42. APONTAMENTO DE
BRASILINO GODINHO
09 de Dezembro de 2017
09 de Dezembro de 2017
AGORA, DE NOVO, ORGULHOSAMENTE SÓS?
Na década dos anos sessenta por
obra, desgraça e proclamação de Oliveira Salazar, Portugal esteve retido no
rasteiro nível pacóvio subjacente ao minguado espaço do “orgulhosamente sós”.
A partir de ontem receio que
Portugal volte a esse estádio de isolamento e depreciação se aceitar, como
válida e sobremodo credível, a declaração urbi
et orbi de Cristiano Ronaldo: “Sou o melhor jogador da História do
Futebol”.
Para de imediato reagir a tão
estonteante proclamação ouso admitir que para a História da Treta Futebolística
talvez Cristiano Ronaldo seja o artista máximo da modalidade desportiva em
apreço.
E é exactamente para não cairmos
na tentação de condescender com a altíssima cotação que Cristiano Ronaldo
atribuiu à sua específica arte, não nos revermos patrioteiramente nela e, nessa
absurda conformidade, propiciarmos a desgraça do repúdio universal pela
ligeireza da colectiva presunção, aspergida de insípida água benta, ambas
despertando a eventual chacota internacional, que daqui lhe lanço um premente
apelo:
Cristiano Ronaldo, você que é um
extraordinário e exímio praticante da arte futebolística, explique a Portugal,
ao Mundo, aos sábios comentadores das
inúmeras horas diárias de mesas redondas e quadradas sobre a transcendente
problemática do futebol transmitidas pelas televisões nacionais e até aos
ignorantes do futebol (em cujo grupo me incluo) quais foram os estudos que
desenvolveu e qual é a base científica em que se apoiou para chegar a tão lisonjeira
auto-avaliação acerca dos seus excepcionais dotes artísticos que, segundo diz
ou subentende, jamais foram em tão elevado grau atingidos ou suplantados por
alguns rostos pálidos, como Pelé, Maradona e Eusébio.
É absolutamente necessário que
Cristiano Ronaldo esclareça junto dos públicos nacionais e internacionais a
questão aqui colocada como elementar precaução tendente a evitar que os
portugueses voltem a estar pateticamente sós como na época da guerra colonial;
agora com o mundo a rir-se da patetice nacional em fazer fé na História da
Treta Futebolística – e isto proposto por que julgamos impraticável comparar
épocas, praticantes, preparação física, estados da arte, natureza das tácticas
e, sobretudo, todo um conjunto de condicionantes que, em qualquer época,
influenciam as actuações dos artistas da bola em campo e à frente das câmaras
televisivas.
Se Cristiano Ronaldo não nos der
a explicação ora solicitada, pois contente-se em ser, agora, o melhor do mundo
– o que até é muito bom para seu deslumbramento pessoal e obtenção de
rendimentos em materiais sonantes e dourados… e para o incremento da veneração
dos madeirenses que lhe prestam assinalado culto. Igualmente, valiosa
contribuição para reacender a chama irradiante do festejado orgulho nacional.
0 Comentários:
Enviar um comentário
<< Página Principal