Pedro Passos
Coelho,
risonho,
contemplando embevecido o umbigo e felicitando-se a si próprio, disse:
Por
acaso, a ideia foi minha!
Brasilino Godinho
Depois da tempestade… Os cuidados de prevenção.
A ideia foi minha. Mas, psiu!
É que sou muito recatado…
01.
A ideia coelhal teria sido traduzida em letra de forma e de conclusão no acordo
entre o Eurogrupo e a Grécia, celebrado no domingo transacto.
Passos
Coelho, após a notícia do acordo, não perdeu tempo a pôr-se nos bicos dos pés e
a vangloriar-se do que seria o seu grande feito.
E
fê-lo na mesma altura em que era publicada a entrevista do ex-ministro das
Finanças Vourofakis à New Statesman em
que o político grego revela que os governos de Portugal e Espanha têm sido os
mais acérrimos adversários de qualquer acordo com o governo grego.
02.
A declaração de Passos Coelho tem causado grande alarido nas redes sociais e
sido muito ridicularizada.
03.
Mas anda meio mundo distraído.
Ou
será que ninguém se apercebe da realidade que Passos Coelho carrega no corpo e
na alma hã imenso tempo?
04.
Se muitos comentadores o reprovam e se é opinião generalizada que o
assentimento ou a convergência com a Grécia é um mau acordo ou um não acordo, é
por de mais evidente que a ideia só poderia provir da privilegiada mente de
Passos Coelho. Porquanto, ele é o grande especialista das más ideias: sejam
elas de aplicação nacional ou internacional.
05.
Se em tal domínio da desgraça da Grécia há que aplaudir Passos Coelho, então
faça-se-lhe o elogio de ter sido em Bruxelas, mais uma vez, igual a si mesmo.
Desta vez, em decorrência de sua iniciativa pessoal, com retumbância em
Portugal. O que na actual temporada eleitoral veio dar muito jeito de animação
às hostes que seguem Passos Coelho nas suas contínuas andanças pelo país e nas
travessias do Cavaquistão.
06.
Sobretudo que seja um aplauso que disfarce a desilusão provocada pela
indiferença com que os povos europeus acolheram a iniciativa da coelhal figura.
Aliás,
mais correcto será dizer que a façanha
de Passos Coelho passou inteiramente despercebida na Grécia e nos outros países
da Europa.
Mesmo
em Portugal, se não fora Coelho puxar pelos corroídos, esfarrapados e cinzentos
galões, nada constaria nos programas dos circenses espectáculos de diversão
televisivos e nas folhas impressas da Comunicação Social.
07.
Até neste reconhecido aspecto de o chefe do governo ser uma espécie de animador
de serviço da dolorosa pasmaceira nacional e dos grotescos espectáculos do
circo político, há que celebrar a sua vocação e bater palmas aos bacocos
desempenhos de sua excelência. Também dessa activa excelência dar recomendação
ao presidente Cavaco Silva no sentido de a recompensar com uma qualquer comenda
em que sejam bem nítidos os desenhos da torre do castelo em que ele se
alcandorou e da espada como símbolo maior do que tem sido o seu ardor guerreiro
contra a malta sitiada no campo da classe média e dos inválidos da república:
os deserdados da sorte, os funcionário públicos, os pensionistas, os
reformados, os sem abrigos da governança e os idosos, tidos como incapazes,
inúteis e pesos mortos da sociedade.
08.
Por último, hemos de tomar nota que Passos Coelho, voltou a enganar os
portugueses quando disse que “por acaso, a ideia foi minha!
É
que se a ideia foi dele não terá sido por casualidade, por sorte ou por azar.
As más ideias estão acomodadas nas suas faculdades de alma e a qualquer momento
podem ser dadas a público ou postas em prática governativa – como se tem
verificado nos últimos quatro anos.
0 Comentários:
Enviar um comentário
<< Página Principal