Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

domingo, novembro 03, 2019

PUBLICADO HÁ DOIS ANOS.
NÃO PERDEU SENTIDO DE ACTUALIDADE!


10. APONTAMENTO DE
BRASILINO GODINHO
02 de Novembro de 2017

ESTE PAÍS ESTÁ DOENTE E BLOQUEADO

Este País, que dir-se-ia jazer em maus lençóis estendidos no Cemitério dos Prazeres (mórbidos), sito algures na bela cidade das sete colinas, sobranceira ao Rio Tejo, enferma de uma grave patologia. Esta, de largo espectro e de várias naturezas causada pelo desgaste físico, pela exploração, pelos maus-tratos e pelo abandono do corpo da nação dos indígenas que somos todos que nela se mesclam e vão sobrevivendo penosamente a bastantes tragédias - como foram as dos fogos florestais que ficaram como péssimas recordações emblemáticas dos muitos desatinos praticados pelos governantes e políticos que, por rifa de má sorte, nos couberam na sucessão temporal das últimas décadas.
É uma doença que tende a agravar-se por decorrência das repetitivas e nefastas acções de zelosos profissionais que têm o hábito de ver Portugal através do canudo de lentes disfuncionais que tornam distorcidas e aberrantes as imagens recolhidas e por isso o instrumento é de limitado e ilusório alcance; o qual, praticamente se cinge ao perímetro urbano da alfacinha capital saloia.
E para além desses activos profissionais que são os maiores fautores da referida doença de nativa abrangência social e que se costuma correlacionar com a chamada política à portuguesa usança, acresce e sobressai, com algum escândalo, a existência de outros profissionais que, quotidianamente, na imprensa, televisões e rádios, botam paleios de encantar ou convencer idiotas e desenvolvem perversas acções de cooperação e promoção dos que sentados à mesa do Orçamento vão mal gerindo a situação do território nacional; o que fazem condicionados pelo crivo da deturpada visão de tudo aquilo que, pelo uso e abuso do desqualificado canudo a que aludimos, supõem vislumbrar a partir dos altos de S. Bento, dos cumes de Belém e do altaneiro campanário de Lisboa.
Estamos perante um assinalável contraste. Enquanto os ditos, cujos, soberbos, convencidos da grandeza alfacinha, imaginam ver árida a paisagem para além de Lisboa e imprestável tudo que nela existe - nós, na província, temos duas alternativas quanto ao conhecimento do país real:
- a primeira, vemo-la concretizada através do que acontece quando, imperativamente, nos ocorre espreitar o famigerado canudo do alto do Sameiro. Nessas alturas: convictos e de forma irrefutável, proclamamos: Aqui El-Rei! Estamos a ver Braga por um canudo… Sem margem para subtrair a triste realidade. Isto ocorre em cadência sistemática. A toda a hora vemos Braga pelo malfadado objecto da detestável óptica da desventura;
- a segunda, temo-la traduzida na imagem real do país que não só está exposto à nossa frente, como a vemo-la expandida no todo espacial português que se nos depara sempre que bem manejamos o útil e funcional canudo provido de lentes de larga abrangência, que temos ao dispor das nossas faculdades de alma e das nossas capacidades de análise, de vera observação e de correcta interpretação do meio ambiente.
Por estas e outras particularidades da vida colectiva em Portugal, que aqui nem vale a pena acrescentar porque menção mais confrangedora, importa saber de que na capital se concentram as centrais de comando do desnorte sociopolítico do Estado e da Nação. E, ainda mais, será conveniente que cada cidadão nado, criado e vivente no espaço além capital, retenha na memória o registo da anedótica presunção e patética gabarolice dos grandes figurões da política, da governança e do fanático bairrismo, instalados no solo lisbonense: de que em Lisboa se há concentrado toda a inteligência portuguesa e que na Província, onde nos encontramos, se acantonou a ignorância, viceja a estupidez e que seremos, todos nós, pela divina graça do Grande Arquitecto do Universo, provincianos simplórios, indigentes de espírito e mentecaptos de triste condição e de nula função.
Provas? Basta tomarmos nota daquilo que, em sede de opinião expressa, se escreve e ouve nos jornais, revistas, rádios, televisões, de projecção nacional, com sede na cidade lisboeta. Neles pontificam assiduamente os contumazes sacerdotes do serviço litúrgico daquele obscuro templo onde se contempla, despudoradamente, com fervor e avidez o bezerro de ouro e se faz o culto das amizades, dos compadrios, das corrupções, das aprendizagens inerentes às licenciaturas arrelvadas e socráticas e se refinam as práticas e combinações avulsas das fraternidades com a expedita rapaziada da governança e com os poderosos senhores cinzentos que tudo podem e fazem, a que aludiu o Prof. Doutor António Sousa Franco, no Porto, semanas antes de morrer.
Diga-se: A Nação Portuguesa está profundamente doente. Para isso contribui acentuadamente e com acinte o grupo dos fazedores de opinião entrincheirados nos órgãos de Comunicação Social sediados em Lisboa.
Repare-se: fazedores de opinião que são sempre os mesmos. Eles têm presenças avençadas que - por serem tão contínuas, entre si repartidas e de obsessiva insistência na proposição dos seus interesses e ideologias, que já são causa do afastamento de leitores e ouvintes cansados e saturados das conversas de chacha e do estafado, intolerável, discurso interesseiro e alheio ao bem comum. Outrossim, responsáveis pelas falências que se vêm sucedendo no sector.
Decerto, opiniáticos formando um seleccionado clube com funcionamento de exclusividade. Ou eles não julgassem deter o privilégio de posse única do saber e da inteligência…
Urge que na Província continuemos a pô-los resolutamente de lado e se providencie no sentido de darmos mais voz aos seus habitantes e aos interesses colectivos que nela radicam.
Decididamente: Portugal não é Lisboa e a Nação portuguesa não se confunde com a população lisbonense e com a existência e sobranceria dos próceres do Poder e dos governantes - uns e outros, geralmente, bem instalados e confortados à beira-Tejo.

Legenda da foto:
Mapa mostrando a visão governamental e lisboeta sobre Portugal:
- Portugal é Lisboa (A área pintada a vermelho).
- O resto do país é a brancura da paisagem do vazio.

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