305. Apontamento
Brasilino Godinho
04/Novembro/2019
“DE ESPANHA NEM BOM VENTO NEM BOM
CASAMENTO”
Para começar este 305.
Apontamento devo informar o leitor atento e a leitora perspicaz que gosto de
percorrer as cidades espanholas, admirar os seus belos monumentos e apreciar,
de modo geral, o seu espaço geográfico. E nelas e face a ele, me encanta
contemplá-los.
Também muito me apraz a língua, a
literatura, a música e a pintura, espanholas.
Mas, sobretudo, me extasio com a
irradiante beleza da mulher espanhola e seu específico salero… Até aconteceu
que, por acaso de sorte benfazeja, minha mulher tinha ascendência (bisavô
paterno) espanhola e possuía esses predicados do belo e eterno feminino de
índole espanhola.
Quiçá o que escrito antecede, parecendo
pouco de afeição da minha parte pelo vizinho país, julgo eu que representa
muito de apreço pelo que é a grande riqueza da pátria de Cervantes, Unamuno,
Ortega y Gasset, Lorca, Calderón, Baroja, Falla, Albéniz, Granados, Ravel, Velázquez,
Goya, El Greco, Picasso, Dali, e de muitas outras grandes figuras da cultura
espanhola.
Não obstante todo esse meu
peculiar agrado, repudio vivamente a política da Monarquia de Espanha que tem sido
prosseguida no relacionamento com Portugal, desde o fatídico ano de 1580
(início do reinado de Filipe I) até à actualidade.
Como português sinto-me maltratado
pelos Reis de Espanha.
Não esqueço que, para além das
graves consequências para a nação portuguesa resultantes do domínio castelhano
durante 60 anos, se mantém a ocupação de Olivença, intensamente colonizada pela
Espanha, por indecente e perverso incumprimento do Tratado de Viena, de 1815.
Também tenho presente que, nos últimos anos, ocorreram violação de acordos de
repartição dos caudais dos rios Tejo, Douro e Guadiana - o que se tem traduzido
em algumas situações de eles parecerem ribeiros, como foi ontem reportado pela
TV sobre o Rio Tejo. Igualmente de registar o procedimento incorrecto que vem
tendo quanto à manutenção da obsoleta central nuclear de Almaraz e à construção
do depósito de resíduos nucleares à beira-Tejo e a curta distância da fronteira
dos dois países. Central que já devia ter sido desmantelada e que juntamente
com o depósito nuclear constituem uma grande ameaça para a saúde, segurança e
vida, das populações fronteiriças. E, segundo consta, em Portugal não existem
delineadas acções e estruturas para actuar face a qualquer catástrofe nuclear.
Para mais agravar a questão, o
governo português não tem, neste domínio, sido firme na defesa dos interesses
da nação e actuante junto das instâncias internacionais quanto a Olivença, aos
caudais dos rios ibéricos, central de Almaraz e depósito de resíduos das
centrais nucleares.
Em
contraposição, os governantes portugueses, nas últimas décadas, têm-se mostrado
subservientes e não perdem oportunidade de bajularem o rei e governantes do
país vizinho. Sempre reverentes e declarando que a Espanha é país nobre e
amigo, ao qual nos liga sentimentos de leal fraternidade e amizade. Uma
grandíssima mentira. De Castela e da Espanha, só temos tido agravos e
exploração ao longo de séculos. Um país que tanto nos tem prejudicado, não é
amigo. E não foi como amigos que os portugueses combateram e venceram os
castelhanos na Batalha de Aljubarrota. Isso foi um sapo que engoliram e que
lhes está atravessado na garganta.
Dizer tais barbaridades (da pretensa amizade) e
proceder em termos de correlação com tamanha falsidade:
- É uma vergonha! Uma atitude inadmissível e
repugnante – de lesa-Pátria!
E como têm reagido as majestades e excelências espanholas?
- Com indiferença, sobranceria e distanciamento.
Por tudo isto de gravíssima abrangência, forçosamente
que - na condição de português - me sinto agredido pela hostil Monarquia de
Espanha e pelos subservientes governantes de Portugal. E, consequentemente,
indignado!
Concluindo: Faz algum sentido o ditado: “De Espanha
nem bom vento, nem bom casamento”…
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