Ainda
acompanhando as 'Lições' do
Professor
Doutor Paul De Grauwe
por
Brasilino Godinho
Os
portugueses mais empenhados em recuperar o país da degradação a
que chegou e muitos outros cidadãos que vivem perseguidos,
sofredores, ofendidos e, sobretudo, atormentados pelas terriveis
condições de sobrevivência que lhes foram impostas - pelo tal
grupo de meninos, assim identificados pelo escritor António Lobo
Antunes, que andam por aí, na região de Lisboa, bastante alegres,
com sorrisos obscenos estampados nos pálidos, comprometidos, rostos
e, por demais, entretidos na parada da paródia de se atribuírem a
si próprios a qualificação de políticos e de governantes - todos,
indistintamente, quaisquer que sejam os graus de instrução, a
classe, a raça, a religião, o partido de simpatia, afinidade ou
militância, se bem formados moral e civicamente, dispõem agora de
um conjunto de elementos do certeiro diagnóstico da situação
político/administrativa e de sugestões/orientações de
procedimentos externos e internos, apresentado por uma qualificada
personalidade estrangeira merecedora do maior crédito e
respeitabilidade.
Atendendo
ao momento e às circunstâncias existentes devemos mostrar-nos
agradecidos a Paul De Grauwe por ter vindo a Portugal prestar-nos
esse serviço que, facilmente, se confunde com amparo e incentivo aos
portugueses para que despertem para a realidade que os asfixia e os
encaminha para o colapso.
Tudo
atrás dito para sublinharmos a nova 'Lição' de Paul De Grauwe,
expressa na entrevista inserida na edição de ontem (dia 12 de
Novembro de 2013), do 'Diário Económico'.
Desta
entrevista havia muita matéria a merecer grande destaque.
Mas
para não alongar este apontamento, limito-me a registar o seguinte
trecho:
«...
é irrealista continuar a fazer coisas que não funcionam. A certo
ponto a legitimidade do Governo desaparece porque as pessoas não
podem ter um Governo que impõe tantos sacrifícios basicamente para
ter aplausos de Bruxelas e de Frankfurt. Espero que o Governo perceba
que tem de representar os interesses de Portugal».
CHChamo
a atenção para as expressões usadas por Paul De Grauwe:
- "é
irrealista continuar a fazer coisas que nâo funcionam";
-
"um governo que impõe
(meu realce) tantos sacrifícios";
- "para
ter aplausos de Bruxelas e de Frankfurt";
- "Espero
que o governo perceba que tem de representar os interesses de
Portugal".
Acrescento um
comentário:
As afirmações
do conhecido economista belga demonstram a visão de um estrangeiro
não alinhado, nem conivente com o poder, sobre a crise avassaladora
que se vive em Portugal.
Fica
assinalado que persistir no erro releva de ignorância, de
incongruência, de estupidez.
É
dito que o governo impõe
tantos sacrifícios, enquanto no habitual discurso dos governantes e
dos seus publicitários de serviço, se fala sempre de que os
sacrifícios foram ou são pedidos aos portugueses - o que traduz uma
grande hipocrisia e um não menor cinismo. Também uma clamorosa
desfaçatez.
O que se
chama fazer o mal e a caramunha.
Na
intervenção de Paul De Grauwe anota-se a denúncia do
posicionamento de total subserviência do governo português (o que
é bem apercebido a nível internacional e nos deve deixar
profundamente envergonhados) face a Bruxelas e a Frankfurt,
procurando o aplauso do poder e do capital estrangeiros - o que
consegue à custa da escandalosa imposição de tremendo sofrimento
ao amargurado, debilitado, povo português. Está feito o retrato:
governo fraco, cobarde e submisso perante os fortes; arrogante,
ardoroso e opressor para com os débeis e carenciados.
Quanto à
esperança de Paul De Grauwe (esperar que o governo perceba que tem
de representar os interesses de Portugal): infelizmente, bem pode
esperar sentado...
Até porque a
tal grupo, de coelhal formatação, travestido de governo, falta a
capacidade (igualmente, o empenho) de perceber seja lá o que for
admitido como de superior interesse da grei portuguesa.
Em jeito de
rodapé direi que os meus habituais leitores certamente que
encontrarão bastantes pontos de convergência da fala de Paul De
Grauwe com tudo aquilo que, há anos, venho expondo, nas minhas
crónicas de opinião:
- sobre a
caracterização dos políticos de aviário que nos calharam nas
rifas eleitorais;
- sobre as
incríveis actividades governamentais;
- sobre o
desastrado evoluir da situação política em Portugal.
Fim
0 Comentários:
Enviar um comentário
<< Página Principal