368. Apontamento
Brasilino Godinho
27/Fevereiro/2020
PORTUGAL É UM PAÍS ESTRANHO…
01. Se nos reportarmos à história que se conta de
que in illo tempore um general romano
em comunicação com o imperador de Roma se referia a esta estranha terra
lusitana como um lugar habitado por gente que não se sabia governar, nem se
deixava governar, havemos de reconhecer que faz sentido admitir que quem sai ao
seus ancestrais não degenera. E, de facto, se não digo que os portugueses não
se sabem governar, afirmo, sim, que temos a infelicidade de sermos mal
governados por gente portuguesa incapaz e submissa aos “donos disto tudo”, que
terá herdado os genes desses antigos nativos da Lusitânia.
Acresce a circunstância de que,
no nosso tempo, se a miséria é tanta pelo lado do povo, o obsceno contrário, a
riqueza é opulenta e expande-se escandalosamente pelo flanco marginal do
pântano onde se acoitam, como caçadores furtivos, os poderosos “donos disto
tudo” e os seus bem remunerados lacaios e testas-de-ferro.
Daí, que confrontados com tão
tétrico quadro impressivo da infeliz nação que somos, ainda hoje possamos dizer
que Portugal é um país estranho.
Um Estado português que, por
sinal, é o quinto mais antigo da Europa, mas que por uma tenebrosa tradição de
centenárias e sucessivas de gerações de dirigentes políticos mal formados, egoístas,
prepotentes, fanáticos, incompetentes e corruptos, guindou, no nosso tempo, Portugal
ao topo dos países mais pobres da Europa.
02. Isto escrito precedendo a
anotação da singularidade que, actualmente, nos distingue a nível mundial:
somos o único país onde existe um Governo que inclui na sua composição um
Ministério da Doença, que vinca a sua funcionalidade com a designação de
ministério da saúde – em clara sintonia com a tenebrosa expressão intimidatória
de nos “tratar da saúde”; ou seja: de nos encaminhar para jazida no cemitério.
Creio que esta é a perspectiva
que decorre do comunicado da ministra da pasta da doença, esta tarde publicado,
em que se informa a nação dos indígenas de que a directora da DGS cometera o
lapso de recomendar o isolamento das pessoas infectadas pelo covid-19.
Aponto a ingenuidade da alta
dirigente da DGS em levar, neste caso, muito a sério as recomendações da OMS
(Organização Mundial da Saúde) e de ainda não se ter apercebido quanto é
bem-vindo pelo Governo, o verdadeiro instrumento mortífero que é o coronavírus
para se alcançar aquele simplíssimo «acabar de vez com a “peste grisalha», como
apontava o deputado do PSD, da triste figura, oriundo da Guarda.
Para isso se concretizar há que
franquear ao covid-19 as portas de entrada e conceder-lhe facilidades de
intrusão. E neste capítulo parece que o Governo está atento e actuante. (Neste
momento acaba de vir a público a informação de que se contam já 27 pessoas com
sintomas de estarem contagiadas pelo vírus).
03. E assim, de uma cajadada poderem-se
matar não dois mas três coelhos: eliminar os velhos; poupar nas prestações da
Segurança Social; e subtraírem-se uns milhões de euros para financiamento dos
encargos advindos com: o excessivo aumento do número de ministros, de “ajudantes
de ministros”, de secretárias, assessores, especialistas de 1ª classe, chefes
de gabinetes, telefonistas, contínuos, motoristas, pessoal de limpeza, carros
de luxo, instalações, móveis, adornos e decorações, maples, carpetes e
alcatifas, computadores e telemóveis, senhas de presenças e de ausências,
almoços e jantaradas, ajudas de custo, subsídios de marchas lentas e (ou)
apressadas, prémios de fracas produtividades, bares e máquinas de café, papel
higiénico e lenços de papel, aparelhos de televisão, plantas e pequenos
aquários nas salas de espera, etc, etc.
Como se o País fosse rico e
pudesse suportar a incrível dimensão e fabulosos gastos de um governo (setenta
governantes) que é de uma Nação empobrecida e de um Estado profundamente
endividado.
04. Aliás, numa área artística
muita desenvolvida em Portugal, os governantes do regime de Partidocracia têm
sido exemplares, porque de indesmentível grande eficácia: na magnífica arte de
muito desgovernarem o País, dele sacarem o máximo de proventos pessoais;
agravarem as dívidas: externa e interna; e de bem acolherem, festejarem e
galardoarem quantos se distinguem como maus administradores, distintos
corruptos e soberbos corruptores.
Nestes mencionados domínios,
eles, os ilustres (des)governantes, membros do selecto clã que transformou
Portugal na sua “Quinta Lusitana” e que tão habilmente actuam em benfício
pessoal, dão eles cartas! E que cartas!...
Bem se poderiam constituir
Academia das Artes de Mal Administrar e de Bem Corromper e Melhor Ser
Corrompido…
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