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SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

sexta-feira, março 22, 2019

BRASILINO GODINHO
201. APONTAMENTO
12 de Março de 2019

DESDE JOVEM ENVOLVIDO EM LUTAS CONTRA TABUS

Porque autoproposto candidato a deputado da Assembleia da República, enfrentando a impossibilidade de o ser, directamente - como independente - o que se representa como um autêntico tabu implícito na Constituição da República Portuguesa; veio-me a lembrança de que as minhas lutas contra os tabus vêm desde o tempo da transição da infância para a adolescência.
Aqui e continuando amanhã, vou trazer informações sobre os primeiros tabus que se me depararam nesse período da minha vida.

­­­E­­­­­­­­­­­­­­­­­­u, Brasilino da Costa Godinho, nasci no dia 25 de Outubro de 1931, na freguesia de S. João Baptista, cidade e concelho de Tomar. Em princípios de Outubro de 1938 dei entrada na Escola Central, do Ensino Primário, sita na Várzea Grande, em Tomar.

Suponho que na primeira semana de Julho de 1942 efectuei exame da 4.ª classe, na mesma escola, com boa classificação. Chegado o mês de Setembro de 1942 impunha-se o prosseguimento no Ensino Secundário (Liceu ou Curso Industrial ou Curso Comercial).

Naquela época os liceus só existiam nas capitais dos distritos. Em Tomar havia o Colégio Nun’Álvares (propriedade do grande pedagogo Dr. Raúl Lopes e de grande prestígio em Portugal e Colónias) e a Escola Industrial e Comercial Jácome Ratton, cujos cursos eram ministrados com elevada proficiência e sabedoria.

Então, pôs-se o problema que rumo dar à escolaridade do Brasilino? Foi rápida a opção. A família tinha fracos recursos, Não havia alternativa. O Brasilino foi matriculado no Curso Industrial de Serralharia Mecânica, da Escola Industrial e Comercial Jácome Ratton. Aliás, minha irmã, Carmen da Silva Godinho, no ano anterior tinha-se transferido do curso liceal, do Colégio Nun’Álvares, para o curso comercial do ensino profissional da Escola Jácome Ratton, então instalada na Av. Cândido dos Reis. O que aconteceu por imperiosa exigência, decorrente da escassez de meios financeiros, dos meus pais.

Confronto com o primeiro tabu

Neste quadro circunstancial de adopção de um rumo de aprendizagem escolar esteve configurado o primeiro tabu que, inopinadamente, se deparou a Brasilino Godinho.

Aconteceu que a escolha do Curso de Serralharia Mecânica, recaiu no percurso escolar que estava ao alcance da família. Mas que era completamente inadequado para a vocação e tendência natural do estudante Brasilino: letras e humanidades.  

Essa vocação tornou-se notada pelo seu professor, Faustino Jacinto Costa, que a partir logo da segunda-classe, do Ensino Primário, lhe passou a ele e ao colega Sá, filho de um oficial do Exército, em serviço no Quartel-General da III Região Militar, com sede em Tomar, a tarefa de revisão/correcção dos ditados feitos, em aula. O professor ditava o texto, após o que eram recolhidos os cadernos. O mestre verificava os ditados do Brasilino e do Sá, (geralmente, sem qualquer erro) após o que eram os três que faziam as correcções de todos os cadernos restantes.

Para ilustrar a falta de vocação para os trabalhos oficinais exemplifico o que aconteceu com o primeiro que me foi distribuído na oficina mecânica: um pedaço de chapa de ferro, quadrado, com 16 cm. de lado e 1 cm. de espessura, cujos lados, ângulos e espessuras, deviam ser postos em esquadrias a 90º. O aluno Brasilino, chateado como se admite que esteja um peru na véspera de Natal, sabendo aquilo que o espera nessa altura, foi limando, limando, limando, sem conseguir desempenhar-se devidamente da, por de mais, complicada tarefa para o seu fraco engenho na arte dos trabalhos artesanais.

Posso acrescentar – por que intensamente sentido – que, nas tardes dos cinco dias semanais das respectivas aulas, sempre que transpus a entrada da porta da oficina experimentava a sensação de que estava levando forte pancada na cabeça…

Pelo que as notas classificativas se traduziram nos níveis baixos correlativos aos trabalhos de mão e em níveis mais elevados em matérias de estudo e de aptidão intelectual. Média final: 13 valores. Correspondência: a rondar o plano da mediocridade. 

De mencionar que anos mais tarde, chefe de família e dois filhos criados, minha mulher, por vezes, na brincadeira, mas com algum fundo de verdade, dizia sorridente e com ternura, que eu nem para pregar um prego tinha habilidade. A consequência é que Brasilino Godinho, desde de muito novo, detesta tudo que seja actividade manual ou arte artesanal. Todavia para ela, desde que seja da autoria de outrem, dispensa atenção, gosto, admiração, elogios e incentivos.

Se frequentei o curso industrial por motivo de o outro possível (liceal) se constituir per se como um tabu irremovível da minha hora de dar sequência ao aprendizado escolar, também identicamente se perfilou no meu horizonte dos anos passados no curso da Escola Jácome Ratton como um detestável tabu impeditivo de desenvolver capacidades cognitivas de maiores conhecimentos e desenvolvida formação na área das humanidades que me era muito cara.

Digo que por causa de tão malfadado tabu tive que decididamente iniciar e prosseguir um porfiado e absorvente percurso de autodidacta.

Tabu me bloqueou. Tabu me determinou decididamente a varre-lo com vigor e determinação da minha testada.
E a lutar sem desfalecimento contra todos os tabus que se atravessem no meu caminho.

Passe o que poderá parecer relativo exagero: mas quero, de forma irrevogável, exterminá-los de vez. Tal é o asco que em mim geraram e que conservo indefinidamente na minha alma.