36. APONTAMENTO DE
BRASILINO GODINHO
04 de Dezembro de 2017
04 de Dezembro de 2017
“MARCELO ESTÁ A EXERCER O MANDATO
ATRAVÉS DAS TELEVISÕES”
A frase não é minha. Vem citada
na imprensa de ontem. É seu autor Diogo Freitas do Amaral.
E traz-me confirmação de algo que
tenho escrito nos dois últimos anos. Também a lembrança dos tempos das vacas
magras e das vacas gordas, respectivamente de Salazar/Caetano e de pós-25 de
Abril de 1974. Também das vacas loucas da era cavaquista.
No primeiro caso o exercício
presidencial do general António Óscar de Fragoso Carmona durante o período de
1926-1951. Ao presidente Carmona ninguém via nas ruas. Raramente aparecia em
cerimónias oficiais. Pouco discursava. Passava os dias e as noites no Palácio
de Belém. Desconfiava-se que a jogar às cartas e ao dominó com o major
Esmeraldo Carvalhais, chefe da sua Casa Militar. Quando visitava alguma cidade
acontecia ser recebido com pompa e circunstância. Era um acontecimento citadino
que ficava na memória das gentes contempladas com a deferência presidencial.
Sucedeu-lhe o presidente
Francisco Higino Craveiro Lopes (Período de 1951 a 1958). Este general foi um
discreto supremo magistrado da Nação. Seguiu o padrão de exercício da função
presidencial do seu antecessor, Óscar Carmona. A relação com Oliveira Salazar
foi tensa e esteve à beira de rotura institucional.
Depois, a sucessão, por escolha
de Oliveira Salazar, recaiu num almirante a quem coube a qualificação de venerando
Chefe do Estado. O presidente Américo Deus Rodrigues Tomás (Período de 1958 a 1974),
precedendo habituação de caça às perdizes no Alentejo, enquanto Ministro da
Marinha, de um governo salazarista, mostrou-se viajador e marcou o seu mandato
com a exaustiva prática de discursatas memoráveis e de exemplares modalidades de
actuação próprias de exímio corta-fitas de exposições, de inaugurações e de
entradas triunfais em diversos festivais de folclore sociopolítico...
A seguir à Revolução dos Cravos o
general Francisco da Costa Gomes (Período de 1974 a 1976) mantinha-se sereno na
Presidência da República ocupado em deitar água na fervura que ocorria
diariamente no meio político e a actuar
como bombeiro mobilizado no combate aos focos incendiários que decorriam do
PREC (Processo Revolucionário em Curso).
Aprovada a nova Constituição da
República é eleito o presidente António Ramalho Eanes (Período de 1976 a 1986) que
exerceu o mandato de forma recatada à semelhança do general Francisco Higino Craveiro
Lopes.
A suceder a Ramalho Eanes houve a
presidência de Mário Soares (Período de 1986 a 1996). Este presidente foi um
viajante infatigável que com tantas viagens e acompanhamentos de numerosas
comitivas - que lhe davam a estaleca de portentoso chefe de um Estado, por
sinal e condição pelintra, como é a caracterização identitária de Portugal -
muito terá onerado o Erário e afectado a balança de (não)pagamentos ao
exterior.
Ao presidente Soares sucedeu o presidente
Jorge Sampaio (1996 a 2006), viajante, palrador, dotado da invulgar propriedade
específica de discursar melhor em inglês do que em português; sobremodo
destacado como grande impulsionador da indústria de medalhas. Nunca em Portugal
um presidente terá distribuído tantos milhares de peças da medalhística
nacional como este presidente as distribuiu por quase todos os seus irmãos lisboetas
da fraternidade, dona disto tudo, de que é um dos mais emblemáticos membros. Grandiosa
e imponente terá sido a factura paga pelos contribuintes…
Veio a seguir a presidência da
cavacal figura (Período de 2006 a 2016) – a tal senhoria da mastigação pública
do pastel de nata e da esquisita condecoração ao jovem costureiro de sua
esposa. Aí aconteceu o desastre súmula das desgraças que nos têm atingido:
umas, de natureza representativa e pouco diplomática que protagonizou em palcos
nacionais e estrangeiros; outras, de espectro e abrangência político/partidária
que deu azo a Portugal decair e ser arrastado para a malvadeza em que se
traduziu a prática governamental da tenebrosa austeridade, de que foi fervoroso
adepto e mentor-mor.
Agora exerce a Presidência da República
Marcelo Rebelo de Sousa (Desde de 2016). Levou dez anos a actuar como animador
televisivo de serões dos domingos, empenhado na campanha eleitoral que o
guindou ao alto cargo da república que temos em velocidade e trajecto de
cruzeiro atribulado entre mares de fogos incendiários, dilúvios ocasionais e
pequenos sismos localizados em Lisboa; os quais, por enquanto, acontecem no espaço
envolvente dos palácios: de S. Bento e de Belém…
Um parêntesis: Quem for religioso
que reze para não vir um terramoto de origem vulcânica… Desta natureza, eles
vão ocorrendo por todo o Mundo.
E para enfrentar as calamidades
que eles provocam não consta haver provisões no Orçamento do Estado…
Mas voltando a Marcelo: Andou dez
anos a ser pago pelas Televisões. Agora dá a ideia de que está retribuindo a
bondade dos honorários recebidos; visto que com as suas actuações (agora
diárias, por vezes de manhã, tarde e noite) frente às câmaras televisivas, as Televisões
estão obtendo as correspondentes retribuições advindas dos preenchimentos dos
programas com os tempos de antena do presidente Marcelo; em que este, sem
direito a honorários, continua sua festejada campanha eleitoral em que está
convertido o exercício do mandato através das televisões – como observava outro
habitual comentador televisivo, em tempos parciais: Diogo Freitas do Amaral.
Presidente Marcelo a
banhos nos Açores
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