47. APONTAMENTO DE
BRASILINO GODINHO
13. de Dezembro de 2017
13. de Dezembro de 2017
FENÓMENOS DE LISBOA…
01. Durante séculos os portugueses foram doutrinados
pela Igreja Católica. A partir da Constituição de 1933 começou, com o Estado
Novo, a consolidar-se a doutrinação política imposta por António Oliveira
Salazar. Iniciou-se o culto da personalidade salazarista. Fazia-se crer aos
portugueses que o Chefe da Revolução Nacional se sacrificava ao serviço da
Nação. E se o cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira houvesse dado uma ajudinha,
talvez Salazar tivesse sido canonizado e hoje seria venerado nos altares.
Diga-se, em abono da verdade, que ele não se aproveitou da função governativa para
enriquecer.
Escrito isto há que fazer o registo de que os mentores
do actual regime quando hoje muito falam do sacrifício que fazem no exercício
da governação, estão aproveitando um exemplo que até, em comparação, não lhes é
favorável, nem abona a hombridade sociopolítica de cada um deles.
Não obstante, desenvolvem com afinco essa doutrinação
política com acentuado cunho interesseiro e obscuro aproveitamento de natureza
oportunista.
02. O que no nosso tempo de falaciosa democracia portuguesa
vem sucedendo neste capítulo corresponde a intrincados e repetitivos fenómenos
de Lisboa, que trazem a lembrança dos fenómenos do Entroncamento; cujo ciclo
parece ter sido encerrado. Com uma variante: enquanto os fenómenos do
Entroncamento eram de vária espécie e de periodicidade irregular, estes fenómenos
lisboetas são semelhantes e acontecem com uma regularidade espantosa, a que
pouca gente dá atenção ou importância; talvez por se terem tornado o pão nosso
de cada dia.
03. Sintetizando os fenómenos de Lisboa: a crer, com
alguma ingenuidade, no anúncio dos políticos e governantes se sacrificarem na
Assembleia e no Governo e ganharem tão pouco que mal dá para algumas
extravagâncias nos Estoris, nos Algarves, em Paris, Roma, Londres e Nova Iorque,
por que razão eles, sem lógica e coerência, manifestam tanta apetência pelos
altos cargos do Estado? E mais intrigantes se representam tais fenómenos
sabendo-se que, geralmente, as excelências se fazem acompanhar na governança pelas
mulheres, filhas, filhos, irmãos, irmãs, sobrinhos, sobrinhas, primos e, (quem
diria?) às vezes, até pelas sogras e sogros…
04. Ao que julgamos saber os fenómenos do
Entroncamento nunca foram objecto de estudos científicos; mas estes, de Lisboa,
deveriam ser urgentemente estudados por gente competente e isenta, a Bem da
Nação. Mas, sobretudo(…) para ser alcançado o razoável equilíbrio
psíquico-somático das numerosas famílias instaladas em sede governamental. Urge
haver consciência de que será difícil preservar o repousante ambiente global do
numeroso, multiforme, grupo de governais, em clima de estabilidade ministerial
e da melhor convergência dos díspares humores conjugais e familiares. Aliás,
não se conhece corpo especializado em tarefas de limpeza atmosférica e de
combate a fogos na grande casa do Governo…
Isto constitui um negro e perturbante quadro; o qual
induz a hipótese de continuar “tudo como dantes, quartel-general em Abrantes” –
cidade que todos sabem estar localizada a dezenas de quilómetros a norte da
alfacinha capital do reino da bicharada instalado na parte ocidental da
Península Ibérica.
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