DEBATE
ELEITORAL
COELHO
VERSUS COSTA
Brasilino
Godinho
09
de Setembro de 2015
O
debate de logo, à noite, é um pró-forma televisivo.
Porquê?
Por
que o vencedor já está encomendado. Recomendado. Conhecido. Apurado.
Proclamado
urbi et orbi, pelos palestrantes das
televisões e comentadores alinhados com os grandes chefes Passos Coelho e Paulo
Portas.
Decerto
que é um fenómeno esquisito como são todos os fenómenos. A evidenciar que se dantes
aconteciam os fenómenos do Entroncamento, agora os fenómenos ocorrem em Lisboa.
Geralmente no reino onde se situam o pomar alaranjado, o quintal paulino do
Largo do Caldas e os Palácios do Terreiro do Paço, de S. Bento e de Belém;
todos localizados em Lisboa.
Os
leitores atentos já se aperceberam que, ainda não se tendo realizado o debate
entre Passos Coelho e António Costa, já o professor Marcelo nas suas charlas
dominicais vem explicando por a mais b que Coelho será o vencedor
incontestado do famigerado encontro televisivo de 09 de Setembro (na noite de
hoje).
Pelo
mesmo diapasão afinam os conhecidos, avençados, comentadores das televisões e
cronistas dos diários e semanários nacionais, totalmente devotos dos cultos
coelhal e paulino; melhor dizendo: fiéis seguidores dos grandes doutrinadores
Passos Coelho e Paulo Portas e, por de mais, incansáveis entusiastas das
políticas da coligação.
Em
simultâneo, as sondagens dão um oportuno jeito, abrem caminho propício e
insinuam que Costa perderá o debate.
Portanto,
hemos de nos convencer que logo, após o término da transmissão, vai ser um
festival de exaltação do desempenho de Passos Coelho.
E
por muito extraordinária que seja a intervenção de António Costa toda aquele
grupo de comentadores alinhados com a coligação vai dizer que ele, António Costa,
não chegou aos calcanhares de Passos Coelho. Assim está concebido o guião da
parte final do evento televisivo.
Ontem
mesmo tivemos uma antevisão do que sucederá hoje.
No
debate entre Catarina Martins e Paulo Portas, uma hora depois do termo do mesmo
já surgiam nas redes sociais e nas edições online dos diários e semanários de
Lisboa comentários do género: Portas esteve melhor que Catarina e levou-a
várias vezes ao tapete.
Porém,
a realidade foi bem diferente. Até o insuspeito Santana Lopes classificou de
muita boa a prestação de Catarina e disse que tinha gostado de a ver e ouvir.
Quanto a Portas, Santana Lopes foi mais comedido e reservado nas apreciações.
Pela
nossa parte dizemos que Catarina Martins esteve brilhante e bem documentada.
Apreciei! Portas apresentou-se municiado com a estafada cassette da Grécia, de Tsipras e do Syriza e usou-a como se fosse
uma metralhadora a que recorria por tudo e por nada. E alongou-se demasiado nas
intervenções apesar da moderadora Ana Lourenço insistir que estava excedendo-se
na contagem do tempo. A que Portas correspondia com as repetitivas observações:
“deixe-me acabar”, “vou acabar já”. Só que, usando o expediente de chico
esperto, continuava sem acatar a regra convencionada das falas de cada um dos
competidores. E foi no uso e abuso de tais expedientes, falhos de ética e de
escrutínio democrático, que Paulo Portas marcou a vantagem dos tempos
abusivamente consumidos – o que deve ser considerada indecente.
Portanto,
logo, à noite, estejamos com atenção aos sinais enganadores e aos dois
espectáculos: o do debate e o do teatro/circo.
Teatro/circo
onde se desenrolarão as actuações dos prestidigitadores que vão tirar o coelho
das respectivas cartolas. Outrossim, onde irão ter lugar outras cenas, eventualmente,
chocantes desempenhadas pelos comentadores que, regra geral, substituem com
indisfarçável satisfação e ardor as claques apoiantes de Coelho e de Portas.
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