooperação” não estará impregnada de forte perfume de
atraente rosa vermelha, da maior estimação do REGIMENTO DE INFANTARIA
GOVERNAMENTAL, sediado em Lisboa; o qual, tenderá a provocar alergias a pacatos
e desprevenidos cidadãos portugueses e guineenses?
Enfim,
todo um conjunto de suscitadas interrogações que ilustram e dão realce à
vacuidade da expressão:
“Portugal e Guiné-Bissau levam
cooperação para novo patamar.”
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