417.
Apontamento
Brasilino
Godinho
07/Maio/2020
UM ESTUDO SINGULARMENTE
INCRIMINATÓRIO DA COVID-19
01. Acabo de ler um despacho da
LUSA que me tirou do sossego que estava desfrutando e me deixou inquietado. Confidencio:
quase me tirou a vontade de jantar…
A agência nacional de notícias
trouxe-me a triste notícia de que o Banco de Portugal, dirigido por Carlos
Costa, elaborou um estudo indicativo de que “a pandemia prejudicou mais as
famílias mais ricas”.
Os meus leitores já me conhecem
de ginjeira como pessoa muito sensível a este tipo de situações que atingem a
desafortunada(…) classe dos ricos e poderosos deste país. Por isso, certamente,
avaliam a minha inquietação… Não sendo rico, sou humano… Imagino que os
desinfelizes ricos estarão mergulhados num vale de lamentações, mágoas,
aflições e de lágrimas de sangue…
02. De imediato, ao ler a
notícia, quase me vinha aos olhos incomodativo choro. Mais, me interroguei
angustiado: o que seria deste Portugal e da rica classe, assim tão gravemente
atingida, se o Banco de Portugal, porventura distraído, não ousasse elaborar o
referido estudo?
Passados alguns minutos sosseguei
o espírito. Ponderei que o quadro mais sombrio fora arredado porque,
avisadamente, o Banco de Portugal tomou a precaução de elaborar o estudo – o
que se pode classificar como iniciativa redentora que, de forma científica,
segundo os cânones da alta finança, irá propiciar benefício, tranquilidade e
interessantes proventos aos ricaços que, por sinal e ao que é suposto, não
serão amigos da onça de Carlos Costa e de sua abnegada e lustrosa equipa
dirigente do banco central. Diga-se que estudos deste género dignificam a
instituição maior da banca portuguesa e, eventualmente, até se afirmarão inequivocamente
como a coroa de glória do seu famoso dirigente máximo Carlos Costa…
É que, factor não despiciendo,
com base no estudo, fica entreaberta a hipótese de os desinfelizes ricaços
poderem – de forma resoluta e devidamente municiados da brilhante artilharia
pesada inclusa no estudo do Banco capitaneado pelo ilustrado financeiro Costa -
investir sobre o governo da Nação, no sentido de lhes ser atribuído um qualquer
apoio social/financeiro adequado ao seu elevado estatuto de “Donos Disto Tudo”.
03. Subentenda-se que, os
milhares de portugueses que morreram, passam fome, sofrem e ficaram
desempregados, vítimas da maldita pandemia, não achariam uns, nem acham todos
os outros, padecentes, graça nenhuma ao obsequioso estudo do Banco de Portugal,
formatado em termos favoráveis para com a classe omnipotente dos ricaços de
grande estima do pessoal dirigente do Banco de Portugal.
04. Anotação pessoal: como cronista e face ao
estudo achei-lhe graça e explicitei-a.
Como cidadão considero inaceitável o desprezo pelo
sofrimento e desgraça das pessoas e que se ofenda a memória dos falecidos e a
dignidade dos contagiados, sobrepondo-lhes a preponderância afrontosa do culto
do bezerro de ouro, como é evidenciado pela natureza do despacho da Agência
Lusa.
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