371. Apontamento
Brasilino Godinho
05/Março/2020
A NAÇÃO PORTUGUESA
SEM A RESERVA MORAL
Em Portugal de tempos antigos
havia a crendice popular de que a Igreja era a Reserva Moral da Nação. Ao
compasso do tempo essa ideia foi-se desvanecendo por se ir reconhecendo que a
letra do ideário não se traduzia na careta que, desnudada e obscena, se ia
representando na praça pública.
Durante a Segunda República do
Estado Novo de matriz salazarista, os publicitários do regime propagaram
exaustivamente que era nas Forças Armadas que se concentrava a Reserva Moral da
Nação – o que naturalmente decorria da circunstância de elas serem o esteio do
regime.
O regime foi derrubado e a
Reserva Moral da Nação finou-se por causas várias entre as quais sobressaiu a
questão dos dois submarinos que se afundaram num abismo náutico de profunda
corrupção.
Após o 25 de Abril de 1974 foram
aflorando sub-repticiamente anotações esporádicas de alguns pedreiros-livres
insinuando junto do público de que cabia à seita maçónica a prerrogativa de:
sendo uma irmandade surpreendentemente constituída por um selecionado grupo de “homens bons” estar predestinada para se
constituir como “discreta” reserva moral do Estado – obviamente maçónico de
Portugal – configurando uma mercê do Grande, Supremo, Arquitecto do Universo.
Hipotética reserva moral que
também se esvaiu com casos vários de procedimentos obscuros de pedreiros livres
que se tornaram cativos de grandes ambições imobiliárias, de manobrismos
político/administrativos e de exorbitantes procedimentos ilícitos no sector
bancário.
A seguir e até ao século XXI, foi
assentando a impressão de que a Reserva Moral da Nação forçosamente estaria
consolidada em sede de Justiça. E os portugueses se terão acomodado a essa
derradeira esperança de haver garantia de existir operante uma entidade
superior, prestigiada, isenta e exemplar sobre muitos aspectos, com relevância
para a firme estruturação de um Estado de Direito.
Infelizmente, nestes anos do
século XXI tem-se assistido à desagregação da justiça também ela atingida pelo
clima de decadência e corrupção de que o País está possuído; como nestes
últimos meses tem sido evidenciado.
Mais uma vez a Reserva Moral da
Nação foi à vela, arrastada pelo mar de desgraça que se abateu sobre a terra
portuguesa.
Definitivamente, tomemos
consciência que: sem RESERVA MORAL, sem ESTADO DE DIREITO, sem JUSTIÇA, sem
POLÍTICA, sem EDUCAÇÃO, sem RECURSOS FINANCEIROS, a que acorrer como suporte de
amparo, de incentivo e de financiamento, para recuperarmos do abismo em que nos
encontramos perdidos, o futuro de Portugal é muito sombrio e o povo cada vez
mais explorado e empobrecido.
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