PRESIDENTE MARCELO:
“OS PORTUGUESES SAEM
SEMPRE FORTES DAS TRAGÉDIAS E DAS CRISES”.
Brasilino Godinho
Esta afirmação do presidente chegou hoje ao meu conhecimento
pela Internet.
01. Ao lê-la, de imediato, foi
tiro e queda! Fiquei entusiasmado!
Finalmente, poderia dormir
descansado. Antevia a boa sorte de coleccionar crises como forma de ficar mais
fortalecido. E na minha idade não seria coisa despicienda, como facilmente se
compreenderá. Além de que sendo palavra com selo de garantia pessoal do presidente
Marcelo (que goza do privilégio de estar bem relacionado com o Divino Criador,
segundo o que indicou recentemente), mais animadora ela se me apresentava.
02. Logo a seguir me apercebi que a afirmação se
transcendia para além da significação que lhe atribuía. Dei-me conta de que ela
traduzia a conexão de pensamento único entre presidente, primeiro-ministro e
governo.
E a correlativa correspondência
havida com as sucessivas crises e tragédias que são pão nosso de cada dia em
Portugal.
03. Agora fica exposta, pela voz
autorizada do presidente Marcelo, a concepção de que afinal crises e tragédias
são bem-vindas no espaço português. Pois que, segundo ele, os portugueses ficam
mais fortes e menos dependentes (quiçá até da alimentação diária e do consumo
de medicamentos) das actividades desportivas, dos exercícios nos ginásios e das
corridas pedestres, se puserem de parte a sensação de sofrimento e a aversão
que sentem relativamente a desgraças como: as famigeradas austeridades; os
terríveis fogos florestais; as trágicas inundações; as crises governamentais; a
bancarrota mais ou menos iminente; as desavenças entre os políticos de assento
parlamentar e os partidos políticos; o roubo de material bélico em Tancos; os
encerramentos de agências bancárias e dos CTT; os financiamentos a bancos
falidos; os perdões fiscais a Oliveira Costa, Duarte Lima, Dias Loureiro,
Ricardo Salgado, Zeinal Bava, Henrique Granadeiro; o mau funcionamento da CP; o
caos nos hospitais; as crónicas faltas de financiamentos nas universidades, nos
tribunais, nas forças armadas e de segurança pública; os miseráveis vencimentos
e reformas na Função Pública; os desfalques na ADSE e noutras instituições; as
milionárias remunerações dos Gonçalves Jardins e dos Mexias que tanto esvaziam
os cofres das Finanças e das grandes empresas; as maléficas debandadas de
jovens emigrantes; os incríveis aumentos dos combustíveis;
os agravamentos da carga fiscal.
04. Porém, chega-se à conclusão
que por parte de membros da alta hierarquia do Estado há unanimidade na
conveniência de, pelo menos, manter essa (a)normalidade de crises e de
desgraças, porque na sua douta presciência admitem ser a forma mais eficiente e
benéfica de zelar pelo fortalecimento dos portugueses que se obstinarem em
continuar vivos… enquanto vegetam no território lusitano e se embalam na ilusão
de que residem num Estado de Direito.
05. Há que observar: faltou a
indicação de qual o fortalecimento: Físico? Mental? Unívoco: físico e mental?
06 . Só que, rapidamente meu
espírito desceu ao mau piso em que pouso os pés, ou seja: A gravíssima desgraça
que é a constante e insuportável degradação do nível de vida num país
(Portugal) que caminha inexoravelmente para o estádio do mais pobre e
desgraçado da Europa. Responsável maior: o Poder Político.
07. Afinal - pela parte que me
diz respeito – dispenso, de boa vontade e com firme determinação, esse tipo de
fortalecimento admitido pelo presidente Marcelo, com acentuado pendor
fantasista…
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