99.
APONTAMENTO DE
BRASILINO
GODINHO
18 de
Fevereiro de 2018
UMA FORMA
DIFERENTE DE APRECIAR E
PÔR OLHOS
EM CONGRESSO PARTIDÁRIO
Neste fim-de-semana realizou-se o congresso do PSD.
As televisões, os jornalistas e os habituais
comentadores avençados, bastante filmaram, muito falaram, por de mais
dialogaram e se repetiram como papagaios impertinentes e maçadores. Como se
estivessem nas suas sete quintas. E claro que muito se entretiveram em divulgar
o maior número de peripécias oratórias e circunstanciais em que foram férteis
os espectáculos que, nos dias 17 e 18 de Fevereiro de 2018, se desenrolaram no
cenário sumptuoso e colorido de vários matizes, do Centro de Congressos de
Lisboa. Actuaram com gosto e melhor disposição. Não há nada em Portugal como um
congresso para bastantes comunicadores darem largas à imaginação e poderem
libertar-se das suas partidárias angústias existenciais. Parece que tomam
fôlego!
Para além dos efeitos aqui anotados, os congressos
dos partidos são sempre espectáculos mediáticos nos quais sobressai a
envolvência ambiental e o chamado folclore político ou um tipo de teatro
amador, vulgarmente caracterizado por medíocre nível a que podemos chamar de
pobreza franciscana.
Para mim em qualquer espectáculo nunca concentro a
atenção no seu foco central. Procuro sempre acompanhar – sobretudo interpretar
- tudo que acontece nos espaços circundantes das cenas mais destacadas. E
agrada-me reparar nos pormenores, nos comportamentos das pessoas, nos gestos,
nos esgares, nos rancores das imprecações, nos olhares, nos esbracejares, nas
exclamações, nos histéricos gritos da autoconvencida malta da jota, nas
beijocas e abraços distribuídos a esmo; enfim, na linguagem gestual que cada
indivíduo com maior ou menor espontaneidade revela de seu ser e personalidade. São
vários espectáculos, num único espectáculo.
No fim de cada assistência, geralmente através da
televisão, sinto-me enriquecido de conhecimentos da natureza e alma
configuradas no homem e na mulher. Também, gratificante é acompanharem-se as
facetas artísticas dos executantes das diferentes orquestras ou agrupamentos
corais e os vários intervencionistas e malabaristas que actuam nas diversas
modalidades: artística, musical, cultural, circense.
No que especificamente concerne aos congressos dos
partidos há que ter olho vivo; ou seja: vista e percepção bem apuradas para se
aperceberem as presenças e as deambulações daqueles congressistas que,
fantasiados de políticos e muito activos uns ou mui discretos outros, circulam,
discursam, manobram, dão entrevistas que pouco dizem ou nada transmitem e
intrigam nos bastidores. O que chega a ser empolgante para os companheiros e
para quem está distante, em sua casa, refastelado no sofá, perante a TV,
serenamente a ver e a ouvir. Talvez, por vezes, bastante enjoado…
É de considerar que, no futuro, sejam facultados
aos estudantes de psicologia estágios de observação e estudos sobre pessoas e
multidões a terem lugar nos tempos de duração dos congressos de partidos, das
assembleias-gerais dos clubes Sporting, Benfica e Porto. Outrossim, nos campos
desportivos dos três clubes, durante os desafios (palavra portuguesa e não
derby do ing.) de futebol. Embora tais estágios fossem de curta duração,
decerto que proporcionariam material para úteis análises e profícuos estudos
que muito valorizariam a aprendizagem dos alunos das nossas faculdades.
P. S. Estranho que no meio universitário ninguém
tenha tido semelhante ideia e a correspondente concretização.
Caso para observar: se isto já tivesse sido feito
pelos ingleses, logo seria imitado em Portugal. Aqui, neste país, persiste a
subserviência face ao mundo anglo-saxónico.
Será que os ingleses aproveitarão a ideia deste
articulista de Aveiro?
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