93. APONTAMENTO DE
BRASILINO GODINHO
12 de Fevereiro de 2018
NOBRE E IMPERECÍVEL LIÇÃO
DO IMORTAL EÇA DE QUEIRÓS
Nota de abertura de Brasilino
Godinho
Em 1900 Eça de Queirós publicou a
obra A Correspondência de Fradique Mendes.
Nela escreveu o trecho admirável
sobre os maus tractos que se iam dando à língua portuguesa. E o que mais
sobressai é o seu veemente repúdio da “lamentável sabujice para com o
estrangeiro.”
E estava o notável escritor longe
de imaginar a que alto grau de expressividade chegaria, no nosso tempo, a
sabujice para com tudo que nos vem do estrangeiro ou que nele é obsessivamente
procurado e recolhido da mais variada proveniência e desconforme natureza.
Damos a palavra ao imortal Eça de
Queirós.
Para ler e reflectir.
01. “Um homem só deve falar, com
impecável segurança e pureza, a língua da sua terra: todas as outras deve falar
mal, orgulhosamente mal, com aquele acento chato e falso que denuncia logo o
estrangeiro.
Na língua verdadeiramente reside
a nacionalidade: e quem for possuindo com crescente perfeição os idiomas da
Europa, vai gradualmente sofrendo uma desnacionalização. Não há já para ele o
especial e exclusivo encanto da fala materna com as suas influências afectivas,
que o envolvem, o isolam das outras raças; e o cosmopolitismo do Verbo
irremediavelmente lhe dá o cosmopolitismo do carácter. Por isso o poliglota
nunca é patriota. Com cada idioma alheio que assimila introduzem-se-lhe no
organismo moral modos alheios de pensar, modos alheios de sentir. O seu
patriotismo desaparece, diluído em estrangeirismo…”
(Continua)
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