Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

sábado, março 23, 2019


BRASILINO GODINHO
202. APONTAMENTO
13 de Março de 2019

DESDE JOVEM ENVOLVIDO EM LUTAS CONTRA TABUS

Expondo o segundo tabu.
Entre os 11 e os 12 anos de idade, 1.º ano do curso industrial. Professor Nicolau da Mata, madeirense (cara de pau, nunca se lhe viu um riso ou sorriso).
Primeira aula de Português – apresentação. Professor desenvolve uma exaustiva intervenção sobre como os meninos deviam estar sentados, erectos, calados, atentos às palavras do professor, de mãos aquietadas e sem apoiarem o rosto ou o queixo. Os braços e as pernas deveriam estar imóveis e sem se cruzarem, etc. etc. Ainda as instruções iam a meio e já o menino Brasilino levantando a mão para dar ligeiro suporte à cara, despertou a atenção do professor que lhe deu forte reprimenda por não acatar as determinações. Passados uns dez minutos o mesmo menino cruzou as pernas e… o caldo ficou, desgraçadamente, entornado. O professor, indignado faz aviso solene: “se o menino voltar a repetir as gracinhas vai para a rua com duas faltas”.
O menino Brasilino, a partir do primeiro dia de aulas de Português, ficou marcado, como se lhe tivesse sido colocado na testa o rótulo de indisciplinado.
Ainda no primeiro período, o professor chama-me ao quadro e logo me intima: “dê-me a definição de substantivo comum-de-dois”. Zás! Convicto e seguro, o menino Brasilino responde acertadamente. Reacção imediata do Professor, falando em tom irritado: “está errado!” Resposta do moço Brasilino: Senhor professor: “eu digo que está certo.” Professor: “como se atreve a desmentir-me”. Brasilino: “Senhor Professor, é assim que está na minha Gramática” (anoto: uma das melhores gramáticas da Língua Portuguesa, da autoria do distinto Professor Pires de Castro). Reacção muito irritada do professor Nicolau da Mata: “Vá buscar a Gramática, se não estiver lá vai para a rua com duas faltas” (O professor não aplicava as penas por menos que duas faltas – digamos que era a pena padrão…).
O Brasilino, calmo e vagaroso, malandrote quanto bastava para não demonstrar temor, cumpre a ordem. Foi à carteira, que ficava a meio do comprimento da sala, pegou na gramática e retornando sem pressa e desfolhando página, por página, chega junto à secretária, onde o mestre continuava sentado, pousou o livro aberto defronte dele e disse-lhe: “está aqui!” Professor leu e contrariado, diz-me: “Repita o que disse.” E o menino Brasilino repetiu! Após o que o professor manda: “vá sentar-se!” Naquele tempo tinha-se que obter 29 valores de classificação final dos 3 períodos de aulas. Nesse ano, o Brasilino perdeu o ano de Português pelo facto do Prof. Nicolau da Mata lhe ter atribuído 28 valores, com escândalo dos outros professores, quando reunidos em conselho escolar de atribuição de notas classificativas – como vi a saber. No exame final da 4ª classe, da Instrução Primária, o menino Brasilino obtivera a classificação de distinto. Como primeira luta contra os tabus, não comecei mal…
Perdi o ano na disciplina de Português, mas passei para o segundo ano nas restantes cadeiras.
Anoto que repetir a disciplina de Português não me causou qualquer abalo psicológico.
(A descrição da saga contra os tabus continua no 203. Apontamento que se segue)