49. APONTAMENTO DE
BRASILINO GODINHO
15. de Dezembro de 2017
15. de Dezembro de 2017
SE OS POBRES SOUBESSEM
QUANTO CUSTA SER RICO…
Os pobres na sua triste e penosa
situação tendem a desejar ser ricos de bens materiais e do vil metal sonante. E
como, geralmente, não têm condições nem tempos de leitura para se instruírem e
darem-se a grandes lucubrações, deixam-se tentar pelo deslumbramento que lhes
chega à vista desarmada, irradiado das vistosas vidas dos grandes senhores dos
mercados financeiros e dos novos-ricos que despontaram na praça pública onde se
pratica a fascinante baixa política da nossa mascarada democracia.
Além disso ninguém se dá ao
capricho de apreender os esforços que os poderosos senhores emblemáticos da
grande riqueza e da política nacional são obrigados a desenvolver para se
aguentarem no balanço existencial, face aos problemas de segurança pessoal, de
património (o pavor de perderem a fortuna), de preservação e aumento
persistente dos bens acumulados, de resistência e obstrução às obstinadas
reivindicações do pessoal que os serve e, sobremodo, gerir com muita abnegação
e imenso trabalho os negócios e os compadrios; os quais, se representam como
tarefas muito cansativas e preocupantes que têm de enfrentar quotidianamente e
os deixam completamente exaustos.
E como se tudo isto fosse pouco
ainda, por vezes, são incomodados com intimações dos serviços da Justiça para
comparecer perante um tribunal que, geralmente os manda dar uma volta ao bilhar
grande e que não lhes paga o tempo perdido, nem os indemniza do desagradável incómodo
– o que é algo abusivo da boa vontade e espírito de cooperação de quem está
sempre predisposto em praticar a generosidade para consigo próprio – como
mandam as boas regras da sociedade capitalista; na qual, os pobres têm o mau
gosto de viver e o incrível feitio de aquelas aceitarem com espírito fatalista…
Mesmo ao encontro do que expomos,
hoje tivemos notícias frescas:
- uma, dois políticos da nossa
melhor sociedade partidária recebem anualmente pela realização de três reuniões
de Assembleia Geral da Ordem dos Contabilistas, respectivamente 20 000 e 30 000
euros. Ora estas maquias dão ideia do extraordinário trabalho desenvolvido, do
elevado talento demonstrado, das complexas questões discutidas, do enorme
esforço dispensado com a melhor das disposições e do inenarrável cansaço que
terá atingido as duas criaturas, no termo de cada Assembleia Geral.
- outra, a Ricardo Salgado e por
um Tribunal de Santarém, foi anulada a acusação que lhe fora lançada pelo Banco
de Portugal.
Um aspecto muito interessante do
tema aqui tratado tem a ver com uma consoladora realidade que muito beneficia
ricos e políticos de primeiríssimo apanhamento selectivo: precisamente, a
existência de Bancos.
O que traduz a muito apreciável
vantagem de tais virtuosos da democracia portuguesa poderem acumular as pipas
de massas sem terem que as transportar às costas para as casas fortes das suas
mansões, com todos os inconvenientes de cansaço e de perigo de assaltos de
marginais…
Um progresso civilizacional de
que essa gente é a principal beneficiada…
Resumindo: os pobres – como
mandam os preceitos da especial moralidade que rege a sociedade portuguesa –
percam a veleidade de entrar nesse reservado grémio dos ricaços pois estes
amigos da onça são uns desgraçadinhos de meter aflições aos mais pacatos
cidadãos deste país…
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