BRASILINO GODINHO
203. APONTAMENTO
14 de Março de 2019
203. APONTAMENTO
14 de Março de 2019
DESDE JOVEM
ENVOLVIDO EM LUTAS CONTRA TABUS
(Continuação do 202. APONTAMENTO)
TERCEIRO TABU
No ano seguinte, entre os meus 12 e 13 anos, na
mesma Escola Industrial e Comercial Jácome Ratton, da cidade de Tomar, segundo
ano do curso, mas repetindo a disciplina de Português. Nesta disciplina tendo
como professora a Dr.ª Luísa, uma das mais bonitas mulheres com quem me
encontrei ao longo da vida.
Mulher lindíssima! Espampanante! Feminino deslumbrante!
De fazer parar o trânsito e as pessoas ficarem extáticas. Maravilhosa! Um
fantástico regalo para a vista! E muito única, agradável, sensação
extraordinária de encanto para quem aprecia a Beleza em todo o seu esplendor.
Quase a findar o primeiro período, ela tem uma ideia
que seria inimaginável trazer graves consequências para o aluno Brasilino
Godinho. De que ela se lembrou? De mandar, como trabalho de casa, que os
meninos, seus alunos, fizessem uma redacção sobre a professora de Português –
ela, Dr.ª Luísa.
Com esse encargo o aluno Brasilino fez uma redacção
invulgar. Elabora como que um ensaio em que aprecia e avalia a professora com
abrangência, sob vários ângulos e aspectos; com realce para a componente
física. O que faz com acentuada ironia. Se é que não com algum cunho
sarcástico.
O aluno Brasilino destacava o cuidado primoroso
evidenciado no belo penteado, a formosura do rosto, o brilho dos olhos, o olhar
altivo e sobranceiro, a imponência e o balancear do seu altar-mor, a soberba da
pose fascinante, o requebro do andar, a elegância e o bom gosto do trajar, o
discurso fluente.
Logo na aula que se seguiu à da distribuição da peça
tarefeira de casa, foram entregues as redacções. Terei sido dos últimos alunos
a entregar a minha. Talvez por isso, ela foi das primeiras (e a última) a ser
lida pela professora Luísa. Pegou na folha e começou a ler. E à medida que ia
lendo, ficando o rosto cada vez mais avermelhado. Prestes a terminar a leitura,
disse: “Parece impossível!” E repetiu: “Parece impossível!!” Logo, de imediato:
“Podem sair!”
A partir daquele dia, o Brasilino foi marginalizado.
E no fim do 1.º período era contemplado com nove valores. Nos segundo e
terceiro períodos coleccionou mais dois noves, perfazendo o total de 27 valores
- não atingindo os 29 valores, voltou a perder o ano em Português.
No ano seguinte de Português, em repetição, já tendo
o exigente professor Bretes, o aluno Brasilino era posto, face à turma, nos
píncaros da Lua com alguma frequência.
Deixo a censura de que a professora Luísa não ficou
bem na fotografia. Teve a fraqueza de se vingar de uma criança.
O aluno Brasilino desvalorizado e como que
repudiado, foi tabu atribuído pela professora Luísa.
Brasilino tratado tal e qual - e por outras razões
de pretensa indisciplina - como tinha sido, no ano anterior, pelo professor
Nicolau da Mata.
Anoto que nos meus percursos escolares (primário e
secundário) e universitário, só tive dois chumbos. Ambos em Português, do curso
industrial (Escola Industrial e Comercial Jácome Ratton, de Tomar), que me
foram aplicados, respectivamente pelos professores Nicolau da Mata e Luísa, nas
condições que ficam relatadas nestes 202 e 203 APONTMENTOS.
Assinalo que nunca me arrependi de ter feito aquela
redacção sobre a professora Luísa. Nem que, em tempo algum, sentisse qualquer
aversão ou ressentimento por ela. Ainda hoje sinto algum fascínio pela sua
magnífica, encantadora, beleza; a qual, conservo de memória. E que foi razão
por, no foro íntimo, lhe ter perdoado o chumbo com que correspondeu à ousadia
do aluno Brasilino Godinho…
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